Publicidade

Por que perguntam seu último salário na entrevista

Leis que proíbem empregadores de perguntar a candidatos sobre sua remuneração anterior antes de fazerem uma proposta salarial estão ganhando ímpeto nos Estados Unidos. O objetivo é reduzir disparidades salariais muitas vezes enfrentadas por mulheres e minorias.

A premissa é simples: julgar o valor do trabalho de um candidato por seu salário anterior pode perpetuar diferenças resultantes da discriminação —ou dificultar o acesso ao mercado.

Mas, na opinião de alguns especialistas, é provável que essas leis sejam ineficazes ou tenham efeito oposto ao pretendido. Por exemplo, empregadores impedidos de fazer essa pergunta podem presumir que uma mulher aceitaria salário menor que um homem, porque o salário médio feminino é mais baixo.

New York Times

"Se um empregador se interessa por essa informação a ponto de pedi-la, com certeza se interessará a ponto de tentar adivinhar o valor em questão", disse Jennifer Doleac, economista da Universidade da Virgínia.

Economistas dizem que proibir perguntas sobre o histórico salarial provavelmente levaria empregadores a adotar a prática conhecida como discriminação estatística -tomar decisões com base em médias por grupo.

Alguns recrutadores podem ainda se sentir confortáveis com a apresentação de ofertas baixas às mulheres, porque presumem que elas dirão algo caso as propostas sejam inferiores aos seus salários. Isso poderia deixá-las em posição pior, porque tendem a relutar mais que homens a barganhar salários, como mostram estudos.

"Se esse requisito for acrescentado, colocando as mulheres em uma posição na qual precisem negociar mais, creio que a disparidade entre os sexos pode aumentar", disse Doleac.

Por outro lado, ao perguntar quanto um candidato ganha e lhe oferecer o mesmo salário ou um pouco mais, o novo empregador pode simplesmente estar buscando assegurar que a proposta seja aceita e que o novo contratado fique satisfeito.

"No Brooklyn, alta porcentagem das empresas têm 50 funcionários ou menos. O presidente é quem faz a oferta de emprego. Francamente, ele ou ela não tem tempo para criar estatísticas comparativas", disse Andrew Hoan, presidente da Câmara de Comércio do Brooklyn.

Nesses casos, o recrutador faz essa pergunta só para acelerar o processo. Proibir questões sobre o histórico salarial poderia, então, ser bom para quem está sendo contratado, de acordo com os proponentes desse tipo de norma.

Segundo Joelle Emerson, presidente-executiva da Paradigm, empresa que assessora empregadores na promoção da diversidade, esse tipo de lei pode ajudar na conscientização. Gestores se questionarão sobre o modo como estavam agindo e deverão pensar em como decidir as remunerações agora.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Publicidade
Publicidade
Publicidade