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06/09/2010 - 09h54

Inauguração do Sesc Belenzinho abre temporada de novas unidades

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GABRIELA LONGMAN
DE SÃO PAULO

Ele fica num terreno de 35 mil m 2 no entroncamento da Radial Leste com a Salim Farah Maluf. Em fase de acabamento, o novo Sesc Belenzinho tem inauguração marcada para 4 de dezembro. A sãopaulo visitou as obras do novo complexo com seis piscinas, quadras esportivas, salas de ginástica e três espaços para teatro encravado na zona leste. Uma área de "comedoria" (nome Sesc para restaurante/lanchonete) preparada para servir 2.500 refeições por dia poderá também funcionar como choperia musical, a exemplo do que acontece no Sesc Pompeia.

Maria do Carmo/Folhapress
O novo Sesc Belenzinho tem inauguração marcada para 4 de dezembro; na foto, aspecto da obra
O novo Sesc Belenzinho tem inauguração marcada para 4 de dezembro; na foto, aspecto da obra

Segundo o arquiteto Ricardo Chahin, 68, responsável pelo projeto, o conjunto começou a ser pensado em 1996. Nesses 14 anos, a disposição dos equipamentos foi algumas vezes modificada antes de ganhar a configuração final: uma grande área externa ("uma clareira", nas palavras do arquiteto) e as atividades internas concentradas numa torre vertical de quatro grandes andares.

No térreo do prédio, fica a piscina coberta com um teto de vidro que permite que o visitante do primeiro andar "caminhe sobre as águas". As três salas de teatro (uma delas com poltronas fixas, as outras duas com formatações mais versáteis) estão posicionadas no alto do edifício, junto a um café-terraço com vista para o panorama da cidade.

"Adotamos essa solução tecnicamente ousada de colocar os teatros no alto do edifício. Foi uma escolha muito discutida, que chegou a ser questionada pelo Corpo de Bombeiros", conta o arquiteto. As três salas usam o mesmo saguão, com a estrutura de banheiros, café e elevadores. "Já existem os cinemas multiplex. Nós criamos aqui uma estrutura de teatro multiplex", diz Chahin.

Reforma com protestos

Quando fechou as portas em 2005, a Unidade Provisória do Belenzinho arrancou protestos. O lugar, uma antiga fábrica de tecidos da Moinho Santista S/A, havia se convertido num dos principais centros de pesquisa e experimentação teatral da cidade.

Mesmo diante dos gritos da classe artística, os antigos galpões foram postos abaixo. O terreno foi dividido em dois e apenas a estrutura dos dois edifícios principais da fábrica foi aproveitada. Num deles, o Sesc-SP instalou sua administração central (que até 2005 funcionava na avenida Paulista). O outro, completamente reconfigurado, vai sediar a nova unidade Belenzinho.

"As queixas [da classe teatral] são fruto da precipitação natural de quem tem um bem e vê que vai perder. Fizemos um trabalho muito benfeito no Belenzinho provisório e pagamos o preço da nossa eficiência", disse o diretor-geral da instituição, Danilo Santos de Miranda. "Mas do jeito que estava, havia pouco aproveitamento do espaço. Foi preciso pensar em segurança, circulação, acesso. Criar consultórios odontológicos e um centro de lazer para atender a muito mais gente."

Maria do Carmo/Folhapress
Obras do Sesc Bom Retiro também já estão avançadas; estrutura de vidro e piscina são destaques
Obras do Sesc Bom Retiro também já estão avançadas; estrutura de vidro e piscina são destaques

Com 13 unidades atualmente em funcionamento na cidade, a rede está em processo de expansão. No primeiro semestre de 2011, está prevista a inauguração do Sesc Santo Amaro e do Sesc Bom Retiro. O primeiro fica nas proximidades do largo 13, numa área em plena transformação. Ao lado das casas de classe média, universidades e prédios comerciais começam a se instalar na região. A unidade Bom Retiro, por sua vez, fica nas imediações da avenida Rio Branco, numa zona degradada da cidade.

Os dois têm mais ou menos a mesma estrutura: oferecem tudo o que Belenzinho oferece --serviços de esporte, lazer, odontologia e cultura--, só que em menor escala. No caso do Bom Retiro, o destaque está na piscina suspensa, com um teto de vidro retrátil que permite deixá-la coberta ou descoberta de acordo com o clima.

Para além das três unidades mencionadas, até 2015 a promessa é ver funcionando as unidades 24 de Maio (no antigo prédio da Mesbla, com projeto de Paulo Mendes da Rocha), avenida Paulista, Guarulhos e Osasco.

"A taxa de crescimento da instituição varia de acordo com o crescimento da economia brasileira. Em São Paulo, e no Brasil como um todo, nós somos, entre aspas, condenados ao crescimento", disse Miranda. "A demanda pelos serviços que oferecemos não para de aumentar."

Segundo ele, a intenção de instalar a sede administrativa da instituição na zona leste nasceu de um desejo de valorizar a região. A área ocupada pelo Sesc é circundada por um motel, casas abandonadas e um cemitério.

"A vizinhança não vai nos perturbar", diverte-se o diretor. "As negociações na compra do terreno foram muito favoráveis para nós. Cabia mais do que só a unidade, então caiu a ficha: por que não instalar aqui a sede do Sesc e guardar o prédio na principal avenida da cidade [avenida Paulista] para uma unidade dedicada a arte, corpo e tecnologia?"

