Era clara a felicidade da dublê. O trabalho era simples: correr em cima de uma passarela que simulava um penhasco. Mas tinha de ser repetido à exaustão. E ela sorria, eufórica. O exercício era feito de mãos dadas com James Franco.

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O ator norte-americano de 34 anos é protagonista de "Oz: Mágico e Poderoso". O longa retoma a terra fictícia já retratada em "O Mágico de Oz" e conta a história de como o ilusionista mulherengo foi parar em um lugar novo e fantástico, anos antes da chegada de Dorothy, interpretada por Judy Garland no filme de 1939.

Franco vive o mágico Oscar Diggs. Antes mesmo de Dorothy nascer, ele foge da população enfurecida do Kansas, em quem havia aplicado uns trambiques. Em um balão, vence uma tempestade e acaba em Oz, onde se envolve com as bruxas locais.

James Franco

A primeira é Theodora (Mila Kunis), que logo se apaixonada por ele. Mais tarde, ele se envolve com Glinda (Michelle Williams), de quem se tornará forte aliado. Por último, conhece Evanora (Rachel Weisz), a grande tirana de quem precisa salvar a população de Oz.

Serafina conversou com o ator após assistir a sete repetições da cena em que corre com a dublê de Mila Kunis, dentro do estúdio, no último dia de filmagem.

Foram cinco meses de trabalho. Ele estava cansado, mas bem-humorado –e com o charme intacto. Durante toda a produção, dividiu-se entre as filmagens e sua vida polivalente.

James Franco é um estudante compulsivo, o que já gerou piadas e discussões no meio acadêmico americano. Depois de se formar em inglês pela Universidade da Califórnia, de ter feito um curso de poesia no Warren Wilson College, na Carolina do Norte, e concluído dois mestrados –um em escrita criativa pelo Brooklyn College e outro em roteiro pela Columbia–, à época das filmagens de "Oz" ele cursava um terceiro mestrado (na Universidade de Nova York, em cinema) e ainda um doutorado em inglês, em Yale. "Tive que usar o Skype para manter as tarefas em dia", conta.

Franco no Cinema

SEM PARAR

É também professor e chegou a levar sua turma de cinema da Universidade de Nova York para filmar no estúdio com a equipe de "Oz", durante os intervalos da filmagem oficial. "Eles puderam trabalhar com Mila Kunis, Zach Braff, um elenco muito bom", diz e mostra o sorriso pelo qual ficou célebre.

Mas a lista de atividades paralelas não para aí. Ele é escritor e poeta –prepara o lançamento de uma coletânea de poemas, batizada "Directing Herbert White", para os próximos meses–, além de artista plástico, modelo e cineasta.

Neste ano, no festival Sundance, apresentou três filmes, todos ligados à pornografia: "Interior. Leather Bar", em que recria 40 minutos cortados do longa "Parceiros da Noite" (1980), sobre um policial que se infiltra em clubes gays de fetichismo; "Lovelace", em que interpreta Hugh Hefner; e "Kink", documentário sobre a maior produtora do mundo de vídeos de sadomasoquismo, em que assina a produção executiva.

Impossível não desconfiar de que deixa algumas das tarefas pela metade. Mas não as gravações de "Oz". "Entrei no ritmo, é simples assim", garante. "Esse filme é uma metáfora do que nós fazemos em Hollywood. Oz é um mágico, faz shows e cria ilusões para um público, como o cinema. É maravilhoso estar em um projeto que aproveita bem essa ideia."

Por trás de tal ideia estão o diretor Sam Raimi (da trilogia "Homem-Aranha" com Tobey Maguire) e sua equipe formada por nomes como o produtor Robert Stromberger, de "Alice no País das Maravilhas" (2010) e "Avatar" (2009). E aí tem o estúdio, uma história à parte.

Começou a ser construído em 2010, em uma antiga fábrica da General Motors de 15 milhões de metros quadrados, em Pontiac, no Estado de Michigan, no Meio Oeste dos EUA, longe de Hollywood.

A saga começou em 2007, quando o governo do Estado, em situação financeira difícil, passou a dar incentivos a produções de cinema na região.

Quando as filmagens de "Oz" já estavam em curso, no entanto, houve uma mudança no governo e os incentivos foram cortados. O estúdio seria locação para apenas mais um filme, chamado "Black Sky" (sem previsão de estreia nos EUA).

Oz, Mágico e Poderoso

Na rede, o site do Michigan Motion Picture Studio (www.mmpicturestudios.com ) continua a anunciar suas qualidades como locação e estampa uma foto de Sam Raimi na seção de depoimentos: "Dou nota A, é a melhor estrutura que já vi. Recomendo ao mundo".

Raimi parecia mesmo satisfeito quando Serafina visitou as filmagens de "Oz", principalmente com o seu protagonista. "Não poderia estar mais feliz com James Franco. Temos um histórico juntos [o ator também está na trilogia "Homem-Aranha"], mas é a primeira vez que o dirijo em um papel principal. Ele não tem medo de mostrar seus instintos mais egoístas, necessários a esse papel: tem humor e carisma", diz.

Além, é claro, das ruguinhas que se formam quando ele sorri, dos olhos que brilham e da capacidade de prestar toda a atenção só ao que está em sua frente. Nenhum traço é especialmente bonito, mas o conjunto funciona que é uma beleza.

Fico pensando depois se, sem perceber, estava com a mesma expressão da dublê.

VEJA O TRAILER DE "OZ, MÁGICO E PODEROSO"

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