Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Acompanhe a sãopaulo no Twitter
30/08/2010 - 10h16

Parque às margens da represa Billings é apresentado na bienal italiana

Publicidade

NATÁLIA ZONTA
DE SÃO PAULO

Quando as portas da Bienal de Arquitetura de Veneza, na Itália, forem abertas neste domingo, gente de todo o mundo vai saber o que aconteceu num cantinho no extremo sul de São Paulo. Nas fotos serão vistos deques que avançam na água, passarelas de madeira, um campo de futebol, uma pista de skate e até um barco navegando ao fundo.

Maria do Carmo/Folhapress
imagem mostra o parque construído no assentamento Cantinho do Céu, às margens da represa paulistana
Imagem mostra o parque construído no assentamento Cantinho do Céu, às margens da represa paulistana

Mas só um olhar mais atento à área dedicada aos projetos brasileiros vai revelar o que está além desse parque às margens da represa Billings: casas humildes que até pouco tempo não sabiam o que era saneamento básico.

Essa viagem do Cantinho do Céu, na região do Grajaú, até Veneza teve início em 2008. Naquele ano, a prefeitura e o governo estadual começaram um projeto de reurbanização. A área ocupada na década de 1980 já acumulava 10 mil famílias e foi incluída em um programa de saneamento em áreas de manancial. Tratamento de esgoto e pavimentação estavam no topo da lista de intervenções orçadas em R$ 110 milhões. Lá no fim, o pedido de um parque.

"Sabíamos que precisávamos fazer uma área de lazer, mas ela ainda não estava definida", diz Marcos Boldarini, 36, arquiteto autor do projeto. As casas na parte baixa do terreno foram removidas por não poderem ser conectadas à nova rede de esgoto ou por estarem em área de risco. Com isso, foi descoberta uma nova paisagem.

Maria do Carmo/Folhapress
Outra fotografia que mostra o visual do parque que fica no assentamento Cantinho do Céu, na capital paulista
Outra fotografia que mostra o visual do parque que fica no assentamento Cantinho do Céu, na cidade de São Paulo

Há menos de dois meses, a margem da Billings começou a mudar. Escadas feitas de grama, um campinho e três deques contornam pouco mais de 600 metros dos previstos sete quilômetros de parque. As casas da área também ganharam painéis coloridos do artista plástico Maurício Adinolfi. Em maio, a notícia de que o projeto iria para Veneza acelerou as obras. "Foi inesperado. Não conhecia o Ricardo Ohtake [curador do pavilhão brasileiro] e levei um susto quando ele me telefonou", diz Boldarini.

Num dia de sol, o parque com jeito de calçadão de praia fica cheio. "Nunca percebi que morava em um lugar com essa beleza", diz Helena Alves de Oliveira, 47, que há 17 anos vive ali. "A ideia foi voltar a comunidade para o reservatório e revelar a natureza", afirma Boldarini.

Até o fim das obras, previsto para 2012, o parque vai contornar uma ponta do bairro. Entre os obstáculos, está a desocupação de uma área muito próxima à margem. No total, cerca de 1.500 famílias serão removidas. Segundo a prefeitura, as indenizações pagas aos moradores vão de R$ 15 mil a R$ 17 mil.

Preservação

A regularização de bairros em áreas de manancial é motivo de polêmica. Ambientalistas defendem que o Código Florestal seja seguido à risca e somente existam construções a 30 metros da margem formada pela represa cheia. "Se for levado em conta o tamanho e a importância da Billings, esse limite teria de ser elevado para 100 metros", diz Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental e membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente. Assim, não haveria nenhuma casa ali.

A prefeitura diz trabalhar na preservação removendo o esgoto. "Temos áreas onde não há a distância mínima.

Na próxima etapa deixaremos uma península livre. Vamos compensar", diz Elisabeth França, superintendente da Secretaria Municipal da Habitação. Para ela, o grande desafio dos arquitetos "é enfrentar o problema da informalidade."

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página