Descrição de chapéu Escola do Futuro - 2ª Edição

Empresas oferecem 'vale-educação' como benefício flexível

Ideia é deixar funcionário escolher o quê e quando quer estudar; opções vão de Excel a MBA

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Assim como outros benefícios, o auxílio-educação fornecido por algumas empresas também se tornou flexível, o que dá mais liberdade para os funcionários escolherem o que querem ou precisam estudar. O movimento é impulsionado pelas edtechs, startups do setor. A oferta é diferente do modelo tradicional, no qual as empresas conseguem descontos pontuais em cursos de idiomas ou faculdades.

A tendência é deixar os beneficiários livres para escolherem o que, quando e como querem estudar. O Edupass, por exemplo, é concedido por 60 empresas. Os funcionários recebem login e senha e a partir daí ganham acesso a uma plataforma com cerca de 170 mil cursos com desconto, desde aqueles de curta duração, como Excel, até MBAs em escolas como Saint Paul e Insper.

A plataforma conecta aluno e instituições, mas os cursos são operados diretamente pelas segundas. Cerca de 80% das opções são online.

Natascha Giora e Alexandre Wawruk, fundadores da Edupass
Natascha Giora e Alexandre Wawruk, fundadores da Edupass - Divulgação

"O colaborador dá muito valor à educação como benefício. Isso acaba criando um clima melhor na empresa e torna mais fácil atração e retenção de talentos", diz Alexandre Wawruk, cofundador da Edupass. Por meio de parcerias, a startup consegue oferecer descontos agressivos, de até 85%, em grande parte dos cursos.

As escolas acabam ganhando em escala, já que hoje há cerca de 120 mil beneficiários, sem contar seus dependentes, também elegíveis. Há, também, alguns cursos gratuitos na plataforma.

"Nosso propósito é impactar o colaborador, sua família e a comunidade. E democratizar a educação. Antes os RHs tinham dificuldades em chegar à base da pirâmide", diz Wawruk.

Existem cursos para todo tipo de colaborador na Edupass, do nível operacional ao executivo, diz a plataforma. Os cursos mais buscados, conta Wawruk, são aqueles que têm a ver com tecnologia.

A Edupass tem entre seus clientes desde empresas com milhares de funcionários até aquelas com poucas dezenas. No ano passado, foi comprada pela Arco Educação, empresa cearense com capital aberto na bolsa de Nova York que também controla, entre outras, a rede COC.

Daniela Giardini de Agostin, 46, é coordenadora de RH na Tópico, empresa que monta, aluga e vende galpões. Ela vê as vantagens da educação como benefício sob duas perspectivas: ajudou a implementar a política na empresa, recebe bons feedbacks dos funcionários e, também ela mesma, já fez cursos por meio do Edupass --entre eles sobre liderança carismática, criatividade e Excel.

"O benefício é valorizado por todos, e há um bom nível de engajamento. A gente também deixa em aberto para os funcionários sugerirem temas que gostariam que o próprio RH colocasse na plataforma, porque também dá para fazer isso", conta ela. Todos os cerca de 550 colaboradores da empresa têm acesso ao benefício.

A Skillhub tem uma plataforma semelhante. As empresas contratantes dão a seus funcionários um valor anual para que eles escolham entre cursos (de idiomas, livres, graduação etc), ebooks e outros conteúdos para capacitação. A Skillhub não revela quantos produtos oferece.

O ticket médio gasto pelas empresas fica entre R$ 1.000 e R$ 5.000 por profissional ao ano, conta João Bizzarri, fundador da Skillhub. Há cerca de 10 mil beneficiários, e cada empresa tem sua política, que pode envolver ou não coparticipação.

"As pessoas querem sempre aprender algo. Existe a preocupação em se renovar, por isso procuram esse tipo de benefício. É uma forma também de as empresas não competirem só no salário", diz Bizzarri.

Segundo ele, os cursos mais procurados na Skillhub são os de idiomas, que representam cerca de 30% do total, e o tipo de profissional mais impactado é o que está em transição para um cargo de gestão. No fim do ano passado, a marca foi comprada pela unico, startup de soluções de identidade digital e biometria.

Também em 2021 a Nestlé começou a disponibilizar a seus funcionários os serviços da Skillhub. A empresa oferta o benefício hoje a 700 funcionários, aqueles que a companhia considerou destaques nos dois anos anteriores à implementação, em todos os níveis.

"Fazemos pesquisas frequentes para entender se para eles o benefício faz sentido e as avaliações são sempre positivas", diz Izabel Azevedo, líder de talento e cultura da Nestlé.

A multinacional planeja aumentar o número de funcionários elegíveis a recebê-lo. Os cursos mais buscados, por ora, são os de idiomas. A empresa adota o sistema de coparticipação, com o funcionário pagando cerca de 20% dos custos.

Sergio Margosian, sócio da Page Executive, braço de recrutamento executivo de alto escalão da PageGroup, conta que a tendência de oferecer a educação como benefício dessa maneira, com o empregado escolhendo como usá-lo, começou há entre três e cinco anos e deve continuar em alta.

"Esse poder de escolha de um curso longo ou curto, entre outras possibilidades, é muito positivo para o profissional. Isso tem valor não só para o emprego atual, mas para a vida dele", afirma.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.