Segurança de aplicativos depende da fiscalização dos usuários, diz diretor da Uber

'Se o usuário passa por experiência negativa e não nos informa, não temos como agir', afirma Mangabeira

Alencar Izidoro, jornalista da Folha, e Daniel Mangabeira, diretor de políticas públicas da Uber Brasil, durante a 2ª edição do fórum Segurança no Trânsito - Reinaldo Canato/Folhapress
Camila Gambirasio
Barueri

Cabe aos próprios usuários de aplicativos de transporte atuar como fiscais das plataformas e relatar eventuais infrações dos motoristas às empresas para que elas possam garantir a segurança do serviço no trânsito.

A afirmação é de Daniel Mangabeira, diretor de políticas públicas da Uber Brasil, feita durante a 2ª edição do fórum Segurança no Trânsito, realizado pela Folha com patrocínio do Grupo CCR, da Ambev, da Pirelli, da Uber e da Anfavea (associação dos fabricantes de veículos). O evento aconteceu nesta segunda-feira (11), no auditório do Centro Comercial Alphaville, em Barueri.

O executivo afirmou, em conversa com Alencar Izidoro, editor-adjunto de Cotidiano da Folha, que a empresa dispõe de grande mobilização para garantir que os motoristas sigam as regras de segurança do trânsito, mas que a companhia depende de que os usuários relatem os problemas pelos canais de comunicação do aplicativo para saber se seus parceiros estão dirigindo de acordo com as normas.

“Nossa plataforma é um sistema inteligente, e nós trabalhamos a partir das informações que chegam. Mas, se o usuário passa por uma experiência negativa e não nos informa, não temos como agir”, disse. “Eu mesmo reclamo muito. Se o motorista está no celular, se está avançando o limite de velocidade, eu relato.”

Com base no feedback recebido, a Uber desliga em média 600 motoristas por semana no Brasil, de acordo com Mangabeira.

Questionado por Izidoro sobre o controle do número de horas trabalhadas pelos motoristas, que em casos extremos pode gerar exaustão e contribuir para causar acidentes, o executivo disse que a Uber coloca à disposição ferramentas que os alertam do tempo passado ao volante, mas que não bloqueiam o uso do aplicativo depois de um período considerado exagerado. Em outros lugares do mundo em que a legislação exige, entretanto, essa prática existe.

“Os motoristas não são empregados da plataforma. São autônomos que a utilizam para gerar renda. Mais do que isso seria ir além do que a plataforma oferece em termos de ferramentas para as pessoas”, declarou Mangabeira.

Carros autônomos

O diretor ainda enfatizou que a empresa enxerga a automatização dos carros como “um caminho sem retorno” que contribuirá para que o sistema de transporte urbano se torne mais seguro no futuro.

A tecnologia já é utilizada nos Estados Unidos. Em março deste ano, uma mulher morreu após ser atropelada por um carro autônomo da Uber. Depois do acidente, a companhia interrompeu os testes para poder garantir a segurança da operação, segundo o executivo. “Foi uma fatalidade muito triste. Mas, quando isso aconteceu, já tínhamos percorrido milhões de quilômetros com sucesso.” 

Para ele, a tecnologia tem potencial para ser viável no Brasil e em qualquer outro lugar do mundo, embora não arrisque previsões de quando isso acontecerá por aqui. “Pode ser em alguns anos. Acredito que meu filho, quando for adulto, vai achar estranho que eu tinha um carro particular”, disse.

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