Das nove às seis

- Bom dia.
- O braço melhorou?
- Quem deixou esse bilhete?
- Pera eu só lavar a mão.
- Alguém aí tem analgésico?
- Meu, a Rebouças tá parada!
- Vamos tomar um café?
- Li o conto que você falou. Lindo.
- Nossa, ontem fui comprar pão e levei o cachorro comigo. Amarrei ele num poste, comprei pão, Coca. Aí fui pra casa e jantei com a família. Depois fomos ver tevê. Já tava quase no final de um filme quando ouço um chorinho de cachorro lá fora. Eu tinha esquecido o cachorro na padaria!
- Tem um lápis sobrando?
- Não consigo fechar esse release.
- Alguém trocou a tinta da impressora?
- O papel acabou.
- Não tem molho de pimenta?
- Depois preciso pagar uma conta.
- Esse meu dedo é de ferro. É uma prótese de ferro. Juro. Eu tava acampando no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, e cortei o dedo com o facão. Meu cunhado me levou pro hospital. Não tinha médico. Um enfermeiro me atendeu e botou essa prótese de ferro. Por isso não fico tomando muito banho. Pra não enferrujar.
- Eu não devia fazer isso, mas vou comer um pudim.
- Seu sobrenome é Tronca?! Parece de atriz pornô.
- Agora tô ocupado.
- Alguns gramáticos aceitam.
- Lembra Graciliano.
- Com ou sem açúcar?
- Lê aí meu horóscopo.
- Oito a um?!
- Ele falou que tem um dedo de ferro!
- O papo tá bom mas eu tenho que subir.
- Quero que ele morra.
- Ela não quer colocar o ano de nascimento?
- Churros é espanhol.
- Preciso de um café.
- Posso ir no banheiro antes?
- Caixeiro-viajante tem hífen?
- Que luz bonita!
- Não acredito que cê esqueceu o cachorro na padaria!
- Tô com uma fome! Não almocei direito hoje.
- Pedro e Miguel. O Miguel é o mais velho.
- Cara, dicionário de sinônimos é um tesão, né?
- A coleira levaram.
- E chove...
- Como eu faço pra chegar no Unibanco às sete?
- Alguém encara um último cafezinho?
- Um extraordinário fim de semana pra vocês!
- Ufa, foi pra gráfica!
- Vamos almoçar depois?
- Quê?
- Ai!