Descrição de chapéu Inovação no Brasil

Espaço em São Paulo incentiva simbiose entre startups e grandes da tecnologia

Ambiente InovaBra Habitat reúne empresas para propor novas ideias em conjunto

Tatiana Vaz
São Paulo

Além de mudar a forma de ouvir músicas e assistir a filmes, os avanços tecnológicos alteraram a maneira como empresas pensam seu negócio. É preciso antecipar-se aos desafios dos clientes, bem como aprender a trabalhar em conjunto

É para isso que foi criado, em fevereiro último, o InovaBra Habitat, espaço do Bradesco, localizado na região central de São Paulo. 

Nele, 153 startups, 25 grandes empresas e 10 companhias de tecnologia, além de fundos de investimento, acadêmicos e consultores, interagem e discutem como desenvolver tecnologias em prol de todos. 

“Mais do que um coworking, o espaço foi pensado com um conceito de coinovação, para que a facilidade de relacionamento e cooperação se sobressaia. Tanto que o orçamento para o projeto sai da área de pesquisa, ou seja, faz parte da estratégia de inovação do banco”, afirma Fernando Freitas, 36, superintendente executivo de inovação do Bradesco.

Startups pagam R$ 700 mensais por um espaço no local, enquanto grandes empresas pagam R$ 2.800, companhias de tecnologia, R$ 3.200, e consultorias e fundos de investimento, R$ 1.189. 

“Criamos um incentivo cruzado para atrair todos os tipos de negócio”, diz Freitas. 

Para estar ali é preciso passar por uma seleção feita pelo próprio Bradesco, baseada no tipo do negócio e no seu estágio de maturidade. 

As startups propõem soluções em big data, inteligência artificial e computação imersiva, e a grande maioria já recebeu investimentos entre R$ 1 e R$ 5 milhões. 

A Semantix, empresa de big data, coleta e análise de grandes volumes de dados por meio de inteligência artificial, é uma das que participa do InovaBra Habitat desde o início.

Criada em 2010, a companhia disseminou aos poucos para grandes empresas o que poderia levar de vantagens a elas com a organização e análise dos dados. Até que, em 2016, recebeu um aporte do próprio Bradesco. 

Desde então, dobra de faturamento a cada ano, com a expectativa de chegar a R$ 65 milhões de receita neste ano com o atendimento de gigantes corporativas como Embratel e Grupo Pão de Açúcar.

Espaço da Smarkets, com funcionários em mesas compartilhadas, no InovaBra, em SP
Espaço da Smarkets, startup que ajuda empresas a economizar em compras, no InovaBra, em SP - Bruno Santos/ Folhapress

“Já estamos no México e na Colômbia e queremos estar no Chile e nos Estados Unidos até 2020. Quem sabe, compraremos outras empresas até lá”, afirma Leonardo Santos, 35, diretor-executivo da Semantix.

A maioria dos 130 funcionários da Semantix não fica no InovaBra Habitat , mas em outro coworking da cidade. A ideia é que fiquem no espaço apenas os que trabalhem com ideias compartilhadas ou que precisem de proximidade com clientes para entender como avançar nas inovações

A mesma lógica é seguida pela InBot, startup de atendimento por chat. Criada em 2011, a empresa fatura hoje R$ 3 milhões por ano com o serviço de assistentes virtuais com inteligência artificial para 30 clientes, entre eles Raízen, Natura e Porto Seguro. A Inbot tem apenas três de seus funcionários no InovaBra  Habitat. 

“Eles são desenvolvedores e estão aqui para criar soluções com outras startups e identificar demandas de clientes. Além do que, conseguimos ter abertura de relacionamento com as grandes empresas que estão no coworking, o que é ótimo para prospecção”, diz Wagner Gimenez, 30, diretor de operações e negócios da InBot. 

Entre as grandes companhias, a IBM está no espaço desde março para ficar próxima tanto do trabalho feito pelos desenvolvedores das startups quanto dos clientes. 

“Nossa principal missão é fomentar, democratizar e inovar o uso das tecnologias que oferecemos”, afirma Stéfany Mazon, 22, especialista em inteligência artificial da IBM.

A empresa usa sua presença no local para dar mentorias às startups, motivo que também levou a Embratel a estar ali. “Usamos o coworking como uma vitrine do que fazemos e trocamos experiência com uma série de empresas que testam e criam soluções disruptivas. Não há como não estar aqui”, diz Paulo Venâncio, diretor de pré-vendas de soluções digitais da Embratel.

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