Comunicação vira a habilidade mais valorizada por empregadores

Levantamento do LinkedIn mostra que competências comportamentais ganham importância na quarentena

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São Paulo

Durante a quarentena, novas competências entraram para a lista de pré-requisitos que recrutadores buscam em um profissional —e elas vão muito além do diploma e do pacote Office.

Um levantamento global do LinkedIn lançado na última segunda (17) mostra que as chamadas “soft skills”, ou competências comportamentais, são maioria entre as dez habilidades mais valorizadas por empregadores.

A mais citada foi comunicação. A lista ainda inclui capacidade de liderança, de aprendizado online e de resolução de problemas. O estudo analisou as exigências de cerca de 12 milhões de vagas disponíveis na plataforma em julho.

“A pandemia tornou essas habilidades humanas tão necessárias que, mesmo quem não estava aberto a elas antes, agora terá que desenvolvê-las”, explica Vanessa Cepellos, professora de gestão de pessoas da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Para o diretor-geral do LinkedIn para a América Latina, Milton Beck, as “soft skills” também ganham importância por causa das mudanças tecnológicas: “São competências mais difíceis de serem reproduzidas por uma máquina.”


AS HABILIDADES MAIS VALORIZADAS

  1. Comunicação
  2. Gestão de negócios
  3. Resolução de problemas
  4. Ciência de Dados
  5. Gestão de tecnologias de armazenamento de dados
  6. Suporte técnico
  7. Liderança
  8. Gerenciamento de Projetos
  9. Aprendizado online
  10. Aprendizagem e desenvolvimento de funcionários

Fonte: LinkedIn



Outro levantamento feito pela plataforma mostra que, no Brasil, 9 das 10 vagas mais anunciadas no site em julho são ligadas ao mundo digital, entre elas engenheiro de software e arquiteto de software.

Para Beck, o trabalho remoto fez com que a comunicação fosse mais valorizada pelos gestores. “As pessoas estão com os nervos à flor da pele. Ter canais de comunicação abertos ajuda a tirar preocupações”, afirma.

O distanciamento social ainda evidenciou a importância da aprendizagem online, que pela primeira vez entrou no ranking de características mais buscadas pelas empresas. “Tem a ver com a cultura de aprendizado contínuo. Não se pode relegar para o segundo plano”, diz ele.


Segundo o diretor-geral do LinkedIn, a capacidade de fazer um negócio funcionar e de resolver problemas também ganha peso em momentos de incerteza como os de agora.

“Aprender a lidar com pessoas e a gerenciar projetos, ser objetivo, contornar adversidades, ter resiliência. É o conjunto de habilidades que culmina em uma pessoa capaz de resolver problemas”, diz Beck.

Outra característica já valorizada antes da pandemia, e que ganhou mais evidência, é a capacidade de liderar, que não deve se restringir às figuras de chefia nas empresas.

“Um funcionário tem que liderar projetos, liderar clientes”, diz. “Uma pessoa pode exercer liderança sem ter ninguém abaixo dela”, completa.

A necessidade de exercitar essas competências chegou às companhias. Com a pandemia, a diretora de RH da construtora Tenda, Cristina Caresia, idealizou uma série de oficinas voluntárias focadas no desenvolvimento humano.

“O momento exigia competências comportamentais, habilidade para lidar com adversidade, capacidade de colaboração, empatia, e percebemos uma falta de traquejo”, afirma Caresia. “A pandemia funciona hoje como uma escola de ‘soft skills’”, afirma.

Para ela, que atua há mais de 20 anos em recursos humanos, os treinamentos comportamentais não são novidade. Mas a demanda ainda não chegou ao ensino formal.

“São habilidades que mesmo os jovens não aprenderam na escola, faculdade ou MBA. Hoje, é papel da empresa desenvolver”, afirma.

Roberto Aparecido Del´Fiol, 38 anos, funcionário da construtora Tenda, fez uma série de seminários e oficinas para desenvolver soft skills na pandemia - Danilo Verpa - 19.ago.20/Folhapress

Roberto Aparecido Del’Fiol, 38, administrador de empresas e coordenador de crédito na Tenda, participou das 11 oficinas oferecidas pela companhia. Para ele, as aulas o ajudaram a controlar a ansiedade que veio com a quarentena.

As oficinas acontecem a partir de vídeos e materiais de leitura disponibilizados online e de um seminário por videoconferência. “Talvez antes da pandemia não tivéssemos tanta abertura para trocar ideias”, afirma Roberto.

Ele destaca as atividades que abordaram protagonismo, controle de emoções e mudança de hábitos. “São temas importantes tanto profissionalmente quanto para a vida”, diz Roberto, que chegou a compartilhar os materiais com familiares e amigos.

Caresia também considera os resultados positivos. Ela conta que muitos profissionais informaram sobre o desejo de procurar terapias e coachings. “O que a gente faz é um estímulo, um pontapé.”

As oficinas da Tenda foram disponibilizadas no perfil da construtora no LinkedIn. A rede social tem sua plataforma de ensino, a LinkedIn Learning. “Além dos cursos online, mentores e colegas podem ajudar com conversas”, afirma Beck.


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Fonte: LinkedIn

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