Além do mercado financeiro, das consultorias e da academia, tradicionais empregadores dos economistas, uma outra área tem absorvido cada vez mais esses profissionais: o trabalho com políticas públicas, especialmente as relacionadas à educação.
"Há um novo interesse na área de avaliação de políticas públicas, ou seja, em montar modelos para analisar situações financeiras e estratégicas e contribuir com o crescimento do país", diz Regina Madalozzo, coordenadora do mestrado em economia do Insper.
Alexandre Saes, coordenador do curso de economia na USP, tem a mesma avaliação.
"Nos últimos anos, qualquer agenda de governo está vinculada ao debate econômico. Isso põe em evidência o papel do economista não só no mercado, mas também nas políticas públicas", diz.
A trajetória do economista Caio Callegari, 26, mostra bem o crescimento do interesse desses profissionais na área.
Quando ele começou a pesquisar sobre educação, ainda durante sua graduação, na USP, não sabia de nenhum colega que estudasse o tema. "Até orientador foi difícil de encontrar", relembra.
Pouco depois, em 2015, ele fundou, com alguns colegas, um grupo de estudos para economistas interessados em educação. Hoje, o Econoeduc tem quase 900 membros.
"Fico orgulhoso de ter muitos colegas atuando em educação. Isso se deve a um aumento de interesse na área e também a um esforço nosso, porque geramos uma rede de apoio", diz ele, que afirma já ter entrado na faculdade pensando em trabalhar com políticas públicas.
Callegari é hoje coordenador de projetos no Todos pela Educação, movimento que visa impulsionar e melhorar a educação brasileira, especialmente a básica.
Seu trabalho consiste em usar ferramentas aprendidas na faculdade de economia para formular e analisar políticas educacionais, principalmente as relacionadas ao financiamento da educação pública, sua especialidade.
Para complementar a formação e seguir na área, ele faz mestrado em administração pública e governo na FGV.
Fernanda Patriota, 31, conta que sempre teve o desejo de usar a bagagem adquirida na graduação em economia na USP e na pós na mesma área na FGV para gerar impacto social. Além disso, lhe agrada a chance de, no terceiro setor, conseguir pôr a "mão na massa".
"Eu fiquei um tempo em consultoria econômica. É maravilhoso para aprender o ferramental e aplicar teoria, mas, na prática, você não implementa, e sim recomenda para que alguém implemente", diz.
Fernanda é coordenadora de projetos na Fundação Lemann, instituto que também tem foco na melhora da educação no país.
Colega de Callegari no Todos pela Educação e também economista, Gabriel Corrêa, 29, relembra que quando se formou na USP, em 2011, "só se falava em banco ou empresa" como possíveis empregadores.
Ele mesmo chegou a trabalhar numa consultoria, apenas para ter certeza de que não queria seguir na área.
"Eu trabalho numa área que pode contribuir com o desenvolvimento do país, e esse é meu propósito", afirma sobre o emprego atual.
Mestre em economia também pela USP, Corrêa é gerente de políticas educacionais no instituto. Ele é responsável por produzir dados e estatísticas para construir propostas na educação.
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ECONOMISTA
O que faz
Coleta e analisa dados para fazer previsões econômicas
Salário
A partir de R$ 6.000 (no mercado financeiro)
Onde estudar
USP, UFRJ, Unicamp, UFMG, Escola de Economia de São Paulo, Insper
Perfil procurado pelas empresas
Profissionais com capacidade analítica e conhecimento de softwares que lidem com dados
Onde há vagas
Mercado financeiro, consultorias, academia e terceiro setor