Araras são 'despertadores' no Pantanal, uma das regiões mais selvagens do mundo
Ainda não são 6h da manhã, e você desperta com uma orquestra de cantos dos mais variados pássaros. Ainda sonolento, tenta conferir se de fato o dia nasceu. Abre lentamente a cortina da janela e, para sua surpresa, os raios solares estão apenas começando a vir à tona. A menos de cinco passos dali, um jacaré assiste incólume ao espetáculo.
Quando de fato o dia mostra a cara, um casal de araras-azuis risca o céu em voo. As aves, que já estiveram em extinção no Brasil até 2015, ajudam a transformar o Pantanal sul-matogrossense num dos maiores santuários de riquezas naturais da Terra.
Para manter o colorido do céu com essas aves, um projeto tenta preservá-las em seu ambiente natural. Desde 1990, um grupo de sete pessoas, coordenado pela bióloga Neiva Guedes, monitora as aves, cadastra os animais e instala ninhos artificiais. Foi assim que nasceu o Arara Azul.
Em 1998, o projeto fixou-se no Refúgio Ecológico Caiman, em Miranda (a 236 km de Campo Grande). Ali, flora e fauna pantaneiras convivem harmoniosamente com o homem.
Com a iniciativa, é possível não apenas admirar as aves nos céus, mas dá também para visitar os ninhos e conhecer os filhotes, que têm cheiro de leite de coco.
O espaço, dedicado ao ecoturismo, abriga outros projetos de conservação: o Papagaio-Verdadeiro, que pesquisa o animal para propor ações de proteção, e o Onçafari, que monitora a presença do predador pela mata, aumentando as chances de observá-lo.
REFÚGIO
No finzinho da tarde, a sinfonia de passarinhos está de volta. É como se eles se despedissem do dia, num anúncio para o que virá à noite. Em veículos adaptados, a turma do Refúgio promove a observação noturna dos bichos.
Os pássaros vistos durante o dia dão lugar a mamíferos de maior porte, como antas, tamanduás e jaguatiricas. Binóculos e lanternas se fazem necessários. As luzes lançadas pelos guias mostram também que os solitários jacarés descansam nas áreas alagadas, enquanto aguardam o raiar do sol para mais um dia, que será espetacular.
A jornalista viajou a convite da Fundação Toyota do Brasil.
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PROJETO ARARA AZUL
Em atividade na região do Pantanal sul-matogrossense desde 1990, o Projeto Arara Azul realiza o manejo e a conservação da ave em seu ambiente natural. Para isso, uma equipe de sete pessoas coordenadas pela bióloga Neiva Guedes acompanha essa espécie na natureza, monitora e instala ninhos artificiais numa área de 400 mil hectares.
Além do trabalho de campo, o projeto promove o turismo de observação das aves e o envolvimento da comunidade em atividades de educação ambiental com crianças, peões e fazendeiros. A arara-azul saiu oficialmente da lista de animais em risco de extinção no Brasil em 2015. Na última contagem, feita em 2008, foram registradas cerca de 5.000 aves
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