Com Caetano, Gil e Daniela Mercury, bloco afro mais antigo do país vai eleger nova rainha em Salvador

Nessa cidade todo mundo é d'Oxum, mas só uma mulher veste o manto de deusa do ébano. Criada pelo Ilê Aiyê há 40 anos para fortalecer a autoestima feminina, a Noite da Beleza Negra movimenta o Curuzu e comunidades soteropolitanas nos pré-Carnavais.

Anualmente, o concurso de beleza afro coroa a deusa —ou rainha— do bloco. Ao contrário de "misses" convencionais, entretanto, a musa do Ilê não pode ser apenas linda. Quesitos como atitude e consciência sobre a luta por igualdade racial entram na avaliação do júri.

André Frutuoso/Divulgação
Jéssica Nascimento dos Santos, 20, a atual rainha do bloco baiano Ilê Aiyê). (Foto: André Frutuoso/Divulgação)
Jéssica Nascimento dos Santos, 20, a atual rainha do bloco baiano Ilê Aiyê

"Na infância e na adolescência, nós passamos por todas as brincadeiras preconceituosas. A partir dos cinco [anos], a gente já consegue
entender as discriminações, as piadas. De repente, essa criança negra começa a se odiar. E tudo que possa embranquecer a gente, a gente quer."

As lembranças de Jéssica Nascimento dos Santos, 20, felizmente divergem de seu novo discurso. "Vivi uma transformação", conta a atual deusa. "Hoje eu me reconheço como uma mulher negra, empoderada, orgulhosa de suas raízes."

No sábado 16/2, ela cederá o manto de rainha na sede do bloco, com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Daniela Mercury como atrações (pista: R$ 60).

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