Aquisições e visto digital impulsionam segmento executivo no Brasil

Expectativa é que crescimento econômico favoreça setor, que aposta em integração vertical

Débora Yuri
São Paulo
Dois homens de terno, de costas, olham para painel eletrônico com informações sobre voos em aeroporto
Passageiros checam portão de embarque no aeroporto de Congonhas, em São Paulo - Keiny Andrade/Folhapress

Com a retomada econômica, o turismo de negócios projeta crescer mais neste ano.

Maior rede de varejo do setor nas Américas, a CVC Corp investe na área desde 2015. Hoje, um terço do faturamento da empresa, que movimenta mais de R$ 10 bilhões/ano em reservas, vem de viagens corporativas. Sua estratégia: comprar empresas especializadas, como fez com RexturAdvance, consolidadora de passagens, e Trend, voltada à hotelaria corporativa.

Tendência na indústria, a integração vertical é apontada como solução de curto prazo para cobrir elos da cadeia.

Em 2017, o turismo corporativo cresceu mais que o de lazer nas vendas da CVC (15,8% contra 12,8%), que passou a oferecer bilhetes rodoviários em janeiro. "Há passageiros corporativos com essa demanda. O mercado é pulverizado: temos de Petrobras e Vale a milhares de empresas pequenas", diz o presidente, Luiz Eduardo Falco.

A AccorHotels também aposta em aquisições. Comprou a Gekko, que permite reserva em hotéis com foco corporativo, e a Onefinestay, plataforma que aluga imóveis a altos executivos. E incorporou os hotéis do grupo FRHI, para se aproximar de agências de luxo e grandes bancos de investimento, tradicionais clientes de suas bandeiras.

Viagens corporativas representaram 54% da receita da rede francesa no Brasil em 2017. Expansão para cidades secundárias e ações específicas com setores em alta, como o tecnológico, o farmacêutico e o agronegócio, são prioridades para 2018.

"Essa modalidade de turismo demanda maior movimentação econômica. Encontros de negócios, congressos e feiras estão atrelados ao crescimento do país", diz Paulo Frias, diretor da Accor na América do Sul.

A expectativa é que medidas do governo ajudem a aquecer o mercado, caso do visto eletrônico para turistas dos EUA, do Canadá, da Austrália e do Japão. Em fevereiro, houve aumento de 87% nas emissões para americanos, em relação ao mesmo período de 2017, de 80% entre australianos, de 47% entre canadenses e 37% entre japoneses.

Aprovado pelo Senado no início do mês, o acordo Céus Abertos, que extingue o limite de voos entre o Brasil e os EUA, também deve acirrar a concorrência entre as companhias, reduzindo o preço das passagens.

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