Descrição de chapéu Brasil China

Na disputa entre China e EUA, vai prevalecer a lei da selva, diz embaixador

Guerra comercial não garante avanço brasileiro no mercado chinês, diz Roberto Jaguaribe

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Embaixador Roberto Jaguaribe, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex)
Embaixador Roberto Jaguaribe, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) - Reinaldo Canato/Folhapress
São Paulo

Não há grandes oportunidades para o Brasil na guerra comercial entre China e Estados Unidos. A contenda entre os dois países deteriora as condições do comércio internacional e tem potencial para atrapalhar países com menor inserção, vigor e capacidade de coerção no cenário global.

A avaliação que contraria o senso comum foi feita pelo embaixador Roberto Jaguaribe, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), um dos debatedores do primeiro dia do seminário Brasil-China, nesta quarta-feira (5).

“Vai prevalecer a lei da selva”, define Jaguaribe, mencionando também a resistência do governo norte-americano em relação à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Promovido pela Folha, o evento tem patrocínio da Apex-Brasil, da distribuidora Caoa Chery e do Banco Modal, com apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Segundo o embaixador, alinhar estratégias diplomáticas e políticas e sofisticar os produtos exportados são caminhos úteis para estreitar as relações com os chineses.

Apostar apenas em promover a exportação não resolve o problema de falta de competitividade na produção, diz Jaguaribe. Mercadorias como o frango e a carne vermelha poderiam ser exportadas com novos cortes, enquanto outras, desconhecidas dos chineses —caso do açaí e do guaraná—, deveriam ser incluídas na oferta.

“A verdade é que o consumidor chinês nem sabe o que é o Brasil em termos de produto.”

Para além dos setores de alimentos, energia e minérios, outra oportunidade está na formulação de estratégias para a preservação ambiental, diz Jaguaribe. Isso porque a China deixará de ser um produtor de elementos que requeiram grandes volumes de recursos naturais.

“É o país que mais paga o preço pela degradação [ambiental]. Eles já reconheceram que precisam mudar matriz energética e modo de produção para combater o que lá é quase um flagelo: a qualidade do ar.”

Para aqueles que disputam o processo eleitoral neste ano, Jaguaribe aconselha que tenham em mente o que as relações sino-brasileiras representam.

Ele acredita que a política externa seja frequentemente pautada por vieses ideológicos que limitam parcerias com regimes de governo incomuns ao Ocidente. “O Brasil tem que maximizar os benefícios de ter acesso a esse universo, inclusive para fins de comércio.”

Para Jaguaribe, o Brasil é um país indisciplinado e confuso, cujas regras não dão conta da necessidade de inserção externa. Nesse sentido, a Câmara de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Camex) pode ser um instrumento para ampliar o comércio e modernizar a produção internacional.

“Por sua dimensão, o Brasil tende a ser introspectivo, não dá muita bola lá para fora. É irresponsável pensar que a inserção internacional não é relevante e fundamental para a sua modernização.”

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.