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Escritor francês passeia por cenário que faz de Paris ideal para romance

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O amor precisa sempre de um cenário. A beleza ama a companhia da beleza. É por isso que Paris é a cidade ideal para amar. Encontramos ali o espetáculo das luzes e dos monumentos que nos fazem viajar para longe da nossa época. Em Paris, o tempo de fato não existe mais. Estamos em um outro lugar, propício ao sonho. E, claro, há ruelas incontáveis onde o prazer absoluto é o de se perder.

Gosto de pensar que é preciso se perder para achar o amor. E as pontes nos permitem ficar suspensos sobre a água; a cidade parece quase leve como um beijo. Não é por nada que quis filmar Audrey Tautou, em "A Delicadeza do Amor" (2011), numa ponte. Com a torre Eiffel que cintilava atrás dela. Existiria melhor enquadramento para a feminilidade?

Quando passeio por Paris, muitos amantes/casais me perguntam: "Onde fica a Pont des Arts?" É o lugar da moda para os apaixonados do mundo. Eles selam ali seu coração com a ajuda de um cadeado. Encontra-se um lugar livre? Os cadeados estão apertados uns contra os outros; podemos desvendar todas as origens: John + Cindy, Lin + Yang, Rosita + Marco, Vladimir + Anastasia...

Podemos passar horas lendo todos esses nomes atrás dos quais se escondem histórias e vidas. Todas as nacionalidades se encontram para falar uma língua única: a do coração. Nessa ponte fica a balada das pessoas felizes. Os apaixonados podem ficar horas contemplando a cidade. Talvez seja essa a maior beleza de Paris. É uma cidade que se oferece subitamente como um clarão. Essa cidade é amor à primeira vista.

Mesmo se o mundo evolui, se torna até brutal em alguns momentos, o que torna românticos certos pontos de Paris é sua aparência atemporal. Na ponte, encontramos jovens que gostam de poesia, outros fazendo piquenique: deixamos enfim as horas respirarem. É uma vida dentro da vida. Uma vida que escapa da desgastante correria do dia a dia.

Lucinao Schmitz
O escritor e cineasta francês David Foenkinos
O escritor e cineasta francês David Foenkinos

Amar em Paris é ter a sensação de amar para sempre. Pois cada minuto ganha ares de eternidade. Não falta nada então para a perfeição. A vida inteira poderia passar na ternura de um beijo trocado em Paris. É bem raro, mas mesmo casais parisienses vão até lá. Passeiam de mãos dadas. E podemos ver mulheres tão lindas. O que torna a cidade mágica? As mulheres francesas, claro! São ao mesmo tempo livres e elegantes, fortes e frágeis. Pode-se dizer que Paris é uma cidade que tem um coração que bate. Por todas essas razões é preciso vir amar em Paris.

Ela foi o cenário de grandes amores. Pensemos no filme "O Boulevard do Crime", em que Arletty declamava: "Paris é pequena demais para quem tem um amor tão grande quanto o nosso".

E há também em Paris o amor inteligente. A paixão sofisticada e intelectual de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir. Um amor que tem uma geografia precisa: o Café de Flore. É preciso ir até lá tomar um café com creme de manhã na calçada e se deixar embalar pelos vapores da literatura francesa.

Há também outras histórias mais picantes. Penso agora na loucura amorosa de "Último Tango em Paris" (1972), de Bertolucci. Há uma cena em que Brando perambula sob um elevado antes de se deixar levar por uma apneia erótica.

Se Paris suscita o romantismo, encontramos ali também o gosto da sexualidade. Por trás do amor há sempre o sulfuroso. É talvez o maior charme de Paris. Uma cidade com uma grande liberdade erótica. Podemos ir a Pigalle talvez, mas há outros lugares secretos que é preciso descobrir ao acaso de se perder.

E se por acaso preferimos o esporte ao amor, então pode-se vir até aqui ver um jogo do Paris Saint-Germain... O time mais brasileiro do mundo!

Tradução Sandra M. Stroparo

DAVID FOENKINOS, 39, é autor do best-seller francês "A Delicadeza" e dirigiu o filme "A Delicadeza do Amor", baseado em seu livro.

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