Mistura de trabalho e lazer beneficia profissionais, hotéis e destinos 

Público que viaja a negócios gasta em média quatro vezes mais que outros turistas  

Ana Luiza Tieghi
São Paulo

Quem viaja a trabalho não quer ficar só entre hotel e escritórios. O setor de turismo percebeu oportunidade nesse mercado, chamado de “bleisure”, junção dos termos em inglês “business” (negócios) e “leisure” (lazer).

Com 70% dos hóspedes em viagens de negócio, a rede hoteleira BHG tem iniciativas para prolongar a estadia desse público e incentivar a mistura de lazer e trabalho. 

Sala com pufes coloridos e chão de madeira
Projeto de novo lobby dos hotéis com bandeira Golden Tulip - Divulgação

Até 2020, a rede deve repaginar os lobbies dos hotéis Golden Tulip, bandeira que representa no Brasil, para que fiquem “informais e convidativos à interação social”. 

Os hotéis do grupo BHG  também mandam uma agenda cultural para o hóspede, uma semana antes da sua chegada. “Já aconteceu de a pessoa ver que teria um show na cidade e estender sua estadia para poder ir”, diz Tomás Ramos, diretor de marketing de vendas da rede. 

O lazer na viagem corporativa pode ser um benefício para o funcionário. Empresas que atuam com agências de viagens especializadas no público de negócios conseguem passagens e hospedagem com descontos de até 40%.

Gregorio Polaino, vice-presidente de viagens corporativas da Alatur JTB, explica que algumas companhias permitem que o profissional estenda sua viagem usando tarifas corporativas, embora tenha que pagar do próprio bolso as despesas dos dias extras. “Ele vai a show, a um restaurante melhor, porque pode gastar mais no destino.”

Segundo a Embratur, o turista de negócio gasta em média US$ 329 (R$ 1.083) por dia no Brasil,  já o de lazer gasta US$ 74 (R$ 244).

Eduardo Colturato, diretor de turismo e eventos da SPTuris, empresa municipal dosetor, afirma que também é mais fácil convencer o visitante corporativo a prolongar sua visita do que atrair outros turistas. Para isso, são feitas ações de promoção da capital em feiras e hotéis.

Mulher com camisa sorrindo, com fundo de árvores
A administradora Angela Preturlon, 30, no jardim da empresa em que trabalha, em Guarulhos (SP) - Rafael Hupsel/Folhapress

Se é convencido a ficar, esse público aproveita a gastronomia, o comércio e a vida noturna da cidade.

Em vez de tirar férias de 30 dias, a administradora Angela Preturlon, 30, estica suas viagens a trabalho para o Nordeste até o final de semana. Em 2016, aproveitou uma viagem ao Recife para passar o final de semana em Porto de Galinhas, e no ano passado ficou mais tempo em Natal para aproveitar as praias.

A empresa paga a passagem aérea e a hospedagem enquanto ela estiver trabalhando. Nos dias de folga, ela arca com as despesas.

Se o gerente Luiz Fernando Gheller, 54, percebe que a passagem para voltar de uma viagem de trabalho na sexta está mais cara do que na segunda, ele prolonga a estadia. Os gastos são cobertos pela companhia, que ainda assim economiza. “Viagem de trabalho é uma oportunidade, tem que aproveitar, sem abusar.”

ALTERNATIVA

Em sua plataforma, o Airbnb tem seção de hospedagens para turista corporativo. São aceitos apenas imóveis inteiros, suítes ou quartos com banheiro privativo.

É preciso oferecer wi-fi e outras facilidades.

“As pessoas buscam conciliar compromissos profissionais com atividades que proporcionem aproveitar a cidade de maneira local, isso torna o Airbnb uma opção”, diz o diretor-geral, Leo Tristão. 

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