A arte no Brasil tem um forte peso econômico e poderia ter muito mais, se houvesse política pública efetiva para o setor. Esse foi o consenso na primeira mesa de debate do seminário Economia da Arte, realizado pela Folha e pelo Itaú Cultural na manhã desta segunda-feira (20), em São Paulo.
Os quatro debatedores e o mediador —Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural—, concordaram também que faltam dados sobre a área cultural para embasar decisões de governo e que sobram preconceitos nas discussões sobre incentivos.
"Os dados que existem sobre a economia criativa são frágeis e desencontrados, mas é possível notar um crescimento nos últimos anos e uma contribuição para o PIB que fica entre 1% e 3%. O país nunca teve uma estratégia para desenvolver a cultura. Precisamos que a sociedade entenda a importância da arte para a economia”, afirmou Saron.
Claudio Lins de Vasconcelos, advogado especializado em economia criativa, ressaltou que o Brasil é competitivo internacionalmente nesse setor. "Tirando Reino Unido e Estados Unidos, o Brasil foi o principal produtor de música popular no século 20. Quem fez mais? Alemanha? Japão?", questionou o público.
O advogado completou: “Para sermos uma potência tecnológica precisamos investir muito e esperar. Em cultura, já somos relevantes hoje”.
Despertar o interesse da população para a arte e a cultura e formar um público consistente é outro desafio para o crescimento do setor, concordaram os participantes do debate.
Para o ator Odilon Wagner, o caminho é a educação. “Mesmo com ingresso de graça, as pessoas não vão ao teatro porque falta interesse. Precisamos de programas de incentivo que levem a arte até as pessoas”, disse.
Maria Ignez Mantovani Franco, museóloga e diretora da Expomus, ressaltou o papel dos museus na Formação de público para as artes. “Os museus têm revolucionado ao trazer o público para dentro, mas ainda precisa do desenvolvimento de mais programas que possam proporcionar descoberta e novas experiências. Precisamos inebriar o público”, afirmou.
Para estreitar de vez os laços com o público e ganhar o respeito da população, falta ainda melhor entendimento sobre como esse meio funciona e como é o dia a dia dos trabalhadores da cultura, segundo a empresária Flora Gil.
“É injusto dizer que artistas e produtores estão apenas se dando bem. O médico salva vidas, o dentista tira as dores das pessoas e nós levamos emoção e conteúdo de cultura. O nosso trabalho é sério, mas não é levado a sério como deveria ser”, disse.
Cerca de 260 pessoas lotaram o auditório do Itaú Cultural para o evento, que ainda contará com mais duas edições neste ano.
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