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MAM e Casa de Jorge Amado ficam mais inclusivos na Bahia

Mudanças atendem demandas por acessibilidade comunicacional

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Salvador

Desde agosto, quando foi reaberto ao público após mais de um ano fechado pela pandemia, o Museu de Arte Moderna da Bahia passou a realizar ações de acessibilidade para pessoas com diferentes deficiências.

Fotografia colorida. No canto esquerdo há uma pequena placa quadrada da cor azul, na placa tem um símbolo branco de cadeirante e ao lado os dizeres Sanitários. A placa está colada em uma superfície vermelha. Do lado direito tem a parte de fora dos sanitários, há um chão asfaltado e do lado uma mata.
Porta de banheiro adaptado para pessoas com deficiência no Museu de Arte Moderna da Bahia - Geraldo Moniz/MAM-BA

A iniciativa é inédita na história do MAM-BA, que funciona desde 1963 no Solar do Unhão, imóvel colonial restaurado pela arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992).

Até agora, foram trocadas três rampas para melhorar a acessibilidade arquitetônica. "Você tem que pensar num museu para todos", diz Pola Ribeiro, que assumiu a direção do MAM no início do ano.

Também foi feito o treinamento de acessibilidade atitudinal com funcionários, para que atendam de forma correta os visitantes com deficiência.

A ideia é implementar melhorias de forma contínua, e ir crescendo com as ações aos poucos, explica a professora Sandra Rosa, consultora responsável pelo projeto de acessibilidade do museu.

Em janeiro do ano que vem, o MAM-BA planeja realizar um curso gratuito de acessibilidade que resulte na produção de audiodescrições de parte das obras do acervo. A ideia é que estejam disponíveis no final de fevereiro, acessíveis a deficientes visuais pelo celular via código QR.

"Pretendemos que essas audiodescrições sejam narradas por atores, cantores, pessoas que tragam visibilidade para a questão", diz Ribeiro.

Localizado no complexo da Biblioteca Pública dos Barris, o Espaço Xisto Bahia leva inclusão aos palcos. Desde 2015, o projeto Semana Cultura Acessível realiza espetáculos protagonizados por pessoas com deficiência.

"É muito potente, é muito visceral, eles estão sendo quem eles são, ali", diz Ninfa Cunha, gestora do Xisto, atriz e cadeirante. "Existe uma linha tênue entre eu e o personagem."

Ainda não há previsão para a volta das atividades presenciais no Xisto, que está sendo reformado para alcançar a total adequação de acessibilidade arquitetônica.

As mudanças buscam suprir também as demandas de acessibilidade comunicacional, que incluem a implantação de Libras para surdos, audiodescrição para o público cego ou com baixa visão e iluminação apropriada para quem tem deficiência intelectual. "Ou é 100% ou não é", diz Ninfa Cunha.

Segundo dados do Censo do IBGE de 2010, Salvador tem cerca de 700 mil pessoas com algum tipo de deficiência.

A Fundação Casa de Jorge Amado, reaberta em novembro, recebeu um elevador para cadeirantes e um aplicativo de celular transmite as informações da casa por áudio para deficientes visuais.

"Nós temos ainda problemas com cinemas, teatros. Não é muito regular, o direito à cultura é concedido ocasionalmente", diz o produtor cultural Ednilson Sacramento, que atua na área há 37 anos.

Ele perdeu a visão há 25 anos, após o agravamento de uma retinose pigmentar, e desde então virou ativista pela causa da acessibilidade.

"É preciso que esses espaços tenham o que a gente chama de recursos de acessibilidade comunicacional", afirma Sacramento, que também é consultor do projeto de acessibilidade do MAM-BA.

"Antes, quando comecei, nem se falava em acessibilidade. Como a gente diz, era tudo mato no campo do acesso à cultura. Hoje, temos muitas iniciativas legais, mas não a ponto de dizer assim: é pleno, toda a cidade vai usufruir desses recursos", diz o produtor.

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