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Maioria dos brasileiros ainda tem dificuldade de vender seu 'peixe'

Eduardo Anizelli/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 13-07-2016, 16h30: Retrato do presidente do Grupo Impacta, Celio Antunes, que acredita tanto no marketing pessoal que escreveu livros sobre o assunto. O Carreiras dessa semana vai tratar de marketing pessoal. Celio usa muito essas tecnicas e acha que isso ajudou a chegar onde esta hoje. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, FSP-SUP-CARREIRAS) ***EXCLUSIVO***
O presidente do Grupo Impacta, Celio Antunes, vê relação direta entre o marketing pessoal e a criação de uma boa rede de contatos

A minoria dos brasileiros -38%- diz se sentir confiante para falar de suas conquistas pessoais, de acordo com a pesquisa global "At Work", do LinkedIn, que no Brasil conversou com 1.014 profissionais, em maio deste ano.

O número reflete o sentido negativo que recebe por aqui o marketing pessoal, entendido como a habilidade de vender a própria imagem profissional como um produto.

"Profissionais interpretam o ato de se vender como o de mostrar roupas e objetos caros e se vangloriar. Esse foco no 'ter' é que dá a impressão de falsidade da qual muitos fogem", diz Sulivan França, presidente da Sociedade Latino-americana de Coaching.

Para ele, o certo é se vender sim, como um produto, mostrando o que tem a oferecer de melhor, mas sem esconder pontos fracos, e buscando honestidade na comunicação, para não causar decepção futura. "Se você não conhece suas boas qualidades e não sabe vendê-las é como se você não as tivesse."

O profissional brasileiro tem o conceito deturpado de networking, na visão desse consultor. "Em redes sociais, as pessoas só entram em contato com seus pares quando estão desempregadas, isso soa feio, interesseiro."

Networking foi a estratégia de Celio Antunes, 53, presidente do Grupo Impacta. Ele credita o fato de ter se tornado sócio de uma empresa nos anos 90 às amizades feitas 30 anos atrás, quando buscou uma associação de jovens empresários para participar de eventos. "Marketing pessoal está ligado a networking. É importante deixar boa impressão e ser bem visto."

Teste: Você sabe se vender?

A pesquisa mostrou ainda que brasileiros têm interesse em divulgar suas conquistas, mas preferem que isso seja feito por outros, como colegas, diz Milton Beck, diretor do LinkedIn. "A percepção é de que, se a pessoa se vangloria muito, pode ser 'secada'."

Só recentemente o brasileiro passou a buscar mecanismos que iluminem suas competências para atrair a atenção de gestores. "A cultura americana estimula mais a autoestima, enquanto aqui temos uma educação que não privilegia isso. Mas está nascendo uma nova consciência, os profissionais têm mais percepção de suas possibilidades", diz o especialista em RH Reinaldo Passadori.

O publicitário Cadu Capella Reis, 26, é um deles. Dono de uma agência, ele diz que se vê como uma marca. "Crio estratégias para me tornar formador de opinião. Sou jovem e, se não construísse esse caminho, os clientes não confiariam em mim." Reis tem fotos feitas por profissionais e produz artigos, palestras, workshops e vídeos dando dicas sobre planejamento de campanhas, tudo divulgado em redes sociais, é claro.

Para criar um plano eficiente de comunicação de si mesmo, é primordial não só entender seus pontos fortes mas também fraquezas, reforça Renata Machado, da Escola de Negócios da PUC-Rio.

"Não é falar de si mesmo o tempo todo e sem filtro, como metralhadora. Se a pessoa só tem sucesso para contar, soa falso. Uma hora, o que ela não faz bem aparece."

Esse é o medo do empresário Roberto Rabello, 36, que prefere fugir de técnicas do tipo. Dono de um negócio com flores, ele entende todo e qualquer marketing pessoal como falso. "Sou contra vender uma imagem que não reflete a realidade. Não acredito que alguém possa se transformar em algo que não é se barganhar no caminho."

Rabello diz que, quando certas pessoas conquistam algo, tiram a máscara. "Você ouve que alguém mudou de personalidade ao subir de cargo: mudou porque não era ele, era marketing pessoal."

Mas, querendo ou não, todo mundo faz autopromoção, diz Lucia Costa, diretora da recrutadora Stato. "Todos construímos uma imagem, mesmo a imagem de alguém discreto e que não fala de si."

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