Novos líderes precisam aprimorar repertório de 'soft skills'

Empresas querem desenvolver nas lideranças competências socioemocionais

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São Paulo

Com as mudanças causadas pela pandemia e por avanços tecnológicos, a figura do chefe controlador e infalível deu lugar a um gestor empático, flexível, atento à própria vulnerabilidade e à dos membros da equipe.

Essas novas características exigidas dos líderes são as chamadas soft skills, ou seja, habilidades socioemocionais, fundamentais para liderar uma equipe hoje em dia.

Palestra com três pessoas num telão e um homem sentado em uma cadeira no palco
Segunda mesa do seminário O Futuro da Carreira e a Carreira Do Futuro, na qual os participantes falaram sobre as habilidades necessárias às novas lideranças - (Gabriel Cabral/Folhapress)

Esse foi um dos temas do seminário O Futuro da Carreira e a Carreira do Futuro, realizado pela Folha na quarta-feira (10), com patrocínio do Instituto Mauá de Tecnologia.

Segundo levantamento do LinkedIn de 2020, as competências comportamentais são maioria entre as dez habilidades mais valorizadas por empregadores, sendo a mais citada a capacidade de comunicação. A lista ainda inclui capacidade de liderança, de aprendizado online e de resolução de problemas.

"Isso foi acentuado pelos incrementos na tecnologia nas últimas décadas, mas principalmente pela pandemia, que desafiou as empresas a mudarem seu modelo de gestão", afirma Adriano Lima, coordenador do comitê de pessoas do conselho de administração da Minerva Foods, empresa do ramo pecuário.


Veja o seminário completo:

"O líder é vulnerável e passível de erros. Admitir isso faz você conquistar mais inspiração e construir um time de alta performance", afirma.

Lima considera ainda que um aspecto importante para as novas lideranças é o autodesenvolvimento, processo em que o protagonismo cabe ao profissional. É ele o principal responsável por desenvolver novas habilidades e competências. "Sem equilíbrio emocional e maturidade, você corre o risco de não liderar bem a si mesmo e, portanto, não vai liderar bem o seu time", diz.

Wilma Dal Col, diretora de gestão estratégica de pessoas no ManpowerGroup Brasil, tem a mesma opinião. Para ela, a tecnologia fez com que questões do comportamento humano se tornassem mais presentes no dia a dia.

"É o líder que vai fazer a gestão disso. Gestão é próprio de um cargo; liderança é uma missão. A liderança é tratar o outro levando em conta que ele tem o seu repertório", afirma Dal Col, acrescentando que o líder não deve focar apenas a busca por resultados. "É ser também alguém que inspire e desafie as pessoas."

Dal Col acredita, ainda, que o processo de desenvolvimento de lideranças deve ser algo compartilhado entre empresa e funcionário.

Ela explica que, para isso, as corporações podem promover conversas sobre carreiras e mentorias. É do funcionário, entretanto, boa parte da responsabilidade na hora de aplicar o que lhe foi ensinado pela companhia.

"Às vezes, a pessoa pode aprender isso numa outra ação que não seja necessariamente dentro do ambiente de trabalho" diz a executiva, lembrando do caso de um gestor que conseguiu se tornar um líder mais ousado e corajoso depois que realizou o sonho de pular de paraquedas.

Além de competências socioemocionais, as empresas têm buscado ambientes de trabalho com mais diversidade. Um exemplo é o Itaú Unibanco, que fez mudanças em processos seletivos para atingir esse fim.

De acordo com Maria Julia Kurth Azambuja, superintendente de atração, seleção e diversidade do banco, a seleção para programas de trainee e estágios da empresa passou a avaliar os candidatos de maneira mais holística, ou seja, levando em conta não apenas habilidades técnicas, mas também competências
comportamentais.

"Em vez de avaliar currículo e faculdade, dou o desafio para entender como o candidato aplica o seu repertório para a resolução de problemas dentro do ambiente corporativo", afirma ela, acrescentando que a mudança na seleção trouxe bons resultados.

"A gente tem mais pessoas negras e mulheres no banco. Ano passado, contratamos uma pessoa trans. Isso já é um indicador de sucesso, porque assim vamos ter líderes com pensamentos e perspectivas diversas", diz Maria Julia.

Convidados dão conselhos para os novos líderes; veja abaixo

Liderar é uma escolha

Liderar é estar perto das pessoas e isso significa escolher fazer isso. Liderança não é um cargo que eu tenho, mas uma escolha que eu faço

Wilma Dal Col

diretora de gestão estratégica de pessoas no ManpowerGroup Brasil

É preciso saber confiar na equipe

Os novos líderes precisam trabalhar a confiança e um ambiente seguro para que as pessoas tenham autonomia com responsabilidade

Maria Julia Kurth Azambuja

superintendente de atração, seleção e diversidade no Itaú Unibanco

É preciso ter empatia

Quando em uma cadeira de gestão, a gente precisa entender de pessoa e comportamento humano. Isso pode ser melhorado e aprimorado

Adriano Lima

coordenador do comitê de pessoas do Conselho de Administração da Minerva Foods

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