Serafina
Leonardo DiCaprio constrói narrativa 'sofredora' de olho em Oscar
"Este é o ano em que Leonardo DiCaprio finalmente vai ganhar o Oscar", diz _________ (preencha com o nome de metade das publicações sobre cinema).
A frase acima não é uma novidade atrelada à performance impressionante, de muito físico e pouca fala, do ator em "O Regresso", mas vem se repetindo a cada vez que DiCaprio faz o papel "mais marcante", "mais ousado" ou "mais desafiador" de sua carreira, como em "O Lobo de Wall Street" (2013), "Diamante de Sangue" (2006) e"O Aviador" (2004).
Foi indicado ao prêmio de melhor ator por esses três filmes e ao de melhor coadjuvante por "Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador"(1993). Não ganhou nenhum.
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Cena de "O Lobo de Wall Street"", do diretor Martin Scorsese, indicado a cinco categorias do Oscar. |
No Facebook, o evento "Leonardo DiCaprio recebendo o Oscar" está agendado para 2025 e tem 1.700 presenças confirmadas. Na internet, memes mostram Leo de mãos abanando enquanto todos os seus coleguinhas recebem a estatueta.
A indicação pelo novo filme chegou e a cerimônia ocorre em 28/2, mas como saber se agora vai? Para Mark Harris, ex-editor-executivo da revista "Entertainment Weekly" e autor do livro "Cenas de Uma Revolução - O Nascimento da Nova Hollywood", um ator vencedor deve construir uma "narrativa do Oscar" para si mesmo.
Alguns dos enredos possíveis são a volta ou ressurreição de um ator desaparecido, a transformação física assustadora, o ator-promessa de que até então ninguém tinha ouvido falar ou o "tá na hora", pra quem já concorreu muitas vezes em vão.
Esta última é a narrativa que vem se construindo para Leo, mas Harris acha difícil que ela se sustente sozinha. "Costuma funcionar para artistas mais velhos, que não foram reconhecidos. Leonardo é um jovem e rico mega-astro. Ninguém deve nada a ele. Na Academia, ninguém vai achá-lo um injustiçado."
As chances de Leo aumentam pelo fato de que a concorrência, embora tenha ótimos atores, não traz performances inesquecíveis: Matt Damon por "Perdido em Marte", Eddie Redmayne por "A Garota Dinamarquesa", Michael Fassbender por "Steve Jobs" e Bryan Cranston por "Trumbo".
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Cena de "O Regresso", do diretor mexicano Alejandro González Iñárritu |
Outra estratégia que pode funcionar é a narrativa do sofrimento, do "esse é o papel mais difícil que eu já fiz". É o que DiCaprio apresenta nas entrevistas sobre "O Regresso", contando que comeu bisão cru e entrou na carcaça de um cavalo.
Nada disso adianta, é claro, se a performance não for memorável e se o público não se encantar pelo longa.
"O Regresso" impressiona pela perfeição estética e por uma brutalidade realista, que pode chocar parte dos espectadores. Nas apresentações para convidados e imprensa nos EUA, alguns saíram no meio da sessão.
No fim, o principal argumento para a vitória de Leo é o tanto que o coitado ralou, como escreveu uma jornalista do "The New York Times". "DiCaprio sofre como Cristo na tela por mais de duas horas, provando ser tão masoquista que seria quase sádico da Academia rejeitá-lo de novo."
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