Baixo Pinheiros ganha balada 'caribenha underground'

Mu-vu-ca. Numa quinta-feira, a esquina das ruas Cunha Gago e Álvaro Anes, no Baixo Pinheiros, pode somar 600 pessoas. Às vezes mais. O Kingston, boteco com cara de improviso, é na verdade fachada para uma balada pouco convencional. Ou melhor, para uma balada "caribenha underground".

A definição é de Felipe Scarpa, 30, arquiteto que fundou o CityLights (hostel que, de tão movimentado, converteu-se em espaço de eventos), o Mr. Poke (tuk tuk baseado no prato havaiano que virou ponto fixo e ganhou endereço nos Jardins) e o BotaniKafé Bowls & Toasts (que serve brunch o dia inteiro, de quarta a domingo). Agora, ele comanda a implementação do Kingston Club.

"Foi por acaso", diz ele. "O Psiu [Programa Silêncio Urbano] estava reclamando das festas no CityLights, o Bar Secreto desistiu do imóvel e uma coisa levou à outra: pegar essa casa que tem acústica, acessibilidade, saída de emergência e já era uma balada completa", conta o empreendedor. Se bem que, vale a pena lembrar, completa, completa a coisa ainda não está.

Hoje, um balcãozinho voltado para a rua solta gim tônicas (R$ 20), mojitos (R$ 18) e negronis (R$ 23), chope (Goose Island, R$ 20), cerveja de garrafa (R$ 12), Catuaba (R$ 8) e meia dúzia de drinques autorais que flertam com a coquetelaria tiki, de forte inspiração tropical.

Um exemplo é o kaya (rum, capim santo, hortelã e açúcar, R$ 18), outro é o day ow (rum infusionado com banana e canela, suco de laranja e cacau, R$ 18). Belisquetes? Nadica de nada. Pelo menos por ora.

"Vamos ter uma cozinha jamaicana. O ponto central vai ser o molho jerk, à base de shoyu, cebola, pimenta jamaicana e caiena. É como um molho barbecue forte, mais agengibrado. Vai servir pra asinha de frango, costelinha, milho assado. É para ficar no meio da mesa, pra galera ir comendo com a mão", adianta Scarpa, que já tem feito testes esporádicos no meio da rua mesmo.

O menu para ser comido no boteco e dentro do clube, porém, será lançado no mês que vem e trará ainda uma série de sanduíches. O único definido é o de filé mignon empanado em farinha panko, purê de banana da terra com curry e saladinha servido em brioche.

A cozinha será peça-chave na construção de uma imagem alternativa de Jamaica, assim como o ambiente carregado mais em tons pastéis do que no trio verde, amarelo e vermelho consagrado por Bob Marley e o leão de jah. O que remete ao lado mais sombrio da capital do país, Kingston. "É a cidade, é o crime, não só o reggae feliz, mas aquele reggae mais soul, que quase ninguém conhece", complementa o idealizador.

A casa contará ainda com exposições de arte itinerantes, DJs convidados (os artistas plásticos Osgemeos já deram sua contribuição) e, especialmente, bandas pouco faladas -Brasilites, Makina Kandela, Monty Vibe... As festas já estão rolando, mas "under construction". Às vezes numa terça, outras numa quinta, divulgadas basicamente no boca a boca e nas redes sociais.

"Não é lugar de maconheiro, mas, sim, de uma galera bem hypezinha, que trocou a Vila Madalena pelo Baixo Pinheiros e está pipocando muito", define Scarpa. ⋆

Kingston


R. Álvaro Anes, 97, Pinheiros, s/tel.

Publicidade
Publicidade