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Serafina

Brasileiro coordena escolha da nova capa de Madonna

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Aviso importante: Se você conhece o homem abaixo e espera ler aqui alguma revelação bombástica sobre Madonna, parta para outra notícia.

Giovanni Bianco, 47, está cansado de quem o procura para perguntar sobre a vida da popstar, com quem colabora há oito anos. Ele é responsável por capas de discos, de livros e de alguns elementos que compõem os palcos dos shows da diva.

"Com Madonna, é tudo muito profissional", diz, dando o assunto por encerrado. Depois, em um segundo encontro, cede e conta um bastidor do primeiro encontro com os dois.

"Quando fui pra Los Angeles para uma reunião do disco "Confessions on the Dance Floor", Madonna estava em estúdio, gravando. Sentamos numa sala, ela colocou uma base para tocar e começou a cantar 'Hung Up' pra mim. Só eu e ela!", diz, com os olhos brilhantes. "Ela olhou bem na minha cara e, percebendo minha emoção, disse: 'Não vai chorar, hein?' [risos]. É difícil ser profissional e fã ao mesmo tempo", revela.

Sebastian Lucrécio
Giovanni Bianco colabora com Madonna desde 2004 e coordena projeto para escolher brasileiro que estampará novo single
Giovanni Bianco, que colabora com Madonna desde 2004

Filho de imigrantes italianos, o carioca radicado em Nova York, vive no circuito Brasil-EUA-Europa. O portfólio, repleto de trabalhos para grandes grifes como Prada, Miu Miu, Ermenegildo Zegna e Versace, lhe rendeu passe livre para círculos exclusivos do universo fashion.

Sobre a moda no Brasil, ele é otimista. "Estamos na adolescência e temos tudo para sermos adultos", diz, esperançoso. Mas não lhe venham com papo sobre blogueiras, das quais diz ter "alergia". "O que elas fazem é inútil, mas muitas viram deusas. O conteúdo é zero, nenhuma se salva."

De feirante que ajudava o pai a vender frutas na infância até o telefonema de Madonna pedindo que concebesse a direção de arte do livro da turnê "Reinvention", em 2004, Giovanni Bianco viveu seu roteiro de novela das nove (uma de suas "paixões secretas").

"A única coisa que tinha era um passaporte italiano, pouco dinheiro e alguma experiência num estúdio de design do Rio. Lavei bastante chão na Itália até conquistar meu espaço", orgulha-se. "De lá pra cá, aprendi que nosso ego nos mantém firmes. Mantenho o meu elevado, como forma de proteção".

E ele usa seu ego como poucos. Na porta do hotel Fasano, diante do fotógrafo que faria seu retrato, uma funcionária alertou-o de que era proibido fotografar a entrada do local. "Avise o Rogério Fasano [dono do hotel] que é o Giovanni Bianco." E clique.

NO ESCURO

Sua carreira começou a mudar numa boate em Milão, quando conheceu o estilista Stefano Gabbana, parceiro de Domenico Dolce na marca Dolce & Gabbana. A dupla estava prestes a lançar a segunda marca da grife, a D&G, e procurava alguém que concebesse o logotipo e a estratégia visual da empreitada. "Devo tudo a eles", diz Bianco.

O ano era 1994 e a ascensão rendeu amizades com fotógrafos como Steven Klein –que o apresentou a Madonna–, e a dupla Mert Alas e Marcus Piggot, parceiros recorrentes em seus projetos.

Sentado numa poltrona, ao lado da assistente pessoal e ex-modelo, Piera Paula, Bianco fica incomodado com "tanta curiosidade" sobre sua trajetória até aqui.

"É que não sou artista, entende? Bem, graças a Deus, porque trabalho com vários e acho que não saberia lidar com a exposição da minha vida particular", diz ele, figura assídua em redes sociais na internet.

Em sua conta no Twitter, por exemplo, chovem declarações de amor, fotos e beijos dedicados a Arianne Phillips –stylist de Madonna e figurinista em Hollywood– e celebridades brasileiras como Preta Gil, Sabrina Sato e Marisa Monte.

BRASIL, I LOVE YOU

"Sou louco por essa mulher. Me emociono toda vez que falo dela porque foi um presente em minha vida." Os olhos marejam.

A mulher é Marisa Monte. A arte do seu último álbum, "O que Você Quer Saber de Verdade" (2012), ele que fez. Assim como o álbum mais recente de Ivete Sangalo, "Real Fantasia", cantora que também desata a elogiar.

"Ela não queria tanto trabalhar comigo no começo, mas fui insistente [risos]. Ivete é o Brasil!", diz, com entusiasmo. "Olha, sei que falam muita coisa de mim. Mas, ninguém pode dizer que deixei de trabalhar para meu País."

Giovanni se refere às críticas que recebe por não ter o costume de manter brasileiros em seus projetos internacionais. No estúdio GB 65, que montou há 11 anos em Manhattan, designers de nacionalidades diversas, "de alemão a americano, de britânico a turco", integram a concorrida equipe de criação.

"Contrato pessoas tão comprometidas quanto eu, porque nesse negócio não há espaço para erro. O tempo de execução de um projeto está cada vez menor e é necessária uma precisão matemática. Mas adoro trabalhar com gente nova e o faço sempre que posso".

SUPERESTRELA

No mês passado, trinta nomes da nova geração de grafiteiros brasileiros passaram pela batuta de Giovanni Bianco.

Ele conduziu, ao lado do grafiteiro Binho Ribeiro, os workshops do projeto "Keep Walking Brasil", da empresa de bebidas Johnnie Walker, que irá eleger, no início deste mês, a capa no novo single de Madonna, "Superstar".

Dez deles foram eleitos, via internet, pelo público. Madonna, quando chegar ao Brasil para os shows que faz nos dias 4 e 5 deste mês, escolherá o vencedor.

"O escolhido terá projeção internacional. Uma oportunidade que nunca tive", diz Bianco, que dá uma ideia sobre o desafio de agradar a rainha do pop. Religioso, usa frequentemente um terço sob a camiseta. "Sigo todas as religiões."

Sua fé virou mote de um novo projeto com a prestigiosa editora alemã Taschen: a série de livretos "Say a Little Prayer", resultado "de anos de pesquisa sobre as mais diversas religiões do mundo", do candomblé à cabala.

O projeto, com previsão de lançamento para 2013, terá ilustradores de diversos países reinterpretando orações e imagens sacras. "Adoro rezar e o projeto surgiu da minha vontade de compartilhar com os outros a experiência de luz que tive."

Uma dessas experiências, claro, é Madonna. "Você pode ter 30 anos com Madonna que tudo sempre muda. Ela sempre sabe o que quer, e, mesmo passando um briefing com palavras soltas, aparentemente sem sentido, vai conduzindo você até onde quer chegar. Estressa, mas é sempre muito rico".

Veja os finalistas

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