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19/07/2010 - 10h05

Reforma parcial devolve aos paulistanos a biblioteca Mário de Andrade

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GABRIELA LONGMAN
JULIANA VILAS
DE SÃO PAULO

Intensificar a relação com a cidade. Esse parece ser o propósito da modernização da Biblioteca Mário de Andrade, que reabre parcialmente suas portas na quarta-feira depois de quase três anos fechada para reforma. A seção Circulante volta a ocupar o prédio, com 42 mil volumes para empréstimo, 130 lugares em mesas de estudo e uma sala para a nova Coleção São Paulo --um conjunto de mil livros sobre a cidade disponíveis para consulta.

Maria do Carmo/Folhapress
Biblioteca Mário de Andrade, que reabre parcialmente suas portas depois de quase três anos fechada
Biblioteca Mário de Andrade, que reabre parcialmente suas portas depois de quase três anos fechada para reforma

Dispostos lado a lado, um ensaio fotográfico de São Paulo em 1900, um livro contando a história do Teatro Oficina ou um tratado sobre as plantas mais comuns na região metropolitana podem satisfazer a ânsia de conhecimento de pesquisadores e curiosos.

"A ideia é passar por todos os temas que envolvem: arquitetura, história, economia...", explica William Okubo, diretor do acervo. "Quando alguém estiver passeando no centro e gostar de um prédio, poderá vir direto à biblioteca saber mais sobre ele."

Segundo a diretora da instituição, Maria Christina de Almeida, institutos de pesquisa como Sebrap ou Instituto Pólis estão sendo procurados para que seus estudos sobre a metrópole estejam disponíveis no novo espaço.

As medidas arquitetônicas parecem implementar um diálogo do interior da biblioteca com o entorno. Um corredor de vidro foi construído para interligar a Circulante à torre principal (ainda em reforma), onde ficam guardados mapas, obras de arte e os cerca de 300 mil volumes do acervo fixo.

Os passantes que atravessam o corredor veem e são vistos pelos passantes que caminham na calçada do lado de fora numa espécie de jogo. "Esse projeto teve por objetivo recuperar o caráter público do edifício. O plano é que ele volte a se relacionar com a praça de novo, com os cafés, com as passagens, com o teatro que está em volta", diz a arquiteta Renata Semim, uma das responsáveis pelo restauro e reforma do conjunto.

Nas salas que serão reinauguradas na quarta-feira, dia 21, chama atenção o contraste bem-sucedido entre o mobiliário de madeira antiga (restaurada) e as modernas estruturas de iluminação das mesas.

Um espaço foi reservado para receber atividades culturais --lançamentos, debates, leituras dramáticas. No próximo dia 26, por exemplo, o cineasta Ugo Giorgetti vai à biblioteca falar sobre a produção cinematográfica em São Paulo. "Queremos trazer os velhos frequentadores de volta à biblioteca", diz a diretora.

Voltam os empréstimos

Criada em 1944, a coleção Circulante deixou o prédio da Mário de Andrade em 1975. Desde então, ocupou diversos endereços. O retorno a Mário de Andrade só foi possível porque o acervo fixo --que não cabia mais no edifício-- ganhou um prédio "anexo", o antigo edifício do Ipesp (Instituto da Previdência do Estado de São Paulo), que agora pertence à prefeitura e está sendo reformado para abrigar o acervo de periódicos (cerca de 2,8 milhões de fascículos).

Os trabalhos com o acervo fixo incluem limpeza, nova catalogação, digitalização e reforço de questões de segurança. Ninguém quer lembrar os acontecimentos de 2005, quando gravuras e documentos históricos foram roubados.

Ranking dos maiores acervos municipais no centro

  • Mário de Andrade - 302 mil (dos quais 42 mil estão disponíveis)
  • Centro Cultural São Paulo - 140 mil
  • Monteiro Lobato - 63.113
  • Raul Bopp - 39.412


Fonte: Secretaria Municipal de Cultura

Déficit nas bibliotecas é preocupante

Um levantamento do Observatório Cidadão, do Movimento Nossa São Paulo, comparou o acervo municipal de livros adultos e mostrou que a região central é a única em que a relação de obras disponíveis por habitante é maior do que um. Atinge 1,8.

"É praticamente impossível acabar com o déficit literário na cidade ou atingir a marca de dois livros por habitante, índice que a Unesco define como ideal. Exigiria um investimento monstruoso, mesmo que a cidade parasse de crescer", diz Maria Zenita Monteiro, coordenadora do Sistema Municipal de Bibliotecas.

A média em toda a capital é 0,24 livro/habitante, mas chega a zero em três áreas: São Mateus, Cidade Ademar e M' Boi Mirim. As bibliotecas com acervos mais completos estão, de fato, no centro. São as mais antigas, segundo Maria Zenita Monteiro, criadas antes de a cidade crescer tanto. "Como construir prédios públicos é caro e moroso, criamos os pontos e bosques de leitura", explica.

Uma vez por ano, no mínimo, novos exemplares são adquiridos pela rede municipal. Desde 2005, R$ 7 milhões foram investidos nas reformas de 37 bibliotecas e R$ 9 milhões na compra de novos livros --além de R$ 1,5 milhão em jornais e revistas.

Depois da Mário de Andrade, o segundo maior acervo é o do Centro Cultural São Paulo (CCSP), que recebe de 900 a mil pessoas por dia.

As duas maiores bibliotecas oferecem fácil acesso, estão próximas a estações de Metrô e situadas em avenidas com grande circulação de ônibus. Especialistas garantem, entretanto, que bibliotecas públicas, para atrair mais leitores, devem estar nos bairros e ter identificação social com as comunidades.

 

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