Descrição de chapéu Seminário Coração Fraco

Cardiologistas respondem a 10 perguntas sobre insuficiência cardíaca

Conhecida como "coração fraco", doença ainda é pouco compreendida pela população

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São Paulo

A Folha realizou, na última segunda-feira (25), o seminário Coração Fraco para discutir o cenário da insuficiência cardíaca no Brasil.

A doença, que ocorre quando o coração não consegue bombear sangue adequadamente, ainda é pouco conhecida pela população em geral.

Plateia do seminário Coração Fraco, realizado no auditório da Folha na última segunda-feira (25), em São Paulo - Reinaldo Canato/Folhapress

Em 2014, quando o SUS (Sistema Único de Saúde) registrava cerca de 300 mil internações anuais em decorrência da doença, estudo da Sociedade Brasileira de Cardiologia indicou que quase 50% dos pacientes voltavam a ser hospitalizados em até seis meses após a alta.

Confira abaixo as respostas de cardiologistas a 10 perguntas feitas pela plateia que assistiu ao seminário. 

Deixei de fumar há 30 anos. Quando vou ao médico com “unha encravada”, a culpa é do fumo. Qual é a influência, de fato, do tabagismo no surgimento de novas doenças? O fumo aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca, entre outras complicações. Fumar um cigarro por dia amplia em 50% o risco de infarto e em 25% o de AVC. Segundo a Sociedade Americana de Cardiologia, o risco de doença das artérias coronárias em fumantes se iguala ao de pacientes que nunca fumaram somente após 15 anos sem fumar. 

Vinho faz bem para o coração? Não há evidência científica sólida que comprove sua eficácia.

Não aguento comer comida sem sal. O que devo fazer? O grau de restrição ao sal varia entre indivíduos. Estudos mostram que a restrição em excesso não é benéfica. Recomenda-se o consumo de 3g de sódio por dia. O sal light, composto por cloreto de sódio e de potássio, é uma opção para quem necessita de restrição. Temperos naturais podem ser usados à vontade.

Qual a importância de alimentos orgânicos na prevenção de problemas cardíacos? Não há estudos que falem do impacto direto de alimentos orgânicos. 

Criança pode ter insuficiência cardíaca? Sim. Uma das causas mais recorrentes é a cardiopatia congênita (quando nasce com um tipo de doença cardíaca). Manifestações mais graves podem evoluir para insuficiência cardíaca. 

Estresse e depressão podem provocar insuficiência cardíaca? O estresse pode descompensar um paciente que já tem insuficiência cardíaca. Em casos extremos, como em catástrofes, a pessoa pode apresentar disfunção ventricular. A depressão, por sua vez, não é descrita como causa de insuficiência, mas pode diminuir o autocuidado e comprometer a adesão do paciente ao tratamento. 

Arritmia, taquicardia e ansiedade são fatores de risco para doenças cardiovasculares? Pequenas alterações não estão relacionadas a doença alguma. Arritmias e taquicardias frequentes ou complexas  são consideradas doenças. Sem tratamento, podem levar a insuficiência. Ansiedade gera apenas mal-estar.

“Sopro no coração” é um tipo de insuficiência cardíaca? Não, mas pode ser uma causa. As causas de sopro são diversas, nem todas patológicas. Quando há alterações nas válvulas cardíacas, ele pode avançar para insuficiência cardíaca se não diagnosticado e tratado corretamente.

Há uma lenda de que o coração tem vida útil e não passa de 120 anos. Procede? Não. Embora a expectativa de vida tenha aumentado em vários países, não há estudos ou população com indivíduos que tenham alcançado os 120 anos de idade para comprovar a tese.

Se eu estiver com pressão alta, tirar um pouco de sangue e jogar fora, vou melhorar? Não. O tratamento da hipertensão consiste em redução de sal, prática de atividades físicas, perda de peso, entre outros. Quem não responde a esses tratamentos deve aderir ao uso de medicamentos sob orientação médica.

Fontes: João Manoel de Almeida Pedroso, diretor do Instituto Nacional de Cardiologia, e Sabrina Bernardez Pereira, coordenadora dos Protocolos Assistenciais Gerenciados do HCor

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