Descrição de chapéu O Futuro do Nordeste

Energia eólica é a de maior eficiência para o Nordeste

Especialistas classificam apagão desta semana como incidente pontual e com poucos riscos

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Everton Lopes Batista, mediador e jornalista da Folha, Jurandir Picanço, da Adece (Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará), Roberto Pordeus, diretor da Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), e Solange Ribeiro, diretora-presidente adjunta da Neoenergia, durante seminário, em Fortaleza - Keiny Andrade/Folhapress
Fortaleza

O apagão ocorrido em estados do Norte e Nordeste na quarta-feira (21) foi um incidente pontual e com poucos riscos, natural em um sistema complexo como o de transmissão de energia da região, de acordo com especialistas que debateram o tema de energias renováveis no Nordeste nesta quinta-feira (22), em Fortaleza.

Segundo eles, a energia foi restabelecida com rapidez e as causas da pane ainda deverão ser avaliadas pelas autoridades competentes.

Embora não vejam uma condição excepcional no ocorrido, os debatedores, porém, não enxergam mais nas hidrelétricas o futuro da produção energética do Nordeste —a instalação que falhou é parte do sistema de transmissão da energia gerada pela usina hidrelétrica de Belo Monte.

Alguns dos problemas enfrentados hoje, segundo eles, são a dificuldade para suprir a demanda crescente e também a gradual redução da vazão de rios do Nordeste, como o São Francisco.

A fonte de energia mais promissora para a região é a eólica, de acordo com o presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis da Adece (Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará), Jurandir Picanço. Isso porque, segundo ele, a tecnologia é barata, e a região é a mais privilegiada em ventos no Brasil.

Ele afirmou que, embora também haja grande potencial para outros modelos de geração, como a energia solar, a vantagem em relação a outras áreas do país em outros casos não é tão grande.

Picanço participou de debate durante o seminário Futuro do Nordeste, que aconteceu em Fortaleza (CE) nesta quinta-feira (22), com organização da Folha e patrocínio do Banco do Nordeste, Governo do Ceará e Prefeitura de Fortaleza.

“A energia eólica começou com valores elevadíssimos. Agora é a de menor custo no Brasil. As hidrelétricas com grandes reservatórios hoje são praticamente inviáveis, devido a problemas como o impacto para o ambiente e a destruição de reservas indígenas”, afirmou o especialista.

Produtores de energia

Para a diretora-presidente adjunta da Neoenergia, empresa privada de produção de energia elétrica, Solange Ribeiro, o desenvolvimento de novas hidrelétricas no Nordeste não é mais sequer uma opção, devido à falta de espaço e recursos naturais.

Ribeiro destacou também a velocidade do crescimento do uso de energia eólica no país, que classificou como um dos principais projetos para o futuro do Brasil. Mas lembrou que também há barreiras.

“Apesar de o Brasil já ser o oitavo país do mundo em energia eólica, é um recurso que nem sempre está disponível e precisa de complementos”, explicou. “Por isso, hoje, ela é complementada com outros modelos, como energia térmica, hidroelétrica.”

Ribeiro enfatizou também a importância de os consumidores passarem a se tornar produtores de energia, por meio da instalação de painéis fotovoltaicos, de captação de energia solar, em suas residências.

Conta de luz zerada

O diretor de engenharia e construção da Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), Roberto Pordeus, citou um projeto da companhia, o programa Conta Zero, que vem testando formas de zerar a conta de luz a partir da produção de energia em quantidade igual à que é consumida.

Hoje há isenção de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) em alguns estados brasileiros para pessoas que produzem energia elétrica em casa, mas a conta de luz ainda não é zerada para aqueles que geram a mesma quantidade de energia que consomem.

Pordeus também falou sobre a criação de um novo centro de tecnologia, desenvolvido pela Chesf, e que deverá ser instalado próximo a Petrolina (PE) ainda neste ano. O objetivo é testar diferentes tecnologias de origem eólica e fotovoltaica.

“Parte da planta produzirá energia com as tecnologias existentes, e outra, menor, com tecnologias que ainda estão em período de pesquisa. A ideia é poder comparar o grau de eficiência e desenvolver modelos ainda melhores do que os que já são utilizados”, afirmou.

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