Descrição de chapéu mercado de trabalho

Autoconhecimento ajuda jovem aprendiz a optar por área em que deseja se desenvolver

Interação social, iniciativa e comprometimento são bases para experiência proveitosa

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Thaís Magalhães Manhães
São Paulo

Voltado principalmente para a geração de renda, o programa Jovem Aprendiz também deve ser encarado por estudantes como uma oportunidade de autoconhecimento que pode ajudar a nortear o resto de suas carreiras.

Habilidades pessoais e aptidão em alguma matéria na escola, por exemplo, indicam possíveis áreas de atuação. Com base nisso, é preciso pesquisar e filtrar empresas que se encaixem no perfil.

Conhecer as próprias habilidades ajuda o jovem aprendiz a escolher a área do programa - Drobot Dean/Adobe Stock

"É importante entrar no site da empresa para entender o estilo de trabalho e do setor, ver se é uma área que interessa o estudante, se oferece planos de carreira e analisar se ela está alinhada aos valores pessoais e profissionais do jovem", afirma Adriana Cubas, consultora de educação corporativa.

Gabriel da Rocha, 19, encontrou, por buscas no LinkedIn, a empresa que considerava ideal. Ele já havia feito cursos na área administrativa e se candidatou a aprendiz administrativo em logística na Credz, administradora de cartões de São Paulo.

"Por ser uma empresa nova, pensei na oportunidade de crescimento lá dentro e então a coloquei como prioridade. Eu pesquisei sobre a visão, a missão e os valores da empresa", afirma.

Os jovens atendidos pelo programa Jovem Aprendiz do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) são em grande maioria mais necessitados e possuem alto nível de vulnerabilidade social, diz Elaine Bancala, porta-voz do CIEE.

Gabriel, que ajuda nas contas de casa, também estuda análise e desenvolvimento de sistemas. Ele diz que aproveitou a entrevista de seleção para mostrar interesse pela área de tecnologia da informação. A partir disso, a companhia, então, direcionou as atividades do aprendiz.

Aprovar novos usuários nas plataformas internas de treinamento e integrar novas lojas ao sistema da empresa são algumas das funções de Gabriel. A 30 dias do fim de seu contrato de 11 meses, ele espera ser efetivado.

Trocar experiências com outros aprendizes e saber que as empresas abrem espaço para que os jovens exponham suas ideias enriquecem a aprendizagem, diz Bancala.

A consultora Adriana Cubas acrescenta que os jovens precisam, principalmente, ter interesse em aprender. Além disso, ter boa interação social, iniciativa e comprometimento são bases para uma experiência proveitosa, ainda que não seja em uma área próxima ao perfil do estudante.

Ter o primeiro emprego e ajudar a família foram os motivos para Kaylane Tiphany Pedrosa, 19, buscar uma vaga de aprendiz administrativa, porém, o seu sonho é ser médica veterinária. Ela tinha pressa para encontrar um emprego, por isso não pesquisou um programa próximo aos seus interesses.

Kaylane tenta aproveitar as atividades na Máster Fórmula Farmácia, em São Paulo, para acumular conhecimentos que podem ser usados no seu futuro profissional.

"Eu ajudo os balconistas, que são farmacêuticos. Eles me contam o que cada remédio faz, e eu acabo aprendendo também sobre as dosagens. Por ajudar os clientes, também entendo melhor diferentes pontos de vista", diz.

Na hora de montar um currículo para se candidatar a vagas, conta todo o tipo de experiência. Cubas diz que os jovens costumam associar experiência e competência apenas a trabalhos formais, mas há outros caminhos.

"Trabalhos voluntários no bairro, na escola, na igreja e em ONGs, ou saber uma língua estrangeira já demonstram experiência profissional", diz a consultora. Ela cita ainda atividades esportivas, que estimulam disciplina e trabalho em equipe.

Após analisar a lista de habilidade e potenciais empregadores, segue Cubas, é preciso se perguntar: "De tudo isso que eu sei fazer, o que pode ser importante para a vaga?".

Danielle Paixão, 23, é analista de recursos humanos e atua na contratação de jovens aprendizes, mas já esteve do outro lado. Ela foi aprendiz na mesma área em 2018.

Como Kaylane, ela queria um primeiro emprego e chegou na área por acaso, mas acabou se identificando. "Digo que foi amor à primeira vista."

Uma vez contratado, diz Danielle, o aprendiz precisa ir além da capacitação e se aprimorar com cursos.

Ela indica os sites da​ FGV e da Fundação Bradesco, por exemplo, que oferecem programas online gratuitos.

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