Descrição de chapéu saúde

Brasil pode ser potência na produção de drogas, defendem especialistas

Fabricação de biológicos e biossimilares é vista como oportunidade para a indústria nacional 

A jornalista da Folha Cláudia Collucci, Rodrigo Silvestre, do Ministério da Saúde, Ronaldo Dias, da Alfob, e Reginaldo Arcuri, do Grupo FarmaBrasil
A jornalista da Folha Cláudia Collucci, Rodrigo Silvestre, do Ministério da Saúde, Ronaldo Dias, da Alfob, e Reginaldo Arcuri, do Grupo FarmaBrasil - Reinaldo Canato/Folhapress
Everton Lopes Batista
São Paulo

A fabricação de medicamentos biológicos —como a insulina, obtida em células de organismos vivos— e de seus biossimilares, cópias com efeitos semelhantes, é vista por especialistas como uma oportunidade para a indústria farmacêutica no Brasil.


Para que essa produção se sustente e enfrente a concorrência estrangeira, porém, governo e empresas devem estar unidos por políticas perenes, que escapem das mudanças trazidas por eleições, amparem o processo de transferência de tecnologia e tragam segurança a investidores.


Essas foram as conclusões dos participantes de um dos debates no Fórum Medicamentos Biológicos e Biossimilares, realizado pela Folha, em São Paulo.


“Nesta área [de produção de medicamentos], temos de ter políticas de Estado, como a Coreia do Sul já fez e está obtendo sucesso”, disse Reginaldo Arcuri, presidente do grupo FarmaBrasil, que reúne empresas do ramo.


Segundo ele, o Brasil pode se tornar um player importante na produção de medicamentos. “Mas o país precisa se qualificar para não ser engolido pelos estrangeiros.”


Parcerias

Os palestrantes falaram  sobre o potencial das PDPs (Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo), que são acordos firmados entre Ministério da Saúde, laboratórios privados estrangeiros e nacionais e laboratórios públicos oficiais —estes, instituições cuja produção é voltada para suprir a demanda do SUS, como o Farmanguinhos, da Fiocruz, e o Instituto Butantan. 


A cooperação envolve a distribuição do medicamento, em um primeiro momento feita pelo laboratório estrangeiro, e a transferência de tecnologia para as empresas nacionais.


Nesses casos, a segurança para o investidor da PDP depende de uma política de longo prazo, segundo Ronaldo Dias, presidente da Alfob (Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Oficiais do Brasil) e diretor-presidente da Bahiafarma, laboratório público ligado ao governo do Estado da Bahia.

Dias afirmou que as entidades públicas devem ainda fazer a “lição de casa”, principalmente com melhorias na estrutura de governança.


Existem, no momento, 80 PDPs vigentes no Brasil para diversos tipos de medicamentos, de acordo com Rodrigo Silvestre, diretor da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.


“Vale a pena pagar mais caro por um medicamento quando se paga também pela transferência da tecnologia. Mas é necessário ter certeza de que essa transferência será feita.”


É a partir de uma PDP que a Bahiafarma conduz um projeto para produção de insulina em uma fábrica a ser instalada no município de Dias d’Ávila, na região metropolitana de Salvador. “Queremos formatar o complexo industrial para trazer desenvolvimento econômico e social para a região”, afirmou Dias.

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