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Faça o teste para saber como anda sua autoestima profissional

No trabalho, sentir-se inseguro de vez em quando é normal. O problema está quando a baixa autoestima afeta o desempenho do profissional e o torna refém da aprovação alheia.

"Autoestima se define, em linhas gerais, como a condição do indivíduo ter uma percepção adequada em relação a si mesmo, nos padrões de erros e acertos", afirma a psicóloga Myrt Cruz, professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica).

"É reconhecer meus pontos fortes e fracos e lidar bem com eles, o que me dá um sentimento de autoconfiança, de que eu tenho os recursos de que preciso para lidar com os desafios", complementa Renata Aranega, cofundadora da Cicclos, consultoria em desenvolvimento humano e organizacional.

Isso significa, então, que ter boa autoestima não é o mesmo que se achar o máximo. "Se a pessoa supervaloriza os pontos fortes e minimiza os fracos, ela está em uma distorção de percepção. Isso gera afastamento e até risco para o profissional, que pode assumir desafios que não consegue encarar", afirma ela.

Dá para ter uma autoestima elevada em um campo da vida e não em outro, mas isso não é o mais usual, segundo Myrt. "Normalmente, é algo que se estende para outras dimensões."

De acordo com a psicóloga, quando a pessoa não se valoriza, a insegurança corrói a sua capacidade de tomar decisões, o que pode ter reflexos em diferentes áreas da vida.

Ninguém, no entanto, consegue manter uma autopercepção adequada o tempo todo. "É normal haver oscilações. Sempre podem surgir percalços que vão colocar uma pulga atrás da orelha."

Ricardo Borges/Folhapress
A profissional de recursos humanos FernandaFernandes no centro do Rio

A confiança da carioca Fernanda Fernandes, 35, ficou abalada depois de uma demissão no início de 2016, quando a companhia em que trabalhou por cinco anos passou por dificuldades financeiras.

"Mesmo quando você é desligada em uma reestruturação da empresa, fica se questionando sobre o seu potencial", diz a profissional de recursos humanos.

Na busca por um novo emprego, ela já chegava pessimista às entrevistas. "Como eu não me valorizava, não conseguia convencer. Nem me perguntavam e eu já estava falando dos meus pontos fracos."

Após dois meses ouvindo "não" dos recrutadores, Fernanda quis compreender o que estava errado. Começou um processo de coaching, que foi o pontapé inicial para que ela recuperasse a autoestima.

Fez uma lista de seus projetos bem-sucedidos e de suas características pessoais que tinham relação com eles. Avaliando seu desempenho em cada entrevista, aos poucos, foi mudando de atitude.

Passou, então, a prestar serviços a uma consultoria de RH e, depois de um ano, foi contratada por uma empresa do mercado financeiro.

"Quando consegui me entender, tive propriedade da profissional que eu sou e comecei a ser mais assertiva nos processos seletivos", diz.

Ao viver um momento delicado na carreira, é difícil que a pessoa consiga olhar para si mesma com objetividade. "Ela dá uma ênfase maior aos pontos fracos e deixa os fortes de lado. Começa a se questionar: 'será que eu sou uma fraude?, afirma Renata.

A especialista recomenda três exercícios para fazer quando isso acontece —eles ajudam o profissional a se reconectar com os seus talentos e a ter uma autopercepção mais próxima da realidade.

O primeiro é fazer uma enquete com ao menos 12 pessoas —colegas de trabalho, gestores, amigos e familiares. Eles devem dizer: três palavras que caracterizam o indivíduo, cinco pontos fortes e dois que precisam ser desenvolvidos.

Depois, é preciso refletir com calma se as respostas fazem ou não sentido —principalmente as que se repetem com frequência. "Mas é preciso estar aberto para ouvir de verdade", diz Renata.

O segundo exercício é o mesmo praticado por Fernanda: escrever um inventário de todos os feitos profissionais, ainda que pequenos, e quais habilidades envolveram.

E o terceiro é pensar em quais situações fazem a pessoa entrar em "flow", estado em que ela fica tão envolvida com uma atividade que não vê a hora passar. Isso ajuda a entender o que ela faz de melhor.

Para quem vai enfrentar uma entrevista de emprego e ainda está com a autoestima abalada, é importante prestar atenção para que a linguagem corporal não transmita a insegurança. Deve-se manter uma postura ereta, um tom de voz firme e um contato olho no olho com o entrevistador.

Falar a verdade sobre a demissão é sempre a melhor opção, mas não é preciso focar nos aspectos negativos que a levaram a acontecer, segundo Maria Eduarda Silveira, gerente de recrutamento da consultoria de RH Robert Half.

"Em vez de ficar se lamentando, o candidato deve mostrar o que está aprendendo com essa situação e o que está fazendo para mudá-la: se está inscrito em algum curso ou ajudando alguém da família. Tem de se mostrar ativo e interessado independentemente do que tenha vivido."

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Teste sua autopercepção

Desenvolvido pela consultora de RH Renata Aranega, o quiz não oferece resultados exatos, mas contribui para o autoconhecimento

Dê uma nota de zero (nem um pouco) a dez (totalmente). O quanto você:

1. Conhece seus pontos fortes?

2. Sabe quais são seus pontos fracos?

3. Sente-se autoconfiante para enfrentar os seus desafios do dia a dia?

4. É capaz de se reconhecer, sem necessidade de se comparar aos outros?

5. Consegue receber um feedback negativo e encará-lo como oportunidade de crescimento e desenvolvimento?

6. Sente-se capaz de dizer não, mesmo sabendo que não agradará a todos?

7. Recupera-se com agilidade diante de possíveis fracassos, mantendo o foco nas lições aprendidas?

8. Consegue conduzir sua vida e tomar suas próprias decisões sem dar demasiada importância aos julgamentos dos outros?

9. Diante de um feedback, tem condições de escutar o que o outro tem a dizer sem a necessidade de ficar se justificando?

10. Gosta de si mesmo e está satisfeito com a pessoa e profissional que é?

RESULTADO
Some os pontos e divida-os por 10

Menor que 5
Refaça o teste para saber se não está sendo crítico demais consigo. Se o resultado se repetir, é indicativo de possíveis problemas com autoestima

Entre 5 e 7
É possível que você não esteja completamente consciente de suas forças e fraquezas, necessitando de aprovação de outras pessoas e com dificuldade em ser autoconfiante diante dos desafios

Entre 7 e 8
Indica que sua autoestima é boa e você conhece bem seus pontos fortes e fracos

Entre 8 e 9,5
É sinal de excelente autoestima. Você sabe como explorar seus recursos próprios e gerenciar suas fraquezas, entendendo que ninguém é perfeito

Entre 9,5 e 10
Questione se foi verdadeiro consigo mesmo na análise. Resultados extremos sempre pedem atenção e autorreflexão

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