Comercialização é o principal gargalo da agricultura familiar, dizem especialistas

Demanda do consumidor deve nortear produção do pequeno produtor

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Taís Hirata, mediadora do debate e jornalista da Folha, Gustavo Reis, analista de competitividade e empreendedorismo do Sebrae, Jefferson Coriteac, secretário especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, e Isaac Leite, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Estado de São Paulo, durante o debate do 2º fórum Agronegócio Sustentável - Reinaldo Canato/Folhapress
São Paulo

O agricultor familiar precisa conhecer e se integrar com o mercado consumidor de forma mais profunda. A comercialização foi apontada por especialistas como o principal gargalo da produção familiar durante a abertura do 2º fórum Agronegócio Sustentável.

O evento, realizado pela Folha com patrocínio do Banco do Brasil, aconteceu no auditório do jornal, nesta quarta-feira (28), em São Paulo. 

“O governo concede crédito para insumos e maquinário, dá assistência técnica para o plantio e para a colheita, mas de nada adianta se a comercialização for deficiente”, afirmou Jefferson Coriteac, secretário especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário.

Coriteac mencionou a existência hoje de mecanismos modernos de identificação dos produtores, que mostram para o consumidor todo o caminho da cadeia de produção. “É preciso diminuir o atravessador, e facilitar a intermediação rápida entre produtor e consumidor.”

Para Gustavo Reis, analista de competitividade e empreendedorismo do Sebrae, o consumidor hoje está mais atento à cadeia, e quer entender todo o processo produtivo. “Ele quer saber onde foi produzido, por quem, se usou mão de obra escrava etc.”

Este consumidor, segundo Reis, estaria inclusive disposto a pagar mais pelo produto, o que abre uma possibilidade de agregação de valor à cadeia. “Tem que produzir o que vende, e não vender o que produz”, disse o analista.

Outro ponto destacado no debate foi a importância da associação de produtores para a modernização da produção.

“Um produtor sozinho não compra um maquinário de última geração, mas, se ele se juntar com mais dois ou três produtores, ele consegue”, disse Isaac Leite, presidente da Fetaesp (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Estado de São Paulo).

A modernização também foi apontada pelos especialistas como uma dificuldade a mais para o produtor familiar, que muitas vezes não tem acesso às novas tecnologias de produção —ao contrário dos grandes produtores do agronegócio.

“As startups estão muito voltadas para o setor de commodities. Poucas estão olhando para a agricultura familiar”, disse Reis. 

Os especialistas apontaram a diversidade da produção brasileira como um atrativo para o consumo, que pode extrapolar as barreiras regionais. “A riqueza da produção brasileira tem de ser apresentada ao consumidor”, disse Coriteac.

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