Folia na Bahia começa uma semana antes do Carnaval
Planejou desembarcar em Salvador na sexta-feira de Carnaval? Se possível, pense bem e compre a passagem para uma semana antes. Ao desembarcar em 2 de fevereiro, é possível saudar Iemanjá. Sinta a brisa do mar do rio Vermelho e deposite flores para a orixá das águas salgadas. Acompanhe uma das bandas de sopro e percussão que percorrerão as ruas do bairro. Festas de largo e Carnaval se misturam desde que Bahia é Bahia.
No dia seguinte, o agito está na Ondina. Lá estarão as bandas e grupos folclóricos que desfilarão no Fuzuê, primeiro dia de pré-Carnaval. É quando as tradições do recôncavo baiano invadem o circuito oficial da festa.
É possível encantar as crianças com os bonecões do Mamulengo da Bahia ou aterrorizá-las com as Caretas do Acupe, homens vestidos com assustadoras máscaras de papel machê. Pode-se assistir aos marinheiros da Chegança dos Marujos, as enxadas da Zambiapunga e ouvir um tradicional samba de roda na Barquinha de Bom Jesus dos Pobres.
No domingo tem Furdunço, espaço onde os primórdios dos trios elétricos se manifestam. No lugar dos grandes caminhões, minitrios, caminhonetes e artistas desfilando o mais próximo possível do folião.
Quer clima de Carnaval dos anos 1970? Siga a fobica de Armandinho, Dodô e Osmar. Prefere as músicas dos anos 1990? O pranchão do Alavontê é uma boa pedida. Se quer o que há de mais atual na música da Bahia, embarque no Navio Pirata e percorra a avenida cercado por uma multidão e embalado pelos beats da BaianaSystem.
Segunda-feira, dê um respiro. Descanse. Você precisará de muita energia na terça, quando o primeiro trio elétrico, dos grandes, entrará na avenida sob comando do pagode de Leo Santana. Ele vai de Ondina à Barra, onde, em cima de uma torre, o DJ Alok comandará uma festa eletrônica.
Já é quarta-feira e a Barra será invadida por blocos acompanhados por bandas de sopro -um dos espaços mais criativos e espontâneos da folia baiana. Gravata Doida, Habeas Copus, Xupisco, Barca Tricolor, cada bloquinho é uma história e uma turma diferente. Nem pense antes de ir.
Chegou a quinta-feira. Se no resto do país o Carnaval só começa no sábado, em Salvador a abertura oficial é dois dias antes. Claudia Leitte despontará com seu trio na avenida, de graça, acompanhada do rapper norte-americano Pitbull.
Depois, mais Furdunço para ouvir reggae, rock, marchinhas e ijexá. No Campo Grande, uma overdose de samba.
Na sexta-feira, começa o Carnaval no Pelourinho. Cinco orquestras embalam um grande baile com confete e serpentina. Em cada praça, em cada esquina, uma banda, um bloquinho que não deixa a festa parar.
O sábado traz o Carnaval no calendário oficial e o folião já terá curtido sete dias de festa. E o principal: afora o dinheiro da cerveja e do acarajé, não terá gasto um real para desfilar pelas ruas da capital.
Se quiser, pode até ir embora. Fugir para a praia mais próxima e aproveitar as águas mornas do litoral baiano. Mas é difícil resistir ao desfile do Ilê, aos agogôs dos Filhos de Gandhy, à irreverência das Muquiranas e à tradição do Olodum.
E dá-lhe domingo, segunda, terça, quarta-feira de Cinzas. E chegamos ao ponto final sem falar de corda, camarote e axé. E sem lembrar que, grávida, Ivete Sangalo estará vendo tudo da tevê.
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