Rio e SP se unem para manter a liderança em turismo de negócios

Dois maiores centros de atração de viajantes a trabalho temem a concorrência de cidades menores

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São Paulo

Rio é o sol, São Paulo, a lua. A imagem, de uma ação de marketing turístico criada anos atrás, deve ser retomada assim que a crise de insegurança no Rio melhorar, segundo o Visite São Paulo, primeiro Convention & Visitors Bureau da América do Sul.

“Troque o dia pela noite: venha para São Paulo. Troque a noite pelo dia: venha para o Rio”, era o mote da campanha, que será reestruturada a partir de julho e lançada antes do início do próximo verão, conforme Toni Sando, presidente do Visite São Paulo e da Unedestinos, associação de entidades de captação de eventos e promoção de destinos no país.

Avenida Paulista vista a partir do Hotel Maksoud, em São Paulo - Gustavo Simon/Folhapress

O objetivo não é reforçar os clichês, baseados em atrativos reais de cada cidade (belezas naturais e vida noturna), muito menos a rivalidade entre paulistas e cariocas.

O que a entidade quer, em parceria como o Visit Rio, é trabalhar em conjunto para que os dois maiores polos de turismo de negócios no Brasil continuem na liderança.

“É um mercado muito competitivo, e os patrocínios para eventos corporativos diminuíram. Queremos segurar a realização de eventos no Brasil e evitar a troca de Rio e São Paulo por cidades menores, que poderiam oferecer custos mais baixos”, diz o presidente da Visite São Paulo.

O ponto forte do Rio, claro, é sua imagem. Em eventos de turismo, é essa combinação de metrópole e natureza que apresenta o Brasil aos visitantes, mesmo quando a ideia é vender São Paulo como destino, afirma Sando.

A parte ruim é quando fatos como a atual crise na segurança se sobrepõem à imagem do Rio. “Como é a vitrine do país, notícias internacionais criam temor generalizado no estrangeiro, como se a cidade toda fosse inviável”, diz Michael Nagy, diretor do Visit Rio, o Convention & Visitors Bureau carioca.

O desafio, para ele, é mostrar ao mundo que o Rio está até em boas condições de receber turismo de negócios, por causa das obras de infraestrutura realizadas para a Olimpíada 2016.

Rubens Schwartzmann, presidente do Conselho de Administração da Abracorp (Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas), que acaba de voltar de um evento na Europa, afirma ter ouvido lá que estrangeiros não querem programar reuniões no Brasil por questões que vão da violência à instabilidade política.

“Para resolver, não basta marketing. É preciso investir em infraestrutura e até sensibilizar a população para não ficar enganando o turista”, diz Schwartzmann.

O Rio tem cerca de 55 mil apartamentos em hotéis, contra 45 mil em São Paulo.

A maior oferta de acomodação é uma forma de diminuir custos de hospedagem e atrair turistas de negócio.

Como São Paulo concentra o maior número de grandes feiras, nem sempre há acomodação disponível para receber eventos internacionais.

Isso é uma oportunidade para que o Rio abrigue as convenções estrangeiras em dias úteis, quando a ocupação dos seus hotéis é menor do que nos fins de semana. Na rede paulista, é o oposto: a taxa de ocupação despenca de sexta a domingo. 

O desafio de São Paulo é reter por mais tempo o turista, que costuma ficar só no período do compromisso profissional, em média três dias.

Atrações culturais são boas ferramentas para isso. “Os grandes shows revolucionaram a agenda de eventos corporativos. Congressos são marcados em datas próximas a essas atrações”, diz Leandra Gallo, gerente do Quality Suites Oscar Freire.

Hotel de segmento superior da rede Atlântica, o Quality da Oscar Freire inaugurou, no fim de 2017, nova área de encontros corporativos. Agora há cinco salas específicas.

Os hóspedes vêm a trabalho, principalmente do Rio, do interior de São Paulo e do Nordeste, segundo Gallo.

“O interior de São Paulo é muito rico, é o primeiro mercado para o turismo de negócios na cidade”, diz Sando.

Como boa parte da indústria de bens de consumo fica no estado, a capital se beneficia dessa proximidade entre produtores e consumidores. Obras para a melhoria da malha viária entre a capital e o interior, portanto, ajudariam o segmento.

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