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carreira executiva

Tecnologias digitais moldam líderes mais ágeis e flexíveis

As inovações tecnológicas podem definir ou destruir modelos de negócio. Para acompanhá-las, líderes precisam ter mais agilidade na tomada de decisões, desapegando das hierarquias tradicionais e abraçando o risco.

"Com o advento do digital, é preciso aprender a reagir ao ambiente imediatamente", propõe o britânico Michael Gale, co-autor do livro "The Digital Helix" (a hélice digital, sem edição no Brasil), sobre a adaptação das empresas às novas tecnologias.

A principal estratégia, afirma Gale, é flexibilizar estruturas e cadeias de comando. Gestores devem incentivar a autonomia de seus funcionários, habilitando-os a tomar decisões imediatas, e "não depois de apresentações de slides e relatórios trimestrais".

Luis Vabo Jr., 32, diretor da Stone Pagamentos, concorda: "Buscamos evitar burocracia. Uma decisão pode ser tomada em 20 minutos, se percebermos que ela está alinhada com a nossa cultura."

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Rodrigo Helcer, 36, é co-fundador da startup Stilingue
Rodrigo Helcer, 36, co-fundador da startup Stilingue, compara a tecnologia a um uniforme de super herói: "Ela me ajuda a tomar decisões", diz

A mudança para uma cadeia de comando mais horizontal pode ser difícil. Investir no desenvolvimento de habilidades interpessoais, como comunicação e empatia, pode ajudar nessa transição.

Chamadas de "soft skills", essas capacidades já apareciam nos perfis de liderança das décadas passadas, mas são ainda mais centrais hoje. Com um ciclo a cada dia mais curto de adesão e descarte da tecnologia, gestores precisam engajar e capacitar continuamente seus funcionários.

Aprender a aprender é outra competência considerada obrigatória para os líderes na era digital. "Assim como as máquinas, pessoas também ficam defasadas", afirma Vabo Jr.

Estratégias para continuar a busca por conhecimento incluem programas de mentoria reversa, em que jovens conectados guiam executivos experientes; cursos de curta duração, que podem oferecer diferentes versões para gerentes e diretores; e até parcerias com startups, fornecedores e concorrentes.

Em todos os casos, a palavra de ordem é cooperação, afirma Hugo Tadeu, professor de inovação e empreendedorismo na Fundação Dom Cabral.

"Os executivos precisam entender que, nesse cenário de inovação, não há conhecimento estabelecido. É preciso buscá-lo em diferentes lugares."

Nos setores diretamente ligados a tecnologia, essa procura é ainda mais crítica. André Miceli, coordenador do MBA de marketing digital da FGV (Fundação Getulio Vargas), ressalta que líderes não precisam saber detalhes técnicos, mas devem entender o básico de novas linguagens.

É o caso dos grandes conjuntos de dados aos quais as empresas hoje têm acesso, chamados de big data. Se ordenados e analisados com as ferramentas certas, podem revelar padrões valiosos.

Em muitas empresas, porém, eles acabam subutilizados, seja por estarem em formatos que não podem ser organizados em planilhas, seja por localizarem-se em sistemas independentes.

É dever do líder, portanto, estruturar dados e integrar sistemas. "A tecnologia me ajuda a tomar decisões", resume Rodrigo Helcer, 36, co-fundador da startup Stilingue, que aplica inteligência artificial às áreas de atendimento ao cliente e marketing digital.

Ao mesmo tempo, é preciso tomar cuidado com o fetiche por tecnologia.

"Alguns executivos olham para blockchain, inteligência artificial e machine learning como se fossem magia negra", descreve José Luiz Kugler, coordenador do MBA em business analytics e big data da FGV. É preciso verificar o que é realmente útil.

Michael Gale recomenda que os gestores analisem as próprias empresas e se perguntem no que são de fato boas, em vez de simplesmente comprarem tecnologia e torcerem para que ela os torne mais eficientes.

"As organizações que realizam esse tipo de introspecção têm muito mais chances de sucesso."

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