Goiânia automatiza gestão pública em busca de eficiência 

Programa acelera aprovação de alvarás e facilita acesso a outros serviços, como poda de árvores

São Paulo

Até maio do ano passado, um morador de Goiânia que precisasse aprovar uma construção ou reforma tinha de ir até a prefeitura, completar o cadastro em papel e esperar até 180 dias pela aprovação.


Hoje, o processo, totalmente digital, é concluído em 24 horas. Isso é resultado do projeto Alvará Fácil, que faz parte de um programa de R$ 4 milhões da Prefeitura de Goiânia que visa a modernização e a informatização dos serviços públicos municipais.

Vista aérea da cidade de Goiânia
Vista aérea da cidade de Goiânia - Rodrigo Prado/Divulgação


As mudanças também ocorrem no dia a dia da administração. Em janeiro deste ano, a prefeitura criou o Programa de Automatização da Gestão Pública (Page), em que todas as despesas municipais serão 100% digitais. 


“Aumentamos assim o controle e a transparência, pois os cidadãos vão poder acompanhar todos os gastos”, diz o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Ciência e Tecnologia de Goiânia, Ricardo De Val Borges.


O Page já começou a funcionar, e deve ser totalmente implementado até o fim do semestre. Segundo Borges, também será colocado à disposição um aplicativo que permite o acesso a 250 serviços municipais, como poda de árvores, reclamações de buracos na rua e emissão de boletos de impostos.


“Hoje em dia quase todas as pessoas possuem um smartphone, e esses serviços vão estar na palma da mão”, diz Borges. Segundo ele, parte do investimento nos programas de modernização é pago pela iniciativa privada, por meio do Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Goiânia, que reúne entidades e empresários do comércio, da indústria e de serviços.

TURISMO DIGITAL

Em Bonito (MS), desde 2010 as pessoas conhecem as atrações ecoturísticas por meio de vouchers digitais emitidos pela prefeitura.


Os vouchers, aprovados em lei municipal e adquiridos nas agências de turismo que promovem os passeios, são emitidos eletronicamente com os dados da atração, do visitante, da agência e do guia que irá acompanhá-lo.


Sem ele, o acesso não é autorizado, o que também ajuda a controlar o número de visitantes ao mesmo tempo em locais protegidos.


Em um processo 100% digital, o dinheiro do passeio é dividido entre a agência, o guia, o ingresso e os impostos. Hoje ainda é emitido um cartão para o turista, mas a ideia é que no futuro seja tudo feito via celular.


“O voucher combate a sonegação e evita a informalidade, o que aumenta a segurança do próprio turista”, afirma o diretor de turismo da prefeitura de Bonito, Marcelo Gil da Silva.


Segundo ele, o setor de turismo movimenta cerca de R$ 320 milhões por ano e responde por mais da metade das atividades econômicas do município.

VAZAMENTOS


Em Campo Grande, a empresa Optimale desenvolveu um software que ajuda no controle de recursos hídricos. 


O programa, criado pelo engenheiro civil Peter Cheung, pode ser usado por empresas públicas e privadas responsáveis pela gestão de águas nos municípios e permite o mapeamento das redes de distribuição. 


Ao cruzar dados relativos às oscilações de consumo em determinado bairro, nível de reservatórios e pressão da água nos canos, entre outros, é possível detectar vazamentos na rede de distribuição. Em Ponta Porã (MS), onde o sistema foi implementado há um ano pela Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul), a economia de água chega a 480 mil litros por dia, segundo Cheung.


Mato Grosso também está na rota das inovações em gestão pública. No ano passado, o Parque Tecnológico MT, em Várzea Grande, organizou o Hack a City, maratona internacional que reúne programadores e cientistas de dados para pensar em tecnologias e aplicações que tenham impacto na comunidade.


Do evento, saíram soluções como o sistema Mais Saúde Cuiabá, que mostra as especialidades e horários de atendimento disponíveis nos postos de saúde, para direcionar os pacientes de forma mais eficiente. O aplicativo está em fase de desenvolvimento.


“O próximo passo é aproximar os gestores dessas iniciativas, o que vamos fazer ainda neste primeiro semestre, no evento Cidades Inovadoras, que vai acontecer em julho aqui em Várzea Grande”, diz Rogério Nunes, coordenador Geral do Parque Tecnológico MT.


Para o consultor em cidades inteligentes Renato de Castro, vice-presidente da Smart Cities Consulting Firm, de Barcelona, o uso de tecnologias avançadas na modernização da administração pública é benéfico para todos os cidadãos. Além disso, segundo Castro, é um mecanismo de combate à ineficiência dos serviços públicos e da corrupção, já que permite um controle maior da administração. “Os cidadãos não querem uma nova cidade, e sim uma cidade melhor para se viver”, diz o especialista.


24 horas
é o tempo máximo de espera por um alvará em Goiânia. Antes do projeto Alvará Fácil, a espera chegava a 180 dias

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