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Serafina

Esbelta e elegante, Diane Keaton estrela nova comédia ao lado de Robert de Niro

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Fui informada de que não poderia fazer perguntas pessoais a Diane Keaton. Seria uma exigência da atriz? Assisti a tantas entrevistas em que se mostrava relaxada e aberta, que me pareceu uma infelicidade que, logo na minha vez, ela tenha resolvido portar-se de outra maneira. Resolvi me preparar para o pior: uma celebridade treinada e protegida por assessores, como tantas outras.

Qual não foi a minha surpresa ao me deparar com Annie Hall. Embora seja uma grande atriz, Diane Keaton nunca deixou de ser a personagem de "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (filme de 1977, dirigido por Woody Allen), pela qual ficou célebre: uma mulher engraçada, maluquete e, acima de tudo, muito charmosa. Na entrevista, parte da divulgação de seu novo trabalho, a comédia "O Casamento do Ano" (estreia em 28 de junho), a sensação é de uma conversa -ela também me faz perguntas, várias.

Fala sobre tudo, responde o que lhe for perguntado sem nenhuma censura. Para a divulgação de um filme, talvez não seja o melhor negócio. Para uma entrevistadora curiosa, um prato cheio.

De cara, quando pergunto sobre Robert De Niro, companheiro de elenco no filme, ela me conta que tinha uma quedinha por ele quando fizeram juntos o longa "O Poderoso Chefão 2" (1974). "Eu achava ele uma graça. Tive vários sonhos com ele, era patético", diz. "Mas agora realmente comecei a gostar dele. Eu o achei muito gentil, com um bom coração. Acho que amadureceu muito bem."

Diane Keaton amadureceu bem? "Eu não sei! Não consigo julgar essa questão."

Fisicamente, sim. Conseguiu se manter esbelta e elegante. Na manhã da entrevista, usa um conjunto camelo de saia rodada e blazer de lã, camisa branca de alfaiataria e escarpins pretos altíssimos. As unhas, perfeitas, são decoradas por bolinhas pretas em fundo branco (ou o inverso em algumas unhas). Parece jovem e moderna. Mas seu rosto não mente: Diane Keaton não passou por nenhum tipo de procedimento rejuvenescedor e traz todas as marcas de seus 67 anos.

Para quem leu seu livro de memórias, "Agora e Sempre", lançado no ano passado nos EUA (onde ficou na lista dos best-sellers do "New York Times") e no Brasil (pela editora Objetiva), a impressão é que sim, a atriz amadureceu bem.

Diane olha para a carreira e a vida de celebridade com lucidez. É honesta ao expor falhas, medos e inseguranças e corajosa ao revelar segredos. Como a bulimia que enfrentou no início da carreira e os ultimatos que deu a Al Pacino, o grande amor de sua vida, com quem namorou entre os anos 1980 e 1990, para que se casassem.

"Eu nunca vou casar, não deu certo para mim. Não dá para ter tudo", diz.

"Tudo" aqui significa uma carreira que há 35 anos, desde que estreou nos palcos da Broadway na montagem original de "Hair", dá certo. Ainda pequena, ela sabia que precisava ter um público.

"Eu sempre achei que ia ser uma cantora, era o meu sonho." Depois da escola e de uma breve incursão no mundo da interpretação no Santa Ana College, deixou sua Califórnia natal por Nova York, onde estudou canto, dança e interpretação e entrou para o teatro.

ASSISTA AO TRAILER DE "O CASAMENTO DO ANO":

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A NOIVA DE WOODY

Foi na peça "Play It Again, Sam", em 1970, que conheceu Woody Allen, roteirista e ator do espetáculo. Os dois se apaixonaram, chegaram a viver juntos e, depois que a relação não deu certo, continuaram amigos.

Em 1977, quando já estavam separados, ela estrelou "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", escrito por ele para ela. No filme, deu vida a Annie Hall, uma versão de si mesma (seu sobrenome real é Hall; Annie é seu apelido) que lhe rendeu um Oscar de melhor atriz e a confirmação de que estava no caminho certo. "Esse foi o filme que fez com que tudo fosse possível."

Entre os anos 1970 e 1990, trabalhou em sete filmes com Woody Allen (os dois se reuniram para um último trabalho em 1993, o ótimo "Um Misterioso Assassinato em Manhattan") e viveu a mulher de Al Pacino nos três filmes da série "O Poderoso Chefão".

Em 1996, ao lado de Bette Midler, Sarah Jessica Parker, Goldie Hawn e Maggie Smith, fez a comédia "Clube das Desquitadas" (1996). Mas seu papel favorito é o de um drama, "Reds" (1981), dirigido por Warren Beatty, outro namorado com quem filmou. "'Alguém Tem que Ceder' [2003, de Nancy Meyers] também foi maravilhoso", diz, sobre a comédia romântica que fez com Jack Nicholson e Keanu Reeves.

Quando não está trabalhando, ela se divide entre os filhos, a adolescente Dexter, adotada em 1995, e o caçula Duke, adotado em 2001. É a motorista da família, levando e buscando os dois para a escola e as aulas de tênis e natação.

Foi nos intervalos entre um e outro compromisso dos filhos, dentro do carro, que escreveu partes inteiras de sua autobiografia. E é dentro dele que trabalha em seu próximo livro, sobre beleza. "Essa é uma grande parte das nossas vidas! Eu tenho que pegar a 405 o tempo todo. Você não sabe o tormento que é a 405...", diz, sobre a estrada que corta Los Angeles de norte a sul.

- Eu morava em São Paulo, conheço trânsito -respondo.

- Nunca fui. Queria ir. Eu deveria ir? Eu queria muito ver a arquitetura, sabe? [A atriz é uma aficionada e já reformou casas clássicas da Califórnia para revender.] Mas como eu chegaria lá?

- Você não gosta de avião, né?

- Não, nem um pouco.

- Mas você tem que voar, não? Com seu trabalho?

- Me dá um trabalho que eu vou.

- Ok, eu vou escrever isso aqui e você vai descolar algo.

- Não seria maravilhoso? Aí, eu poderia culpar você.

O diálogo é interrompido pela assessora, que diz que me resta uma última pergunta. Diane é rápida: "Vamos falar de você!" Tenho a sensação de que a conversa poderia estar acontecendo até agora.

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