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Reforma parcial devolve aos paulistanos a biblioteca Mário de Andrade
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GABRIELA LONGMAN
JULIANA VILAS
DE SÃO PAULO
Intensificar a relação com a cidade. Esse parece ser o propósito da modernização da Biblioteca Mário de Andrade, que reabre parcialmente suas portas na quarta-feira depois de quase três anos fechada para reforma. A seção Circulante volta a ocupar o prédio, com 42 mil volumes para empréstimo, 130 lugares em mesas de estudo e uma sala para a nova Coleção São Paulo --um conjunto de mil livros sobre a cidade disponíveis para consulta.
Maria do Carmo/Folhapress |
Biblioteca Mário de Andrade, que reabre parcialmente suas portas depois de quase três anos fechada para reforma |
Dispostos lado a lado, um ensaio fotográfico de São Paulo em 1900, um livro contando a história do Teatro Oficina ou um tratado sobre as plantas mais comuns na região metropolitana podem satisfazer a ânsia de conhecimento de pesquisadores e curiosos.
"A ideia é passar por todos os temas que envolvem: arquitetura, história, economia...", explica William Okubo, diretor do acervo. "Quando alguém estiver passeando no centro e gostar de um prédio, poderá vir direto à biblioteca saber mais sobre ele."
Segundo a diretora da instituição, Maria Christina de Almeida, institutos de pesquisa como Sebrap ou Instituto Pólis estão sendo procurados para que seus estudos sobre a metrópole estejam disponíveis no novo espaço.
As medidas arquitetônicas parecem implementar um diálogo do interior da biblioteca com o entorno. Um corredor de vidro foi construído para interligar a Circulante à torre principal (ainda em reforma), onde ficam guardados mapas, obras de arte e os cerca de 300 mil volumes do acervo fixo.
Os passantes que atravessam o corredor veem e são vistos pelos passantes que caminham na calçada do lado de fora numa espécie de jogo. "Esse projeto teve por objetivo recuperar o caráter público do edifício. O plano é que ele volte a se relacionar com a praça de novo, com os cafés, com as passagens, com o teatro que está em volta", diz a arquiteta Renata Semim, uma das responsáveis pelo restauro e reforma do conjunto.
Nas salas que serão reinauguradas na quarta-feira, dia 21, chama atenção o contraste bem-sucedido entre o mobiliário de madeira antiga (restaurada) e as modernas estruturas de iluminação das mesas.
Um espaço foi reservado para receber atividades culturais --lançamentos, debates, leituras dramáticas. No próximo dia 26, por exemplo, o cineasta Ugo Giorgetti vai à biblioteca falar sobre a produção cinematográfica em São Paulo. "Queremos trazer os velhos frequentadores de volta à biblioteca", diz a diretora.
Voltam os empréstimos
Criada em 1944, a coleção Circulante deixou o prédio da Mário de Andrade em 1975. Desde então, ocupou diversos endereços. O retorno a Mário de Andrade só foi possível porque o acervo fixo --que não cabia mais no edifício-- ganhou um prédio "anexo", o antigo edifício do Ipesp (Instituto da Previdência do Estado de São Paulo), que agora pertence à prefeitura e está sendo reformado para abrigar o acervo de periódicos (cerca de 2,8 milhões de fascículos).
Os trabalhos com o acervo fixo incluem limpeza, nova catalogação, digitalização e reforço de questões de segurança. Ninguém quer lembrar os acontecimentos de 2005, quando gravuras e documentos históricos foram roubados.
Ranking dos maiores acervos municipais no centro
- Mário de Andrade - 302 mil (dos quais 42 mil estão disponíveis)
- Centro Cultural São Paulo - 140 mil
- Monteiro Lobato - 63.113
- Raul Bopp - 39.412
Fonte: Secretaria Municipal de Cultura
Déficit nas bibliotecas é preocupante
Um levantamento do Observatório Cidadão, do Movimento Nossa São Paulo, comparou o acervo municipal de livros adultos e mostrou que a região central é a única em que a relação de obras disponíveis por habitante é maior do que um. Atinge 1,8.
"É praticamente impossível acabar com o déficit literário na cidade ou atingir a marca de dois livros por habitante, índice que a Unesco define como ideal. Exigiria um investimento monstruoso, mesmo que a cidade parasse de crescer", diz Maria Zenita Monteiro, coordenadora do Sistema Municipal de Bibliotecas.
A média em toda a capital é 0,24 livro/habitante, mas chega a zero em três áreas: São Mateus, Cidade Ademar e M' Boi Mirim. As bibliotecas com acervos mais completos estão, de fato, no centro. São as mais antigas, segundo Maria Zenita Monteiro, criadas antes de a cidade crescer tanto. "Como construir prédios públicos é caro e moroso, criamos os pontos e bosques de leitura", explica.
Uma vez por ano, no mínimo, novos exemplares são adquiridos pela rede municipal. Desde 2005, R$ 7 milhões foram investidos nas reformas de 37 bibliotecas e R$ 9 milhões na compra de novos livros --além de R$ 1,5 milhão em jornais e revistas.
Depois da Mário de Andrade, o segundo maior acervo é o do Centro Cultural São Paulo (CCSP), que recebe de 900 a mil pessoas por dia.
As duas maiores bibliotecas oferecem fácil acesso, estão próximas a estações de Metrô e situadas em avenidas com grande circulação de ônibus. Especialistas garantem, entretanto, que bibliotecas públicas, para atrair mais leitores, devem estar nos bairros e ter identificação social com as comunidades.
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