Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Acompanhe a sãopaulo no Twitter
30/03/2011 - 17h20

Dona de arte visceral, paulistana Fefe Talavera ganha o mundo

Publicidade

KÁTIA LESSA
DE SÃO PAULO

Não se deixe enganar pelo rosto e pelo apelido delicados. Fefe Talavera, 31, é um grito. Filha de mexicanos, a artista plástica paulistana vem ganhando espaço na cena de arte de rua internacional por sua paixão.

Ela fez parte da turma que exercitou o traço na rua com os colegas do grafite. Fefe é também uma das poucas mulheres que conseguiram encarar um ambiente (ainda tão) masculino. Graças à sua persistência e ao hábito de expor suas criações em Fotolog e Flickr, ela contabiliza sete exposições individuais e 34 coletivas pelo mundo.

Divulgação
A artista plástica paulistana Fefe Talavera, 31, na Mini Galeria, em São Paulo, que abriga uma de suas exposições
A artista plástica paulistana Fefe Talavera, 31, na Mini Galeria, em São Paulo, que abriga uma de suas exposições

"É uma das artistas mais excitantes de sua geração em São Paulo. Seu processo é único e o resultado tem grande apelo visual quando encontrado pelas ruas", diz o americano Jonathan LeVine, dono da galeria que leva o mesmo nome em Nova York. A LeVine é responsável pelo intercâmbio da arte urbana entre São Paulo e a cidade americana.

Num de seus arroubos amorosos, ela se mudou para a Espanha. Em menos de um ano, voltou --solteira. Por aqui, participa da "Coletiva Choque 2011", que abriu neste mês na galeria Choque Cultural. Ela diz que São Paulo é a cidade que mais a instiga artisticamente. "A violência e os medos desse ambiente caótico me fazem criar", fala. "Aqui, as notícias dos telejornais lembram que esse pode ser o último dia da minha vida, ao contrário do que acontecia em Madri, onde fiquei estagnada", conta.

Na casa em que cresceu, no Morumbi, a língua oficial é o espanhol e o tempero que não pode faltar, a pimenta. As referências mexicanas e o traço forte são características do trabalho dela. As obras são realizadas em nanquim, colagens ou "scratches" (ranhuras sobre vidro pintado).

As feras da bela

Os bichos que desenha são inspirados em "alebrijes", bonecos do artesanato mexicano feitos de papel. "O artista que os criava dizia que isso ajudava a diminuir seus pesadelos", conta. Para Fefe, os bichos feiosos têm efeito semelhante. "Sou uma pessoa violenta e a pintura me faz relaxar", diz.

A muralista é de família classe média alta. Estudou em colégios tradicionais, como o Lourenço Castanho, onde repetiu dois anos. Para se formar, ela apelou para um supletivo. Fez artes plásticas na Faap, mas conta que foi na rua que encontrou seu caminho.

"Entrei na faculdade com a cabeça livre e saí totalmente bloqueada", afirma. Ela diz que o curso atrasou seu desenvolvimento como artista. "Aprendi muito mais na rua, convivendo com artistas como Stephan Doischinoff e Carlinhos Dias." Dois brasileiros que representam a recente geração de arte urbana.

Antes de deixar sua marca pela cidade, como o mural que fez no interior do Sesc Pinheiros, Fefe conseguiu sua primeira exposição individual, em 2005, na extinta galeria Most. "Ela fazia colagens. Pegava os lambe-lambes que iam para o lixo na gráfica Fidalga, na Vila Madalena, e criava monstros feitos de letras. Era muito original", conta Felipe Yung, antigo dono da galeria.

O vernissage atraiu artistas como osgemeos, ídolos da artista na época. "Hoje somos amigos, tive que arrumar outros artistas para adorar." Entre uma exposição e outra, Fefe trabalha com publicidade. Já ilustrou latas de refrigerante e até uma linha italiana de óculos escuros.

Em 2009, Fefe e Doze Green, uma das lendas do grafite nova-iorquino, receberam a encomenda de um mural na Holanda. O saldo: críticas positivas da imprensa especializada, uma garrafada de Green na cabeça de Fefe e um tapão dela nele. Mais uma mostra do temperamento explosivo, que ela pretende controlar. "Minha arte também está mais pensada, não é apenas um monstro vomitado no papel", diz. Aos poucos, os monstros de Fefe ficam mais mansos.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página