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07/08/2011 - 10h59

Festa da Achiropita atrai até 40 mil pessoas por fim de semana

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CLARISSA FALBO
DE SÃO PAULO

Eles falam ao mesmo tempo, riem alto, cantam e, às vezes, até brigam. Típica de um almoço de família italiana, a cena ganhou proporções bem maiores no domingo passado, quando 900 voluntários se reuniram no Bexiga (centro de São Paulo) para os últimos ajustes da festa de Nossa Senhora Achiropita.

Aos 85 anos, a tradicional celebração --que, estima-se, chega a atrair 40 mil pessoas por fim de semana-- ainda tem todo o seu trabalho executado pela comunidade. O único serviço terceirizado é a montagem das barracas, que ficam de pé uma semana antes.

Newton Santos/Hype/Folhapress
Bairro do Bexiga, na zona central de São Paulo, recebe a tradicional festa de Nossa Senhora Achiropita
Bairro do Bexiga, na zona central de São Paulo, recebe a tradicional festa de Nossa Senhora Achiropita

A preparação do banquete começa logo após a festa do ano anterior. A mão de obra é dividida em grupos, cada um deles comandado por um casal de "mama" e "babo". Em janeiro, os responsáveis por atrair patrocinadores --em geral, fabricantes de farinha, açougues e bancos-- começam a visitar empresas.

Em abril, o pessoal incumbido de decorar as ruas inicia a linha de produção dos enfeites. Em maio, a equipe que cuida das compras e do almoxarifado se agita para que, duas semanas antes da estreia, todos os ingredientes já estejam à mão.

Vilma Dias de Souza, 56, a dona Tata, e Carlos Eduardo Souza, 55, são o casal escolhido para organizar o trabalho das 30 "nonas" que se revezam nas panelas. "Somos os mais novos daqui", diz Carlos Eduardo, que participa da Achiropita há três décadas. Somadas as idades das 14 senhoras que cortavam berinjelas para os antepastos na última segunda-feira, são mais de mil anos de expertise.

Sem hora para sair

Tudo é preparado na cozinha industrial instalada na sede da paróquia. A uma semana e meia da abertura do evento, o molho de tomate começa a ser produzido. São feitos e armazenados 20 caldeirões por dia. Cinco dias antes, é a vez de descascar berinjelas, cebolas e batatas. E, a partir da quarta-feira anterior à festa, são preparados os pimentões recheados.

"Começamos às 9h e não temos hora para sair. É assim o mês inteiro", diz Carlos Eduardo. Toda a comida feita com antecedência fica armazenada em duas câmaras frias, também dentro da paróquia.

Ele e dona Tata coordenam o grupo da cozinha, mas a palavra final sobre o que entra nas panelas é de Ida Pugliese, 78. Filha de italianos, dona Ida nasceu no Bexiga e se lembra dos primeiros anos da festa, quando três ou quatro barraquinhas sorteavam galinhas, utensílios domésticos e até pinguim de geladeira. Foi ela que criou, em 1977, um dos pratos mais cobiçados do evento: a "fogazza".

*

Dicas da "nona"
Dona Ida, que cozinha para a festa há 30 anos, sugere o que provar e onde ir

Newton Santos/Hype/Folhapress
Dona Ida Pugliesi, 90, durante preparativos para a festa, que recebe 40 mil pessoas a cada fim de semana
Dona Ida Pugliesi, 90, durante preparativos para a festa, que recebe 40 mil pessoas a cada fim de semana

"Era servido um pastel comum. Eu me lembrei de uma receita de pastel italiano da minha mãe, fiz dois quilos no fogão de casa e levei para a barraca. Saiu tudo em uma hora. Hoje, são 12 mil 'fogazzas' vendidas por noite."

Quase 200 voluntários trabalham nas duas barracas de "fogazzas", preparadas na hora. "A fila é gigante e se forma uma hora antes", diz Tatiana Souto, 15, que ajuda na decoração.
Há ainda as barracas de macarrão, polenta, "fricazza" (pão italiano recheado) e calabresa -tudo feito na hora e servido nas ruas 13 de Maio, São Vicente e Dr. Luís Barreto, que estão enfeitadas desde o dia 30 de julho.

"Alugamos um trio elétrico para pendurar a decoração. O trabalho foi das 7h do sábado até a madrugada do domingo, mas tinha a música do trio para animar", diz Mônica Santos, 48, responsável pela assessoria de comunicação. "Sou funcionária pública, mas aqui viro jornalista. Tem comerciante que vira decoradora, bancário que vira cozinheiro, professora que vira administradora. A gente aprende a fazer outro serviço para ajudar."

A ação coletiva é o segredo para manter de pé a festa -e também os projetos sociais da paróquia, sustentados com os lucros do evento. Já o truque de dona Ida para deixar 11 toneladas de macarrão com o mesmo gostinho do que ela faz em casa não há quem descubra. "Desculpe qualquer coisa, mas não posso contar, não."

SERVIÇO
Festa de Nossa Senhora Achiropita - r. 13 de Maio, r. São Vicente e r. Dr. Luís Barreto (Bexiga). Sáb.: 18h às 24h. Dom.: 17h30 às 22h30. Até 4/9.

 

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