Investimentos privados são caminhos para diminuir acidentes nas estradas

Identificação de pontos críticos é outro fator apontado por especialistas para reduzir mortes nas rodovias

Elvis Cezar, prefeito de Santana de Parnaíba (SP), Paulo Rangel, presidente da CCR Via Oeste, e Roberto Falkenstein, Diretor-geral da Pirelli - Reinaldo Canato/Folhapress
Camila Gambirasio Caio Araujo
Barueri

Investimento privado para fazer manutenção de alto nível das rodovias brasileiras e trazer o melhor da tecnologia com novos dispositivos de segurança são caminhos para a diminuição dos acidentes nas estradas, que matam milhares de pessoas no país todos os anos.

O assunto foi tema de um dos debates no 2º fórum Segurança no Trânsito, promovido pela Folha nesta segunda-feira (11), no auditório do Centro Comercial Alphaville, em Barueri. O evento contou com o patrocínio da CCR, Ambev, Pirelli, Uber e Anfavea (associação dos fabricantes de veículos).

Para Paulo Rangel, presidente da CCR Via Oeste, consórcio que administra o Sistema Castello-Raposo, principal via de ligação entre a capital e o oeste paulista, o papel das empresas privadas nesse setor é essencial.

Ele conta que a rodovia Castello Branco, há 20 anos sob gestão da CCR, recebeu obras de duplicação da pista, sinalização e reparo de acostamentos, que geraram  redução de 64% de mortes e 29% de acidentes desde o início da concessão.

A implantação de uma central de monitoramento de acidentes foi um dos fatores que contribuiu para a melhoria, segundo Rangel. “A concessão garantiu a aplicação de recursos nas estradas. Evidentemente, as privatizações remuneram os acionistas, mas os consórcios são obrigados a investir, o que o poder público não fazia”, afirma.

Segundo dados da Confederação Nacional dos Transportes, divulgados em 2017, das 20 melhores rodovias do país, 19 estão sob gestão privada, todas elas em São Paulo.

Mesmo assim, a fiscalização por parte dos estados não deixa de ser fundamental para a manutenção das rodovias, segundo o presidente da CCR. Ele explica que, em São Paulo, ela é feita por uma agência reguladora, de acordo com os indicadores existentes no contrato.

“Temos indicado, por exemplo, que devemos ter ‘buraco zero’. Se somos notificados do aparecimento de um, temos que tapá-lo em 24 horas”, diz Rangel. “E a concessionária tem de estar preparada para isso na sua operação diária.”

Para ele, as concessionárias ainda devem se preparar para o uso de certas tecnologias no trânsito, como a automatização dos veículos.

“As rodovias precisam ser muito mais inteligentes para que isso aconteça. Enquanto isso não chega, estamos trabalhando com outras inovações mais simples, como motos de socorro mecânico, que podem chegar mais rapidamente ao local do acidente.”

Elvis Cezar, prefeito de Santana de Parnaíba (SP) e presidente do Cioeste (Consórcio Intermunicipal da Região Oeste Metropolitana de São Paulo), aponta também a importância da identificação dos pontos críticos nas estradas para a prevenção de acidentes. “São sempre onde pode haver um aumento da velocidade ou pontos com falhas de sinalização. Como eles geram uma falsa segurança para o motorista, causam muitos acidentes.”

Diretor-geral da Pirelli, Roberto Falkenstein explicou que a qualidade dos pneus é essencial para garantir a segurança viária. “Como é o único elemento que temos entre o carro e o solo, precisamos de perfeita comunicação para que o veículo responda às decisões certas na estrada.”

Roberto defendeu a obrigatoriedade do uso de dispositivos de segurança, como freios ABS e airbags, e comparou a condição dos pneus brasileiros à dos importados da Ásia, comuns no mercado nacional. “Nossos pneus são feitos de acordo com o nosso clima e jeito de dirigir. Alguns desses pneus importados tiveram desempenho inferior no quesito frenagem, por exemplo.”

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