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28/09/2010 - 18h04

Escola na Vila Nova Conceição ensina crianças a fazer roupas e brinquedos

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FLÁVIA MANTOVANI
DE SÃO PAULO

Maria Fernanda Leme mostra, animada, sua bolsa nova, toda azul. O motivo do orgulho? Foi ela que fez. Com apenas seis anos. Louca por moda, como várias garotas de sua geração, ela agora coloca as mãos na massa e está fazendo aulas de costura.

Jefferson Coppola/Folhapress
As aulas semanais custam R$ 350 por mês para cada criança, que recebe todo o material usado no curso
As aulas semanais custam R$ 350 por mês para cada criança, que recebe todo o material usado no curso

Sua colega de escola, Luiza Magalhães, 6, também está aprendendo. As duas já confeccionaram almofada em forma de cachorro, camiseta com laços, coruja de pano, além de roupas para as bonecas.

Cada uma tem sua cesta de costura, com dedal, linhas, fita métrica, porta-alfinetes, tesoura (sem ponta). E, apesar da pouca idade, elas sabem o que estão fazendo: manejam a tesoura com destreza, passam o pano na máquina retinho, divertem-se escolhendo tecidos.

Quem ensina o ofício a meninas tão novas é Fernanda Egydio, 34, que montou, há dois meses, a Love Blankie (tel. 0/xx/11/3846-4160), uma escola de costura só para crianças. Fonoaudióloga, ela aprendeu a costurar na infância, com a avó. Em uma viagem aos EUA, viu uma máquina pequenininha. "Pensei: 'Gente, mas criança costura?' Vi que lá isso é comum, tem livros, aulas", conta.

Procurou escolas do tipo em São Paulo e não achou. Resolveu, então, transformar o hobby em trabalho. Deu as primeiras aulas em agosto, para filhas de amigas. Hoje, tem oito alunas, quatro na fila de espera e 12 mães que também querem aprender. As aulas, de uma hora e meia, são semanais, e em cada uma a criança confecciona um item completo.

A novidade não é barata: custa R$ 350 por mês --o preço inclui todo o material. A sala, nos fundos de uma loja de roupas na Vila Nova Conceição, tem cadeiras infantis, a tal máquina de costura pequena, objetos que ela faz para vender e tecidos, muitos tecidos. O charmoso espaço é minúsculo, e Fernanda pensa em ocupar também a sala ao lado. "Todo mundo fala para eu não sair daqui, por ser escondidinho."

Não há como não pensar que um local que reúne agulha, alfinete, tesoura e ferro de passar seja perigoso para crianças, mas Fernanda afirma que fica de olho. "É por isso que as aulas são individuais e sou eu que dou: sento junto, peço sempre cuidado. Não é perigoso."

Mãe de Luiza, Jane Magalhães, 40, diz que no início estranhou que uma criança manipulasse tesoura e agulha, mas confiou na professora. "A Luiza adora e sai mais leve da aula."

Fernanda --ou tia Fê, como é chamada pelas costureiras mirins-- está escrevendo um livro de costura para crianças e afirma que a atividade relaxa e pode ajudar na organização, concentração e destreza manual. Ela acredita que, para essa geração, costurar pode ser um prazer, e não uma obrigação, e diz que quer "trazer a máquina de costura de volta para a casa das pessoas".

Avó de Maria Fernanda, Carmen Kraemer, 63, ficou surpresa ao ver a menina costurando. "Quando casei, todo enxoval tinha uma máquina de costura. Já minha filha não pega numa agulha. Na geração dela, era outra cabeça. Fiquei encantada de ver minha neta fazendo direitinho."

 

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