Dono de um império gastronômico que inclui mais de 30 bares e restaurantes em sete países, três estrelas Michelin e até um prêmio Emmy, o chef austríaco-americano Wolfgang Puck, 69, nunca havia sequer pisado na América do Sul. A lacuna no passaporte foi preenchida nesta semana, graças ao convite de outro superchef, o argentino Francis Mallman.
Convidado frequente nos churrascos de verão que Puck promove em seu restaurante no hotel Bel-Air, em Los Angeles, Mallman abriu a cozinha de restaurantes no município de Garzón, no Uruguai, para o amigo austríaco realizar dois eventos.
O primeiro foi um almoço promovido na sexta (18) no restaurante da vinícola Bodega Garzón, do qual Mallman é consultor. O segundo foi na noite deste sábado (19), na cozinha do Garzón, de onde o argentino é chef.
Em ambos, Puck oferece o mesmo menu de seis tempos com pratos servidos no Spago, em Los Angeles, sua primeira e mais festejada casa. O valor (US$ 200) inclui harmonização com vinhos da Bodega Garzón.
Batizada por Puck de "californian cuisine", a culinária oferecida no Spago tem influência das múltiplas culturas que constróem a cidade de Los Angeles, além de valorizar os ingredientes locais –uma tendência gastronômica atual que Puck exerce desde 1982, quando abriu o local. "Acredito que a cozinha deva ser uma expressão da região e das pessoas que moram ali", disse, em conversa com a Folha.
Por isso, os pratos oferecidos nas refeições foram adaptações de receitas do Spago com ingredientes encontrados em Buenos Aires e no Uruguai. "A única coisa que trouxemos dos Estados Unidos foram as trufas negras", conta.
O menu começa com a pizza de salmão defumado, receita icônica do Spago. Em seguida, aparecem outros pratos, como o gelo de erva-cidreira servido em uma casquinha de limão com sashimi de linguado e pérolas de tapioca marinada, e o nhoque de ricota e ovo perfeito servidos com trufas negras. Para finalizar, outro prato querido da público, o kaisershmarren, uma espécie de panqueca austríaca, desta vez preparado com morangos, uva-passa e uma calda de morango e doce de leite.
Prestes a completar 70 anos, Puck conta que seu próximo plano é pegar o diploma da Business School, em Harvard. Por ter deixado a casa dos pais aos 14 anos, ele nunca terminou o ensino médio. "Há alguns anos, falei em uma entrevista para um jornal que meu sonho era ter um diploma da Harvard", conta. "No dia seguinte, o reitor me ligou para perguntar quando eu começaria", diverte-se.
E planos com a agora conhecida América do Sul? "Ainda não tenho nenhum projeto concreto para cá, mas São Paulo certamente seria o endereço certo para uma casa minha", diz.
A jornalista viajou a convite da Bodega Garzón.