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03/05/2011 - 18h14

Está difícil pegar um táxi em São Paulo, revela teste

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BRUNO RIBEIRO
NATÁLIA ZONTA
DE SÃO PAULO

Na saída da balada, no auge do rush ou até mesmo na hora de encarar uma festinha no bufê infantil, anda (muito) difícil pegar táxi em São Paulo.

A sãopaulo percorreu cerca de 100 km de táxi pelas cinco regiões durante duas semanas. Fez ao menos 30 trajetos em horários distintos, muitos deles no horário de pico, todos os dias da semana. Nas viagens, usou o serviço das quatro maiores cooperativas de radiotáxi de São Paulo: Coopertáx, Chame Táxi, Ligue-Táxi e Use Táxi. Táxis avulsos (rua ou ponto) também entraram no teste.

Eles não dão conta de atender aos passageiros. A prefeitura emitiu os últimos alvarás em 1996. Desde lá, a frota continua a mesma: 32.607 táxis, sem contar os clandestinos (estima-se que sejam 800). Proporcionalmente, dá um para cada 344 habitantes -no Rio, é de um para cada 200 moradores.

Em São Paulo, a conta não fecha. O número de paulistanos que opta por esse meio de transporte subiu 20% nos últimos três anos, segundo as cooperativas. Para a Adetax (Associação das Empresas de Táxi de Frota), seriam necessários ao menos mais 1.600 veículos. Mas quem aguenta mais tantos carros?

Ivan Ribeiro/Folhapress
A *sãopaulo* testou os serviços de táxi nas cinco regiões da cidade e concluiu que faltam veículos para atender à demanda
A sãopaulo testou os serviços de táxi nas cinco regiões da cidade e concluiu que faltam veículos para atender à demanda

Das 44 chamadas feitas, 28 não foram atendidas (foi dado o prazo de uma hora para a chegada do veículo). "A espera não deveria passar de dez minutos", diz Sergio Ejzenberg, engenheiro de trânsito, mestre em transportes pela USP. "A prefeitura tem que equilibrar a oferta de carros com a demanda."

A administração Kassab estuda conceder novos alvarás para aumentar a frota até 2012, ano eleitoral.

NA VILA MADALENA, TÁXI, SÓ LONGE DAS BALADAS

A Vila Madalena é recordista de espera entre os bairros conhecidos pelas baladas. Por lá, a espera por um radiotáxi supera uma hora em uma noite de sábado. É comum taxistas desligarem o GPS para não serem encontrados pelas empresas nas ruas do bairro.

Uma dica é tentar agendar com antecedência o retorno. Se você optar por pegar um táxi na rua, vai enfrentar uma verdadeira maratona. A sãopaulo levou 45 minutos para encontrar um carro livre às 23h. Evite, principalmente, as ruas com grande concentração de bares.

Na Vila Olímpia (zona sul), o cenário é diferente. É comum taxistas formarem filas na porta das casas noturnas, numa demonstração de que as ruas foram "loteadas". Intermediários, que agem entre o cliente e o motorista, instalam cones na porta das baladas. Cobram até R$ 10 dos taxistas pelo "serviço".

Já os radiotáxis fogem do bairro. Das quatro empresas testadas, só a Use Táxi apareceu após oito minutos. Na região do Baixo Augusta, o atendimento também é rápido
se você optar pelos táxis de rua.

FALTA DE CARROS DE LUXO ESTIMULA FROTA PARALELA

Se pegar um táxi comum está difícil, encontrar um versão luxo é quase impossível. São apenas 140 carros para toda a cidade.

Os veículos, maiores, não precisam ser brancos. O preço da bandeirada é 50% mais caro (leia quadro ao lado). A frota deveria ter pelo menos mais 500 veículos, calcula Nilson Carvalho, presidente da Cooperluxo, entidade da categoria.

Há um ponto em Congonhas, mas a maior parte deles fica nos hotéis luxuosos da cidade.A pouca oferta estimulou a criação de uma frota paralela, formada por carros com chofer oferecidos por locadoras, considerada ilegal pela prefeitura. O valor é acordado diretamente com o hóspede. O atendimento é feito com hora marcada e inclui serviço de receptivo.

NA ZONA LESTE, ATÉ TAXISTA SUGERE OPTAR PELO METRÔ

Áreas residenciais também sofrem com a falta de táxi. As zonas oeste, leste e norte são as mais críticas. Em alguns pontos, o cliente pode aguardar um carro por mais de uma hora.
No Jardim Anália Franco (zona leste), das quatro empresas de radiotáxi acionadas pela reportagem, apenas uma atendeu ao chamado -isso depois de uma hora. Justificativa?
Em horários de pico, os taxistas não querem perder tempo (e dinheiro) na Radial Leste, que recentemente teve sua velocidade máxima reduzida para 60 km.