Como nasce um Sesc

A construção de uma nova unidade do Sesc requer pesquisas, estudos e levantamentos prévios. Numa cidade com terrenos cada vez mais caros e mais disputados, é difícil encontrar uma área que atenda a todos os pré-requisitos e possa ser adquirida por preços razoáveis. A instituição costuma dar preferência a áreas próximas a estações de metrô ou terminais de ônibus para facilitar o acesso dos visitantes."Alguns terrenos são frutos de acordo com prefeituras ou outros órgãos", diz Miranda.

Foi o caso do terreno de Guarulhos. A área, colada ao parque Vicente Leporace, abrigava um campo de futebol de várzea. Em 2007, a prefeitura doou o terreno para o Sesc, com a contrapartida de que o campo fosse realocado, o que aconteceu no início deste ano.

Uma vez feita a escolha da região do terreno, a operação continua com instalação de um espaço provisório --por cinco ou seis anos--, enquanto se elabora o projeto definitivo para a unidade. Até dois anos atrás, os arquitetos eram "convidados" pelo Sesc a desenvolver pré-propostas. Por conta de uma exigência do Tribunal de Contas da União, o sistema de escolha foi modificado e os projetos agora são submetidos a uma licitação aberta, nos moldes dos concursos públicos.

O projeto para o Sesc Guarulhos foi o primeiro a ser escolhido dessa forma. Dos 26 escritórios de arquitetura que inscreveram propostas, o vencedor, anunciado em junho de 2009, foi o do casal Lilian e Renato Dal Pian. "Nós já éramos frequentadores do Sesc. Enquanto fazíamos o projeto, revisitamos alguns prédios recentes da rede para ver o que estava sendo feito", diz Lilian.

Para a nova unidade, os arquitetos imaginaram um espaço centralizado numa praça interna com cobertura envidraçada. Rampas verdes e mezaninos fazem a ligação entre os espaços, de modo que se possa ter uma vista geral do que acontece em cada andar. Com inauguração prevista para 2014, a unidade deve custar R$ 30 milhões.

Maria do Carmo/Folhapress
Construção do Sesc Santo Amaro; novas unidades estão previstas na capital paulista até 2015
Construção do Sesc Santo Amaro; novas unidades estão previstas na capital paulista até 2015

Instituição privada e recursos públicos

O Sesc (Serviço Social do Comércio) faz parte do chamado Sistema S, conjunto de instituições criadas pelo empresariado brasileiro nos anos 1940 (Sesi, Senai, Senac...11 no total). Elas são mantidas com recursos compulsórios na folha de pagamento dos setores correspondentes (comércio e serviços no caso do Sesc) a fim de que estes sejam revertidos para o bem-estar e a formação do trabalhador.

Nos últimos anos, o aumento do emprego formal se refletiu num aumento de arrecadação dessas instituições --daí os fundos para novas unidades. Em 2010, o orçamento do Sesc-SP foi de R$ 1 bilhão (R$ 750 milhões para operação e R$ 250 milhões para expansão e reformas).

Em 2008, o ministro da Educação, Fernando Haddad, apresentou um projeto que revia o Sistema S e propunha transferir parte da arrecadação para um fundo público. A proposta, porém, não saiu do papel. Segundo os entusiastas do modelo S, a qualidade dos serviços prestados se deve justamente à autonomia na administração e gestão dessas instituições.

Saiba mais

  • Cada uma das unidades tem um cardápio variado de cursos e atividades culturais, sociais e esportivas
  • Para se associar: A matrícula na rede Sesc é gratuita para trabalhadores do ramo do comércio de bens e serviços (mediante apresentação da carteira profissional). Quem não é comerciário pode se inscrever mediante uma anuidade de R$ 57
  • Para os espetáculos e eventos promovidos pelo Sesc: Quem não é associado também pode se inscrever para os cursos ou assistir aos espetáculos promovidos pela rede. Via de regra, as atividades têm três preços: integral, preço para usuário (50% do valor) e preço para comerciário (25% do valor). Isso quando não são gratuitas
  • Informações sobre a programação: pelo telefone 0800-11-8220 ou pelo site www.sescsp.org.br

Um pouco da história do Sesc

1. 1947: Inauguração da unidade especial de odontologia, na rua Florêncio de Abreu, e início das atividades da instituição

2. 1967: Inauguração do Sesc Consolação. A partir de 1982, a unidade passou a sediar o CPT (Centro de Pesquisa Teatral), ligado às propostas estéticas de Antunes Filho

3. 1982: Inauguração do Sesc Pompeia. O projeto de Lina Bo Bardi se tornaria um marco na arquitetura da cidade

4. 2004: O Sesc Pinheiros inaugurou as transformações no entorno do largo da Batata

5. 2005: Inauguração do Sesc Santana

Até 2015... Dois projetos que devem sair do papel nos próximos anos:

SESC GUARULHOS
O projeto de Renato e Lilian Dal Pian foi o primeiro a ser escolhido nos moldes dos concursos públicos

SESC 24 DE MAIO
O antigo prédio da Mesbla ganhou projeto de Paulo Mendes da Rocha; a inauguração está prevista para 2012

 

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