Inovação deve igualar oportunidades na educação, afirma ex-ministro

Janine Ribeiro defende, em fórum realizado pela Folha, a distribuição de smartphones para pessoas de baixa renda

Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação, faz a abertura do 3º fórum Inovação Educativa, realizado pela Folha, em São Paulo - Keiny Andrade/Folhapress
Bianka Vieira
São Paulo

O acesso à informação na educação proporcionado por inovações tecnológicas conecta o aluno ao mundo, mas não tem como efeito direto a redução da desigualdade social, afirmou Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação.

“Damos oportunidade, talvez, a apenas um terço da população de ter todos os conhecimentos e competências necessários. Quantos Mozarts não assassinamos no Brasil?”, disse.

Professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, Renato Janine Ribeiro fez a palestra de abertura do 3º fórum Inovação Educativa, realizado pela Folha em parceria com a Fundação Telefônica Vivo, nesta quarta-feira (22), na Unibes Cultural, em São Paulo.

O ex-ministro defendeu a distribuição de smartphones e tablets para pessoas de baixa renda, bem como implementação de materiais didáticos que possam ser trabalhados offlines em residências que possuem pouco ou nenhum acesso à internet. “Na periferia, o sinal é ruim. No campo, é uma tragédia.”

Em um país com áreas de baixa empregabilidade nas quais universitários estão fadados a não usar, em seus trabalhos, o que aprenderam na graduação, é preciso melhorar a qualidade dos empregos gerados, segundo o especialista.

“Por melhor que tenha sido a geração de empregos nos governos Lula e Dilma 1, foram vagas de baixa qualificação. As pessoas precisam ser empregadas, mas é preciso que seja bem organizado. Caso contrário, vamos gastar um tempo enorme com conhecimento que não será usado”, afirmou.

Como uma das medidas possíveis para contornar a situação, o professor defendeu o relançamento do Pronatec, programa de qualificação técnica e profissional.

Para ele, as escolas brasileiras de ponta priorizam em excesso uma formação para ingresso nas universidades. “São 14 anos de estudos sem ter uma terminalidade. Uma crítica da Escola de Frankfurt nos diria que estamos muito focados na formação do profissional e desfocados no humano.”

Memória

Durante o seu pronunciamento no seminário, Janine Ribeiro dedicou algumas palavras a Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha, que morreu na terça (21). “Queria deixar uma homenagem, no pouco tempo que temos, e fazer reverências a Otavio Frias Filho, que deixou uma contribuição séria para o Brasil.”

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