Em um ponto na rua, um taxista chegou a sugerir à repórter pegar o metrô porque seria mais rápido.

Em Santana (zona norte), uma das empresas recomendou ligar para a concorrência devido "à falta de carros na região" e apenas uma delas chegou em menos de 15 minutos. O mesmo aconteceu na Pompeia (zona oeste).

Em Higienópolis (centro), é comum taxistas de ponto darem preferência a clientes fixos. Uma alternativa é optar por um carro em circulação. De todas as regiões, a menor espera ocorreu no Brooklin (zona sul). Em média, os carros demoraram 15 minutos. Lá, a sãopaulo foi atendida por todas as empresas.

CORREDORES COMERCIAIS ESPANTAM TAXISTAS

Se você sair de uma reunião de fim de tarde em um dos três "corredores" de negócios da cidade (Paulista, Berrini e Faria Lima), prepare-se: a espera por um táxi chamado por telefone supera uma hora.

Devido ao grande congestionamento, taxistas alegam que não conseguem chegar a essas regiões. Os que estão nesses locais ficam parados, sem circular.

Ivan Ribeiro/Folhapress
Paulistana tenta parar um táxi na avenida Brigadeiro Faria Lima, na zona oeste
Paulistana tenta parar um táxi na avenida Brigadeiro Faria Lima, na zona oeste; taxistas evitam ruas congestionadas

Se você solicitar um táxi em uma dessas avenidas e a empresa não retornar em 15 minutos, a melhor opção é tentar usar outra alternativa de transporte, como o ônibus ou metrô. Outro flagrante: a sãopaulo encontrou motoristas de radiotáxi que dispensam clientes, pelo fato de priorizarem empresas que têm convênio.

Vale aqui um registro: nas três vias, das 17h às 20h, é praticamente impossível encontrar um táxi à disposição, tanto dando sinal na rua como ligando para um radiotáxi. Nos dias 1º, 4 e 5 de abril, a reportagem fez 12 pedidos para radiotáxis nesses horários.

Apenas cinco deles foram atendidos -mesmo assim com espera mínima de 20 minutos.

GUARULHOS VAI GANHAR MAIS TÁXIS ENQUANTO CONGONHAS SOFRE COM FILAS

No aeroporto de Congonhas, é comum passageiros enfrentarem filas de cem pessoas à espera de um táxi. O fluxo é ligeiro, porém a demora chega a cerca de 20 minutos.

Perto do terminal de embarque da TAM, no final do aeroporto, a ação ilegal de taxistas é comum. Apesar de o DTP (Departamento de Transporte Público), órgão municipal, coibir,
os taxistas utilizam até "auxiliares" que "caçam" clientes.

Oficialmente, segundo a Infraero, o ponto de táxi de Congonhas tem 456 carros cadastrados, além dos veículos especiais da Vermelho e Branco (que cobram mais caro) e de 20 táxis de luxo. Em Cumbica, a situação é menos caótica. Por lá são 652 táxis, todos da Guarucoop. O passageiro fica sabendo o valor da corrida assim que informa o trajeto. O local deve ganhar reforço de 133 carros, ainda sem data definida.

EMPRESAS CULPAM CONGESTIONAMENTO; PREFEITURA TEM APENAS CEM FISCAIS

As quatro empresas testadas pela sãopaulo (Chame Táxi, Ligue-Táxi, Use Táxi e Coopertax) responsabilizam o trânsito pela falha no atendimento.

O horário de pico é, na avaliação delas, outro vilão. "Depois desse período, ficamos com uma frota ociosa", diz Antônio Cauzzo Neto, diretor da Ligue-Táxi. A cooperativa quer aumentar a frota de 750 carros com mais 130 taxistas. José Aparecido, da Chame Táxi, diz que um trajeto que antes levava 20 minutos hoje dura uma hora.

Rubens Marques da Silva, diretor comercial da Coopertax, é um dos poucos que confessam que a demanda é maior que a oferta. "Nos últimos dois anos, tivemos um boom. Um incremento de 20% de passageiros", calcula.

O DTP afirma que há um estudo para determinar se o número de táxis é adequado.

"Se a empresa está dando preferência para um cliente, é um indicativo de que falta táxi", diz Helder Pereira, diretor do DTP.

A análise deve ficar pronta em seis meses. Então, será submetida ao prefeito Gilberto Kassab.A emissão de novos alvarás só é possível com um decreto do prefeito.

Pereira diz que o DTP depende de queixas de clientes para autuar os taxistas infratores. O DTP tem cem fiscais para os serviços de táxis, fretamento de ônibus e motofrete. "Como vou saber se o taxista cobrou além? É por isso que dependemos de denúncias", diz Pereira.

 

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