Brasil lidera índices de ansiedade e depressão durante pandemia, aponta levantamento

Maioria dos 1.500 respondentes relatou sintomas dos transtornos mentais; pesquisador atribui resultado à escassez de atividades de lazer

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São Paulo

Dados preliminares de pesquisa global liderada pela Universidade Estadual de Ohio (EUA) apontam que o Brasil é líder em índices de ansiedade e depressão na pandemia quando comparado a outras dez nações.

O estudo, com publicação prevista para o final de fevereiro, entrevistou 13 mil pessoas de países que lidaram de maneiras diferentes com a crise sanitária.

“A resposta governamental tem muito a ver com índices de depressão e ansiedade”, afirma o professor Ricardo Uvinha, vice-diretor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, instituição que realizou a pesquisa no Brasil ao lado da Unifesp.

Dos cerca de 1.500 respondentes brasileiros maiores de 18 anos, 63% apresentaram relatos de ansiedade e 59%, sintomas de depressão - Rubens Cavallari/Folhapress

Países que assistiram à falta de uma ação concreta ou centralizada de combate à pandemia, como o Brasil, apresentaram números mais preocupantes na pesquisa. Também participaram Bulgária, China, Singapura, Espanha, Estados Unidos, Índia, Irlanda, Macedônia, Malásia e Turquia.

No caso brasileiro, que teve cerca de 1.500 respondentes maiores de 18 anos, 63% apresentaram relatos de ansiedade e 59%, sintomas de depressão. As entrevistas foram feitas por meio de formulário online e contemplam majoritariamente a região Sudeste.

Os pesquisadores usaram escalas desenvolvidas pela Universidade Estadual de Ohio que, a partir dos sintomas relatados nas respostas, mensuraram se o quadro se caracterizava ou não como ansiedade ou depressão.

De acordo com Ricardo Uvinha, uma das principais causas que levaram a esses quadros foi a privação das atividades de lazer fora do ambiente doméstico, como exercício físico ou encontros com amigos e familiares.​

O professor pontua que o estudo evidencia a importância que os espaços de lazer têm para o bem-estar físico e emocional das pessoas. A responsabilidade por promovê-los, diz, é do poder público e dos indivíduos, mas também pode e deve ser abraçada pelas empresas.

“Antes da pandemia, já víamos algumas organizações preocupadas em garantir oportunidade de lazer e atividade física, mesmo no ambiente de trabalho, para os colaboradores”, explica.

​Durante a crise sanitária, quando o isolamento ainda se faz necessário, ele vê com bons olhos as iniciativas corporativas para proporcionar espaços de lazer ainda que no trabalho remoto, como reuniões virtuais de confraternização, ou então aulas com professores de educação física e fisioterapeutas para fazer exercícios dentro de casa.

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