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27/07/2010 - 18h18

Crianças conhecem ópera e balé em matinê da Osesp só para elas

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JULIANA VILAS

A maior parte dos estudantes da rede pública que visitam a Sala São Paulo no programa de formação de público da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) está pisando pela primeira vez no gigantesco prédio na estação Júlio Prestes. Olhares atentos a todos os detalhes, do teto às poltronas, eles parecem embasbacados na sala de 950 m2.

No programa Descubra a Orquestra na Sala São Paulo, educadores levam alunos de diversas faixas etárias a ensaios abertos com a participação de atores que interagem com os instrumentistas e ajudam a aproximar a música erudita do universo infantil. Apesar de ansiosa, a plateia mirim faz silêncio e, antes de começar, conversa apenas aos sussurros.

Dias antes de entrar no ônibus para ir ao passeio, os professores fazem um curso com profissionais da Osesp e preparam os alunos. Talvez por isso seja possível organizar, sem muito tumulto, a entrada das cerca de 1.200 crianças à sala de concertos.

Leonardo Wen/Folhapress
Cerca de 1,2 mil alunos da rede pública leem o guia elaborado pela OSESP antes do concerto dedicado às crianças.
Cerca de 1,2 mil alunos da rede pública leem o guia elaborado pela OSESP antes do concerto dedicado às crianças

Enquanto aguardam o início do espetáculo, estudantes do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental se concentram no caderno cor-de-rosa com personagens da Turma da Mônica que traz informações sobre a orquestra, os instrumentos, a sala e a biografia de alguns compositores.

A primeira edição do caderno foi impressa este ano. "O objetivo é formar o público que vai consumir música clássica. Mas a gente percebe que o projeto vai além: desperta interesse por diversas áreas, como dança, arquitetura e história", observa o maestro Antonio Carlos Neves Pinto, coordenador dos programas educacionais da Osesp.

Além do Descubra a Orquestra, voltado para crianças de seis a 11 anos, são promovidos também espetáculos direcionados a adolescentes.

"Lago dos Cisnes"

A sãopaulo assistiu com a plateia mirim, no dia 18/6, ao "O Lago dos Cisnes", de Tchaikovsky, com a Orquestra Sinfoneta Fortíssima, do Tucca (Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer) e a Companhia Brasileira de Danças Clássicas. A atriz Patrícia Gasppar, na pele da personagem Operilda, narrava uma história que ajudava a explicar os passos de dança, o enredo da ópera e os instrumentos em cena.

O regente João Maurício Galindo também atuou. "Maestro, explica que é preciso tentar de novo conquistar a Odete e que ele não deve desanimar", pedia Operilda, referindo-se ao bailarino que vive o príncipe Siegfried, triste por ter sido ludibriado pelo feiticeiro.

As crianças acompanhavam tudo em silêncio. Vez ou outra, comentavam algo no ouvido de um colega. "Muitos acham que, se é para crianças, o concerto pode ser mais ou menos. De jeito nenhum, é padrão Osesp, o nível do repertório é escolhido a dedo", diz o regente.

Dias depois do espetáculo, em sala de aula, os professores propõem aos estudantes atividades relacionadas ao programa. "A maioria das crianças é carente de referências e não tem contato com muita diversidade cultural. Ficam maravilhadas ao ver algo totalmente diferente daquilo a que estão acostumadas, que é, em geral, um universo restrito ao gosto dos pais", diz Silvana Andrade, professora de educação artística de uma escola estadual no Jabaquara (zona sul) que levou uma turma de quase 120 alunos ao ensaio.

Antes de voltar para casa, um grupo de estudantes tentava imitar os passos das bailarinas na calçada do teatro. Intrigadas com o fato de as sandálias e os tênis não funcionarem como as sapatilhas de ponta, as meninas insistiam na tentativa de se equilibrar.

Janaína, 9, rodopiava e fazia os movimentos de braços. "Minha prima faz aula de balé e eu sei como é, igual às bailarinas daqui. Gostaria de fazer também, mas tudo bem, eu danço em casa, sozinha. E lá não é música de balé, então eu canto".

 

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