Ônibus autônomo reduz tempo de viagem, de acordo com estudo

Crédito: Divulgação Future Bus, protótipo da Mercedes que dispensa motorista
Future Bus, protótipo da Mercedes que dispensa motorista

EDUARDO SODRÉ
COLUNISTA DA FOLHA

Veículos que circulam sem a intervenção direta do condutor serão a solução para se deslocar por megalópoles. Nesse cenário, ônibus terão destaque. A conclusão é do estudo divulgado em 2017 pela consultoria global KPMG.

De acordo com a pesquisa, veículos autônomos empregados no transporte público podem reduzir em 40% o tempo das viagens. O ganho se dá pelo uso da tecnologia GPS para mapear rotas e ordenar o trânsito -os ônibus e demais carros trocarão informações, evitando gargalos como os que ocorrem em grandes cruzamentos.

No caso dos caminhões, a automação permitirá escolher rotas e horários a partir de projeções sobre possíveis congestionamentos.

O cálculo também irá considerar pontos sensíveis da rota: pontes que ofereçam risco por não suportar o peso das carretas e trechos com asfalto ruim serão evitados.

Essa realidade pressupõe que os veículos consigam se deslocar sem que o motorista precise colocar as mãos no volante em nenhum momento e só deverá estar plenamente implementada na década de 2030, mas avanços gradativos ocorrerão até lá.

Um desses é o uso de veículos não poluentes no transporte de cargas e pessoas.

Na edição 2017 do Salão de Tóquio, a Toyota apresentou o Sora, um ônibus movido a pilha de hidrogênio. A energia gerada alimenta as baterias, o que garante autonomia equivalente a de modelos que consomem diesel.

Segundo Kenji Kondo, engenheiro da montadora japonesa, a produção em larga escala começa neste ano. O objetivo da empresa é colocar cem unidades em circulação durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.

O Sora traz tecnologias que antecipam seu funcionamento autônomo no futuro. Há câmeras que monitoram o que se passa ao redor do ônibus, para reduzir riscos de colisões e atropelamentos.

Sistema semelhante já é testado pela Mercedes em seu protótipo Future Bus, que dispensa motorista. As câmeras servem para manter o veículo em sua faixa caso as coordenadas do navegador GPS sejam temporariamente perdidas, como ao passar por uma passagem subterrânea.

As características e aplicações dos ônibus justificam priorizá-los quando o assunto é mobilidade autônoma. Já há sistemas implementados mundo afora, em rotas predeterminadas. O mais antigo é o holandês parkShuttle, que funciona em Roterdã.

O micro-ônibus começou a rodar em 2005, mas um acidente logo após o início das operações -sem passageiros- interrompeu a circulação. O sistema resistiu a idas e vindas e hoje liga a estação de metrô Kralingse Zoom à área comercial da cidade, um percurso com cinco paradas.

Os problemas com o transporte holandês foram em sua maioria atribuídos a falhas na programação ou no contato entre a central de operações e os veículos. São as questões mais complexas ainda hoje, apesar de todo o desenvolvimento tecnológico.

A multinacional Nvidia, focada em inteligência, é uma das mais empenhadas em oferecer soluções de automação que aproveitem a internet 5G e minimizem os riscos de falhas. Seus sistemas estão sendo testados mundo afora, como no eGo Mover, um ônibus elétrico com capacidade para 15 passageiros.

Durante a feira CES, realizada neste mês em Las Vegas, a empresa anunciou parcerias com Volks e Uber para desenvolver carros autônomos.

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