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Convênios revisam sua atuação e cortam custos

Após queda no número de beneficiários, operadoras mudam para aumentar eficiência

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São Paulo

Desde 2015, quando 1,5 milhão de postos de trabalho foram fechados, cerca de 3 milhões de pessoas perderam seus planos de saúde, de acordo com dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Assim como toda a economia do país, o setor ainda está sofrendo para se recuperar. 

“Plano de saúde é um produto altamente desejável, mas está estreitamente ligado às taxas de emprego e desemprego”, diz Marcos Novais, economista-chefe da Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde).

A maior parte dos beneficiários tem seu convênio vinculado à empresa em que trabalha. Contratos coletivos empresariais correspondem a 67% do total de planos comercializados, segundo a FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar).

Sem a retomada do emprego e do poder de compra da população, a expectativa de crescimento das operadoras ainda é baixa. Por enquanto, dá para dizer que o estado do “paciente” é estável: depois de três anos de crescimento negativo, o número de beneficiários parou de cair no final do ano passado.

Houve até uma pequena expansão do setor, puxada pelo aumento de beneficiários dos planos odontológicos. “Essa movimentação pode ser explicada pelo preço baixo das mensalidades e pela mudança cultural sobre cuidados com a saúde bucal”, afirma Vera Valente, diretora-executiva da FenaSaúde.

No entanto, o número de operadoras médico-hospitalares vem caindo desde 2009. De 1.095 em dezembro daquele ano, passaram para 749 em dezembro de 2018, mostram os dados da ANS.

Nos últimos anos, os planos com melhor desempenho foram os que investiram em rede própria de atendimento, segundo Novais. 

“Com rede própria, a operadora pode moldar seu atendimento de acordo com as necessidades dos beneficiários. Isso aumenta a eficiência e permite trabalhar com planos mais baratos”, afirma o economista.

A mensalidade média de um plano em 2018, calculada pela Abramge a partir de dados da ANS, foi R$ 362,39 por pessoa. O valor mensal mais alto foi o das seguradoras, em média R$ 503,40. Na medicina de grupo, modalidade que atende o maior número de beneficiários, o preço médio foi R$ 282,03.

O problema do cálculo médio é que ele não reflete o custo crescente de um plano de saúde para uma população acima dos 60 anos, que paga as mensalidades mais altas, mas representa a menor fatia de beneficiários.

Dados da Abramge indicam que 45,4% dos custos das operadoras são com internações. Em seguida vêm os gastos com consultas e atendimento ambulatorial (30,3%). Exames e terapias respondem por, respectivamente, 19,4% e 4,8% dos custos.

Para as operadoras que não têm rede própria, o caminho para conseguir melhores resultados com preços mais competitivos é garantir que os prestadores de serviços atuem a favor da operadora e do beneficiário.

Criar protocolos para pedidos de exame e modelos de remuneração de acordo com resultados e não quantidade de procedimentos são temas bastante discutidos.

Em um país onde a inflação médica é quase seis vezes maior que a geral, a sustentabilidade do sistema depende muito do uso racional de recursos. Análises das associações de operadoras indicam desperdício.

Por exemplo: em 2017, a cidade de São Paulo contava com 568 tomógrafos (114 no SUS e 454 na Saúde Suplementar). Porém, a quantidade recomendada pelo Ministério da Saúde para atender uma população de cerca de 12 milhões é de 120 destes aparelhos radiológicos.

Há também excesso de exames. Uma comparação: em 2017, foram feitas no Brasil 162 ressonâncias magnéticas para cada 1.000 beneficiários do sistema de saúde suplementar. No mesmo ano, no Reino Unido, a taxa de realização desse exame foi de 40 para cada 1.000 habitantes. Os dados são da ANS e da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica). 

As operadoras têm revisto sua forma de atuar, adotando modelos assistenciais e de remuneração para inibir desperdício e fraudes, segundo Valente.

Ela conta que estão sendo adotados programas de atenção primária à saúde, nos quais o beneficiário passa a ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar liderada por um médico de família e é encaminhado ao atendimento especializado quando necessário.

Outra estratégia é disseminar a utilização de produtos com coparticipação e franquia, nos quais o beneficiário paga uma parte do valor do procedimento. “O modelo induz a um uso mais racional do plano de saúde, evitando o desperdício”, afirma Valente.

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