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Serafina

Ícone do design, cadeira cinquentona briga com cópias piratas

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Com algum esforço, é possível fazer uma lista de marcas e celebridades dinamarquesas. Quem sabe o cineasta Lars von Trier não ocupe uma posição de destaque? Aquelas bolachas amanteigadas que vêm em latas redondas de alumínio?

Uma peça em particular, na verdade, ainda leva vantagem sobre grifes daquele país elegante em que apenas 10% da população têm sobrepeso. Com mais de 50 anos nas costas, até hoje a poltrona egg não perdeu o status de estrela.

Não é sem razão que ela vive sob os holofotes em estúdios fotográficos. Criada em 1958 pelo designer dinamarquês Arne Jacobsen (1902-1971) para o lobby do hotel Royal de Copenhague, a poltrona em forma de uma casca de ovo partida ao meio é vendida em mais de 50 países.

Hoje, cerca de 20 mil exemplares são exportados por ano pela empresa que a produz, a Fritz Hansen.

Conforto é um ponto positivo da cadeira com formato de concha, desenhada especificamente para descanso. Quem se senta em uma egg sente o peso do corpo se distribuir no assento e no encosto, sem sobrecarregar as costas ou as pernas.

Para esse resultado, a cadeira tem de ser esculpida a mão -em fibra de vidro com estofado preenchido com espuma látex-, da mesma forma como era produzida nos anos 1950. Uma poltrona leva dez horas para ser feita. "E não é possível, com novas tecnologias, chegar ao mesmo produto", diz Jacob Holm, presidente da companhia, que quer expandir os negócios no Brasil.

Em um café do Museu Brasileiro da Escultura, em São Paulo, onde em setembro as poltronas egg que ilustram essa página foram expostas, Holm se disse assustado com as taxas de importação no Brasil, que dobram o preço dos produtos.

Na Dinamarca, é possível comprar uma egg por 5.000 euros (cerca de R$ 13.000,00). Portanto, se você cruzar com uma de R$ 2.000 no Brasil, ela não é legítima.

"É irritante saber que algumas pessoas preferem comprar uma peça que não é original. Meus filhos, por exemplo, não estão autorizados a adquirir nada pirateado. De música a óculos escuros", diz Holm.

Apesar da concorrência desleal, a Fritz Hansen está de olho no mercado brasileiro. "Mais do que no mercado russo", compara Holm, em referência a outro dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China).

Para a expansão em terra brasileira, a companhia dinamarquesa fechou acordo com uma jovem empresa, a Atec Original Design, que já representa a americana Herman
Miller desde 2005.

O produto que promete abocanhar mais espaço em São Paulo, no entanto, não é unanimidade entre especialistas.

Para Alberto Cipiniuk, professor de história do design da PUC-Rio, a cadeira Egg foi legitimada no campo do mobiliário "cult" -como um objeto que alia conforto e estilo, é funcional e visualmente interessante.

"Ela é confortável, mas não muito mais do que uma bergère, criada na França do século 18, por exemplo. Portanto, acredito que temos que procurar sua relevância nas instâncias externas e não nela própria", provoca.

Alberto acredita que a poltrona virou objeto de desejo apenas por interesses mercantis. A egg é "afinada com essa coisa movente que denominamos valor estético". Quem fizer o investimento, de qualquer forma, tem a garantia de um mobiliário que há 50 anos não saiu de moda.

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