Cibersegurança é vista como prioridade em empresas, mas falta investimento

81% das companhias avaliam que o tema é importante; metade não oferece nenhum treinamento a funcionários

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São Paulo

As empresas brasileiras reconhecem a importância da cibersegurança, mas ainda não desenvolvem políticas específicas nem oferecem treinamento aos funcionários, mostram dados da pesquisa Barômetro da Segurança Digital 2021, realizada pelo Datafolha em fevereiro.

Embora 81% das companhias avaliem que o tema é importante para o seu negócio, metade não oferece treinamentos de segurança a nenhum funcionário.

Ao avaliar por setor, 60% das empresas de educação não fazem esse tipo de preparo, enquanto nas de tecnologia/telecomunicações o valor cai para 26%. Em média, 52% também não têm política de cibersegurança para funcionários.

E aí vem o paradoxo: as mesmas empresas reconhecem que os maiores perigos para a segurança de dados corporativos estão no uso de contas pessoas de email e redes sociais (47% veem como uma grande ameaça) e na navegação na internet (42%).

Não faltam ameaças. O percentual varia de acordo com o setor, mas, na média, 57% disseram ser alvos de fraudes e ataques digitais com alta ou média frequência. No setor de finanças e seguros, o número sobe para 73%. Entre companhias de tecnologia e telecomunicações, para 85%.

A maioria das empresas de finanças e seguros (78%) tem um profissional de TI responsável pela segurança digital, mas só 32% mantêm um departamento para a área.

Entre empresas de tecnologia, 54% têm uma área dedicada à cibersegurança, ante 42% nas empresas de finanças/seguros, 30% nas de varejo, 29% nas de educação e 23% nas empresas de saúde.

Nas empresas sem departamento próprio para tratar da cibersegurança, essa responsabilidade fica por conta, principalmente, de profissionais de TI (34% dos casos) ou de uma empresa de suporte de TI terceirizada (12%).

Embora existam tentativas frequentes, apenas 11% das empresas afirmam terem sofrido, de fato, um ataque cibernético no ano passado. Além disso, a maioria afirma ter um plano de resposta a um possível ataque ­—embora, na prática, um terço das empresas tenha feito algum teste nos últimos três meses, o que é fundamental para ter a dimensão de quanto as estratégias adotadas são eficazes.

O maior desafio, citado por 49% como algo “muito difícil”, é conscientizar os funcionários sobre a importância do tema. Em seguida, vem a falta de profissionais: 44% dizem ter muita dificuldade em encontrar profissionais qualificados para gerir os sistemas de segurança digital.

Se hoje o nível de prioridade da segurança digital ou cibersegurança no orçamento é de 6,5 —com 18% atribuindo baixa prioridade (notas 1, 2 e 3), e 41% atribuindo alta prioridade (notas 8, 9 e 10)—, a nota média de prioridade para investimentos em segurança digital para os próximos anos é de 7,1.

Para quase metade das empresas, investir em segurança significa também melhorar a credibilidade junto a clientes e parceiros. Uma relação que parece precisar de mais confiança: outra pesquisa do Datafolha, realizada em janeiro, mostrou que, quando questionados sobre o quanto consideravam suas informações seguras nas empresas, os entrevistaram deram uma nota média de 5,1, numa escala de zero a dez. O levantamento, intitulado Novo Cotidiano Digital, mostra que 73% da população já foi alvo de algum tipo de ataque ou fraude.

Hoje, 89% dos brasileiros têm acesso à internet e, como avaliou Mauro Paulino, diretor do Datafolha, que apresentou as duas pesquisas na abertura do seminário Cibersegurança: oportunidades e desafios, promovido pela Folha, com patrocínio da Mastercard, a digitalização no país é um caminho sem volta.

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