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"Manhattan não precisa de mim", afirma Franco Gaskin

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"Nenhum lugar está completo sem um Franco." Assim, o assistente do pintor anuncia suas telas reunidas sobre uma banca na rua 125, principal via do Harlem, à altura do Teatro Apollo. Ao redor, há uma galeria de portões comerciais de aço cobertos pelas produções mais famosas do artista.

Mas a obra que o popularizou corre o risco de desaparecer. Com a revitalização do bairro, os velhos portões de aço, outrora símbolo da segregação, estão sendo substituídos por grades mais modernas.

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Mas o artista tem um plano.

Nascido no Panamá, de uma família de ascendência jamaicana, Franco Gaskin chegou ao bairro em 1958. A área era pobre e a comunidade negra, 98% dos habitantes, sobrevivia com subempregos. "Ninguém queria vir ao Harlem. Mas eu queria florescer onde fui plantado."

Gilberto Tadday/Divulgação
Grafiteiro Franco The Great pinta portões de ferro do Harlem desde os anos 1960
Grafiteiro Franco Gaskin pinta portões de ferro do Harlem desde os anos 1960

Adotou o nome artístico quando treinava para ser mágico. E decidiu mantê-lo quando optou pela pintura. Começou oferecendo seus serviços para os comerciantes locais. "Bati na porta de cada loja e me propus a pintar murais de graça. Ninguém quis."

Até que um amigo deu o toque: "Isso é Nova York e, aqui, nada é de graça". Então, estabeleceu um preço e logo recebeu as primeiras encomendas. "Eu pintava de igrejas a bares, o céu e o inferno, muitas vezes no mesmo edifício."

Mas foram os murais, pintados desde o fim da década de 1960, que o tornaram famoso. Quando Martin Luther King foi assassinado, em abril de 1968, os comerciantes do Harlem temiam a reação de uma multidão segregada e enfurecida. Daí os portões de aço. "Eu os achava tristes. Eram um símbolo da opressão e da violência. Decidi suavizá-los com a pintura."

O mural favorito tem a imagem de um homem negro em frente à Casa Branca. "Fiz nos anos 1990. Quando Obama foi eleito, as pessoas diziam: 'Você prevê o futuro!' Era uma questão de tempo para termos um presidente negro."

Franco jamais pintou seus murais em outras freguesias. "Todo mundo me pergunta por que eu não pintei no centro de Manhattan, onde está o dinheiro. Mas o centro não precisa de mim, nem eu do dinheiro. Queria embelezar o meu próprio bairro."

Até hoje, aos domingos, ele retoca os painéis que correm o risco de perder sua plataforma. Mas tem esperança. "Há um grupo de moradores locais que quer comprar todos os portões, aos poucos, sempre que as lojas trocam de dono. Minha ideia é ter uma exposição permanente."

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