Descrição de chapéu Inovação no Brasil

Empresas ainda têm de aprender a trabalhar com startups, dizem palestrantes

Marcelo Prim, gerente-executivo de inovação e tecnologia do Senai, Fernando Freitas, superintendente de pesquisa e inovação do Bradesco, Dori Goren, cônsul-geral de Israel em São Paulo, e Joana Cunha, mediadora do debate - Reinaldo Canato/Folhapress
Leonardo Neiva
São Paulo

Companhias brasileiras estão cada vez mais interessadas em fazer parcerias com startups, atraídas, principalmente, pelos resultados conquistados no mercado.

Entretanto, por ser um fenômeno relativamente novo, as corporações ainda precisam definir o melhor modelo para trabalhar nessas parcerias, segundo especialistas que debateram o tema no 2º seminário Inovação no Brasil.

“Precisamos encontrar um modelo de seleção de startups que funcione no país”, afirmou Marcelo Prim, gerente-executivo de inovação e tecnologia do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).

Ele defendeu como modelo com maior chance de sucesso aquele em que a empresa apresenta sua necessidade e a startup oferece seu projeto já desenvolvido. Se a startup tentar adaptar seu modelo para solucionar o problema da empresa, segundo Prim, a chance de sucesso será mais baixa, já que a maioria delas não consegue alterar seu produto de forma rápida.

As startups são empresas em fase inicial que desenvolvem produtos ou serviços inovadores, muitas vezes em setores de rentabilidade incerta. Elas têm a característica de levar o produto ao mercado de forma mais rápida que empresas tradicionais.

O aumento no interesse por startups ocorre porque corporações têm recebido forte demanda do público por soluções inovadoras, de acordo com Fernando Freitas, superintendente de pesquisa e inovação do Bradesco, instituição que incentiva o desenvolvimento desse tipo de negócio.

“No setor de serviços, a concorrência é cada vez maior. E as companhias veem a necessidade de encurtar seu ciclo de inovação”, disse Freitas. Para ele, o trabalho com as startups deve ter início com uma boa organização e uma definição concreta dos interesses da empresa na parceria.

Depois, é preciso criar um processo pelo qual o trabalho em conjunto irá ocorrer e estabelecer uma mudança de cultura da companhia para integrar a lógica das startups a suas atividades.

Uma das principais potências no desenvolvimento de startups no mundo, Israel é responsável por criar, em média, 1.400 negócios desse tipo por ano, segundo Dori Goren, cônsul-geral do país em São Paulo. De lá, surgiu o Waze.

“O governo fez uma aliança entre setor privado, academia e instituições públicas. Estamos entre os primeiros no mundo em investimentos em pesquisa e desenvolvimento em relação ao PIB”, disse.

Goren afirmou ainda que a participação do governo é crucial para que o Brasil alcance um modelo bem-sucedido de desenvolvimento de tecnologias e startups, servindo como agente de interação com empresas e universidades.

“Uma área em que ninguém compete com o Brasil é na agricultura. Esse pode ser o caminho”, afirmou o cônsul.

Por outro lado, Goren criticou trâmites burocráticos brasileiros, que, segundo ele, afastam estrangeiros interessados em fazer negócios no país.

No setor público, a burocracia é um empecilho para que as instituições trabalhem com startups, de acordo com o general Guido Amin Naves, comandante de defesa cibernética do Ministério da Defesa.

“É praticamente impossível contratar uma startup no meio público. Ela dificilmente vai cumprir os requisitos.”

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